Resumo: O IAG recuou em sua variação diária, entretanto, sua MM7D seguiu em alta devido aos resultados positivos dos últimos dias. Com este resultado, o índice se encontra 13,6 p.p. acima do nível pré-Covid (100) e teve alta de 4,7 p.p. em relação ao número observado há 7 dias e 0,9 p.p. se comparado a 30 dias. Os indicadores que compõem o IAG tiveram resultados mistos. Por um lado, a mobilidade urbana (transporte público) e o número de voos domésticos contribuíram positivamente para o cálculo do índice. Com o avanço dos últimos dias, este se encontra no patamar mais elevado desde o início da pandemia. Em contrapartida, os demais indicadores recuaram.
Pandemia e Vacinação
Na última semana, o total de doses aplicadas alcançou o patamar de 301,1 milhões, ante 299,8 milhões em nossa leitura anterior, de modo que o percentual da população vacinada com pelo menos dose alcançou o patamar de 76,4% da população total brasileira, um aumento de 0,2 p.p. Por sua vez, a média móvel (MM7D) de doses aplicadas apresentou leve avanço ao passar de 158,9 mil para 187,2 mil. O baixo patamar no número de doses resulta do efeito calendário das festas de fim de ano, portanto, acreditamos que nas próximas semanas este número deverá se elevar, principalmente, pelo avanço da aplicação das doses de reforço, que se mostram fundamentais para combater a Ômicron. Ademais, o percentual da população com vacinação completa alcançou o patamar de 68,2% da população, um aumento de 0,5 p.p. em relação à semana anterior.
No que diz respeito ao avanço da pandemia no Brasil, na última semana observamos uma significativa piora do quadro da pandemia no Brasil com a piora nas médias móveis de novos casos e óbitos. O primeiro teve alta de mais de 400% em 7 dias ao sair de 7474 para 29986, o maior valor desde set/20. Entretanto, seguindo a tendência observada nos demais países que enfrentam um surto causado pela variante Ômicron, a média móvel de óbitos avançou de maneira mais moderada ao passar de 91 para 120. O Estado de São Paulo também apresentou uma significativa piora dos indicadores, visto que tanto a MM7D de novas internações (saiu de 556 para 784) quanto a de internados em leito de UTI (saiu de 1091 para 1519) avançaram em relação à nossa leitura da semana anterior. Acreditamos que este recrudescimento da pandemia reflete tanto o avanço da variante Ômicron, que foi catalisado pela redução das medidas restritivas durante as comemorações, quanto a divulgação de dados represados por conta do efeito calendário de fim de ano.
Ademais, o mundo registrou mais de 2,5 milhões de novos casos de Covid em um único dia na última semana, fato que evidência a rápida velocidade de propagação desta nova cepa, entretanto, o número de mortes segue em trajetória de queda. Embora esta dê sinais de ser menos patogênica que as variantes anteriores, a sua forte disseminação aumenta o risco de sobrecarregamento dos sistemas de saúde devido ao elevado volume de novos casos. Nos Estados Unidos, os dados seguem apontando para piora do quadro pandêmico, com novos recordes de casos registrados que saltou de 394 mil para 709 mil. Já a média móvel de óbitos passou de 1326 para 1615.
Portanto, nossa avaliação é que, o recrudescimento da pandemia no Brasil por conta da nova variante acende um alerta por conta do ainda inicial processo de vacinação com doses de reforço, que segundo estudos se mostra fundamental para mitigar os efeitos dessa cepa. Portanto, acreditamos que em face ao forte aumento do número de casos o risco de sobrecarregamento do sistema de saúde não pode ser descartado, tampouco a adoção de novas medidas restritivas como forma de conter este avanço.
Agenda Semanal
Frequência Mensal – Indústria
Indústria: Na última semana foram divulgados os dados de produção de veículos da Anfavea e PMI industrial referentes ao mês de dezembro. Nesse sentido, a produção automotiva avançou 14,9% m/m, alcançando o segundo melhor resultado no ano e dando sequência a quatro meses consecutivos de expansão do setor. O destaque vai para a produção de veículos leves que apresentou forte avanço de 15,8% m/m. Dessa forma, o ano se encerra com recuperação da produção de automóveis, entretanto, o cenário para indústria segue desafiador. A escassez de semicondutores, problemas logísticos e elevação dos custos de produção seguem obstruindo a performance do segmento. Além disso, o ciclo de alta de juros também traz um viés negativo, visto que encarece o financiamento de novos veículos. Estes problemas que afetaram a produção em 2021 devem continuar impactando a produção ao longo de 2022. O PMI industrial repetiu o resultado do mês de novembro e ficou 0,2 pontos abaixo do nível neutro (50) o que indica recuo do setor no mês. Em dezembro, as empresas relataram os mesmos problemas dos últimos meses: elevada inflação, aumento das taxas de juros, dificuldade para obtenção de matéria-prima e uma demanda que não vem se materializando. Por fim, tivemos a divulgação da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) que apontou para um recuo de 0,2% m/m em novembro, pior que o projetado pelo mercado, que aguardava avanço de 0,2% m/m. O destaque vai para o recuo na indústria de bens de capital (-3,0%). Além disso, a indústria de bens de consumo duráveis que avançou 0,1%. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a indústria recuou 4,4%. Diferentemente dos meses anteriores, a produção industrial no mês é marcada por uma maior concentração dos resultados negativos. Houve recuo de apenas uma das cinco grandes categorias econômicas e de 12 das 26 atividades investigadas (no mês anterior houve recuo em 19 atividades). Os maiores impactos negativos vieram da indústria de produtos de borracha e material plástico (-4,8%) e metalurgia (-3,0%). Este teve seu desempenho impactado por conta da queda no preço do minério de ferro e da piora da perspectiva econômica tanto na esfera doméstica quanto externa.
Setor de Serviços
Serviços: Na última semana foram divulgados os dados do PMI de serviços referentes ao mês de dezembro. O resultado repetiu o número observado em novembro ao ficar 3,6 pontos acima do nível neutro (50), apontando expansão do setor no mês. Segundo participantes da pesquisa, a expansão no mês se deu por conta do aumento das atividades presenciais e da liberação de demanda reprimida decorrentes da flexibilização das restrições relacionadas à pandemia. Nesta semana teremos a divulgação da Pesquisa Mensal de Serviços do mês de novembro, nesse sentido, diante do arrefecimento da pandemia no mês e de maiores flexibilizações, acreditamos que, o segmento de serviços prestados às famílias deverá apresentar expansão. Dessa forma, nossa projeção aponta para uma expansão do setor em 0,2% m/m e 7,2% a/a, após 2 meses seguidos de quedas.
Setor de Varejo
Varejo: Na última semana foram divulgados os dados de Consultas à Inadimplência do Serasa que recuaram pelo segundo mês consecutivo na comparação mensal (-4% m/m). No interanual, o recuo foi mais pronunciado (-13,3% a/a), o quarto resultado negativo consecutivo. Nesta semana teremos a divulgação dos dados da Pesquisa Mensal do Comércio para o mês de novembro. Diante da manutenção da perspectiva negativa para o setor por conta dos problemas tanto do lado da oferta (baixos estoques e elevação dos custos) quanto demanda (encarecimento do crédito, elevada inflação e transição da troca do consumo de bens para serviços) acreditamos que o varejo avançará 0,3% m/m no conceito restrito e recuará -0,4% m/m no conceito ampliado.
Demais Indicadores
Demais Indicadores: Não houve divulgações na última semana.
Mercado de Trabalho
Mercado de Trabalho: Não houve divulgações na última semana.
Sobre o IAG
O Índice de Atividade da Genial (IAG) é um indicador de frequência diária que tem como objetivo monitorar o ritmo de recuperação da atividade econômica brasileira.
Esse índice diário não se propõe a ser uma proxy do PIB, ou seja, não substitui o modelo de projeção de PIB da Genial (o qual inclui muitas outras variáveis econômicas de frequência mensal). Dessa forma, um indicador não substitui o outro, são duas formas complementares de acompanhar a retomada do nível de atividade. O IAG tem frequência diária e se propõe a acompanhar a evolução da velocidade da retomada da atividade no dia a dia, enquanto a nossa projeção de PIB dá uma ideia do cenário como um todo, e é calibrado para gerar estimativas para os trimestres à frente.
O IAG tem alta correlação com índices mensais de atividade e possui alto poder preditivo sobre as variações mensais do IBC-BR (indicador mensal de atividade divulgado pelo Bacen).
O IAG é construído por uma média ponderada dos seguintes dados de frequência diária: consumo de energia elétrica, indicadores de mobilidade urbana da Apple, emissão de notas fiscais eletrônicas no estado do Rio Grande do Sul e número de voos diários no Brasil.[1]
O índice é construído de forma que toma o valor de 100 para o nível de atividade médio antes do surto de COVID-19 (entre 1º de janeiro e 15 de março). Dessa forma, o IAG representa o nível de atividade corrente em relação ao período pré-surto.
[1] Os valores defasados do IAG podem mudar em decorrência de alterações na divulgação de dados da Apple, ONS, Fenabrave ou Air Radar. É natural que haja revisão de dados das fontes citadas, por isso o IAG defasado pode ter alterações. Também pode haver alterações devido a divergências no horário de divulgação dessas diferentes fontes. Contudo as alterações tendem a ser pequenas, de forma que não influenciam a tendência 10-15 dias do índice.