Resumo: O IAG avançou tanto na sua variação diária, quanto na sua MM7D. Com este resultado o indicador se encontra 9,3 p.p. acima do nível pré-pandemia e apresenta avanço de 2,1 p.p. em relação ao número observado há 30 dias. Todos os indicadores que compõem o IAG contribuíram positivamente para a composição do índice. Em especial, a emissão de notas fiscais apresenta segue em uma forte trajetória de recuperação desde meados de janeiro em que chegou a ficar 11 p.p. abaixo do nível pré-covid, devido ao avanço da variante ômicron. Por conta dos sucessivos resultados positivos, o índice se encontra 0,9 p.p. abaixo do nível observado antes da crise sanitária e 10 p.p. abaixo do pico alcançado em dez/21.
Genial nas Eleições
Na última semana tivemos a divulgação dos resultados mensais da pesquisa eleitoral Genial-Quaest referentes ao mês de fevereiro. Nesse sentido, a pesquisa segue apontando para estabilidade na avaliação do atual governo. Em suma, do total de respondentes, 51% (+1 p.p.) avaliaram negativamente a atual presidência, as avaliações regular e positivo ficaram estáveis em 25% e 22%, respectivamente. Esse fato reflete a ausência de mudanças significativas no governo no início de 2022. O atual presidente segue com a pior avaliação entre os últimos presidentes em seu último ano de governo, com uma simetria de avaliações, em geral, mais negativa e com maior rejeição entre o sexo feminino. Por região, a avaliação negativa segue avançando no Nordeste (61%), sendo a região com o pior nível de aprovação do atual governo. Por outro lado, a região Centro-Oeste, a melhor região que mais se beneficiou com a alta dos preços das commodities agrícolas, possui o maior nível de aprovação do atual governo (26%). Vale destacar que a região Sul possui a segunda maior rejeição ao atual presidente e é a localidade onde o ex-ministro Sérgio Moro apresenta seu melhor desempenho.
Em relação às expectativas dos agentes, 53% dos respondentes apontam que o atual governo é “pior do que esperava”, superando os 45% que avaliaram o governo de maneira neutra, ou melhor do que esperava. Este fato reflete o baixo nível de aprovação do governo em diversas pautas analisadas. Em particular, o combate à inflação e à pandemia seguem com os piores índices de aprovação do governo (18% e 32%, respectivamente). Ademais, o combate à corrupção e à criminalidade, duas das principais pautas do atual governo, possuem apenas 36% e 35% de taxa de aprovação, respectivamente.
No que diz respeito à intenção de votos espontânea para presidente, o destaque vai para a redução, pelo segundo mês consecutivo, no número de indecisos que atingiu o patamar de 48% dos entrevistados (-4 p.p.). O atual presidente ficou estável em relação à pesquisa anterior com 16% das intenções espontâneas. Por outro lado, o ex-presidente Lula apresentou uma leve alta de 1 p.p. quando comparado ao mês passado ficando com 28% das intenções de voto. Por fim, 8% dos votos espontâneos não sabem ou votam nos demais candidatos. Nesse contexto, observamos uma leve melhora no número de votos em outros candidatos que retorna ao patamar de dez/21 de 4%, entretanto, segue muito aquém dos dois principais candidatos da disputa presidencial.
Na mesma direção, a intenção de votos para presidente estimulada no primeiro turno aponta para uma ampla vantagem do ex-presidente Lula em todos os cenários (média de 46%), ganhando entre os eleitores que pensam principalmente em questões sociais, economia e saúde, pendendo apenas para aqueles que se preocupam mais com a corrupção. Vale destacar que o ex-presidente possui forte vantagem entre os eleitores que possuem renda familiar de até dois salários-mínimos e da região Nordeste. Já Bolsonaro, aparece em segundo lugar com média entre os cenários de 24% das intenções de votos. Sergio Moro aparece em terceiro lugar com 8% dos votos e disputa votos do atual presidente entre aqueles que julgam a corrupção como o principal problema a ser combatido e na região Sul. Por fim, os dados apontam que entre os eleitores já decididos, Lula tem a menor chance de mudança dos seus votos (25%), logo atrás, vemos o atual presidente com 35%. Por outro lado, todos os candidatos de terceira via apresentam um elevado nível de possibilidade de mudança de voto (mais de 60%), indicando que as eleições caminham para um cenário de polarização entre os dois principais candidatos.
Para segundo turno, assim como nas pesquisas anteriores, Lula segue apresentando favoritismo com pelo menos 51% das intenções de votos em todos os cenários. Ademais, vemos um empate técnico entre o desempenho do Bolsonaro e Sergio Moro em disputa direta contra o candidato do PT. Já o candidato do PSDB João Dória possui apenas 16% de votos em um segundo turno contra Lula, ficando significativamente abaixo dos dois principais candidatos de terceira via e muito próximo do recém-lançado candidato André Janones que possui 14% de votos contra Lula. Vale destacar que o governador de São Paulo possui um maior nível de rejeição, visto que 61% dos respondentes o conhecem e não votariam, enquanto isso, para André Janones, 72% dos respondentes o desconhecem e apenas 20% não votariam nele. Portanto, o candidato do PSDB segue distante da disputa para terceira via, que se mostra bastante difícil devido ao seu elevado nível de rejeição.
Por fim, quando perguntados sobre o principal problema, a economia (desemprego, inflação e crise econômica) aparecem em primeiro lugar com 35% das respostas dos entrevistados. O desemprego aparece em queda na preocupação dos entrevistados, o que pode estar refletindo a significativa queda na taxa de desemprego ao longo de 2021. Por outro lado, a pandemia, que apresentou uma significativa alta em janeiro decorrente do avanço da ômicron, ficou estável na pesquisa de fevereiro com 27% das respostas. Nossa avaliação é que a elevada rejeição do atual governo reflete a percepção da piora da economia no último ano (52% dos entrevistados acreditam que esta tende a piorar/ficar do mesmo jeito), sendo que do total, 53% responderam que a capacidade de pagar as contas piorou nos últimos 3 meses. Portanto, com o retorno da trajetória de arrefecimento da pandemia, que deve continuar sendo observada nas próximas semanas, acreditamos que a pauta econômica deverá dominar o quadro eleitoral.
Pandemia e Vacinação
Na última semana, o total de doses aplicadas alcançou o patamar de 316,4 milhões, ante 313 milhões em nossa leitura anterior, de modo que o percentual da população vacinada com pelo menos dose alcançou o patamar de 79,9% da população total brasileira, um aumento de 1 p.p. No que lhe concerne, a média móvel (MM7D) de doses aplicadas apresentou leve avanço ao passar de 472,1 mil para 496,5 mil, refletindo a vacinação entre crianças e aplicação de doses de reforço. Ademais, o percentual da população com esquema vacinal completo alcançou o patamar de 71,8% da população, um aumento de 0,6 p.p. em relação à semana anterior. Por fim, 26,2% da população foi vacinada com a dose de reforço, um avanço de 1,9 p.p. em relação ao número da última semana. Acreditamos que a aceleração no número de indivíduos com esquema vacinal completo reflete as indicações de que esta é fundamental para minimizar as chances de que a contaminação pela variante ômicron evolua para um quadro grave.
No que diz respeito ao avanço da pandemia no Brasil, na última semana, observamos a manutenção da trajetória de queda no número de casos pela segunda semana consecutiva. Este diagnóstico reforça a avaliação de que o pico de transmissão de Covid por conta da variante Ômicron foi superada, de modo que, nas próximas semanas devemos continuar observando uma melhora deste indicador. A média móvel de novos casos saiu de 175,1 mil para 136,1 mil, uma melhora de cerca de 22,3% em 7 dias. Entretanto, devido ao efeito defasado do aumento de casos no número de óbitos, a MM7D de mortes por covid seguiu avançando ao passar de 745 para 894, porém desacelerando em relação à expansão da semana anterior. Ademais, os indicadores para o Estado de São Paulo reforçam nossa visão de que entramos em uma trajetória de arrefecimento da pandemia, visto que tanto a média móvel de novas internações quanto de internados em leitos de UTI se mantiveram em tendência decrescente pela segunda semana consecutiva. Para o primeiro, tivemos que a média móvel saiu de 1229 para 930, uma melhora de cerca de 24,3%. Já a média móvel de internados em leitos de UTI saiu de 3863 para 3240, uma melhora de 16,1% em relação à semana anterior. Embora a pandemia esteja em uma trajetória de arrefecimento, o número de novos casos segue bastante elevado, superando os números observados nas ondas anteriores. Nesse contexto, a pressão no sistema de saúde deve continuar intensa nas próximas semanas.
Na última semana, observamos uma significativa trajetória de melhora nas novas contaminações por Covid ao redor do mundo, visto que os países afetados primeiro pelo avanço da variante ômicron tem registrado forte quedas no número de novos casos. Vale destacar que nos EUA o número de hospitalizações também apresenta uma significativa melhora, se aproximando do número observado antes do início do recrudescimento causado por esta nova cepa. Nesse contexto, nossa avaliação é que o recrudescimento da pandemia no Brasil por conta da variante ômicron não refletiu em um aumento no número de óbitos, tampouco na sobrecarga do sistema de saúde por conta da proteção fornecida pela ampla vacinação da população brasileira. Portanto, acreditamos que a ampla disponibilidade de vacinas e o avanço da aplicação de doses de reforço serão fatores chave para continuarmos nesta trajetória de arrefecimento que vinha sendo observada até dez/21. Nosso cenário econômico é baseado no avanço da vacinação ao longo de 2022 e da proteção sanitária e econômica fornecida pelas vacinas que permitirá com que os setores mais dependentes da interação entre pessoas retornem aos níveis observados durante o pré-pandemia.
Agenda da Semana
Frequência Mensal – Indústria
Indústria: Na última semana, tivemos a divulgação dos dados de consumo de cimento, produção de veículos, tráfego pesado nas rodovias e da produção de papel ondulado. Nesse contexto, os indicadores antecedentes da indústria apontam para desaceleração da atividade no mês, marcado pelo forte recrudescimento da pandemia devido ao avanço da variante ômicron no período. Vale destacar o desempenho negativo na produção de veículos que apresentou forte recuo de 30,8% m/m, apresentando o pior desempenho para o mês desde 2003, e revertendo os avanços observados nos dois meses anteriores. Este resultado decorreu, principalmente, do avanço da variante ômicron que provocou afastamento de pessoal nas fábricas e pela manutenção do cenário de escassez de insumos (semicondutores) que vem afetando o setor nos últimos meses. Os impactos do avanço da pandemia no mês refletiram no tráfego pesado nas rodovias que recuou 1,4% m/m, rompendo com a sequência de 3 altas consecutivas.
Setor de Serviços
Serviços: Na última semana, tivemos a divulgação da Pesquisa Mensal de Serviços referente ao mês de dezembro. Nesse sentido, o setor avançou 1,4% m/m, sendo o dobro da expectativa mediana do mercado que aguardava avanço de 0,7% m/m. Além do crescimento melhor que o esperado, tivemos revisão positiva no desempenho de novembro que passou de 2,4% m/m para 2,7% m/m. Com este resultado, o setor de serviços avançou 10,9% em 2021, se recuperando das perdas ocorridas no ano anterior (-7,8%). No ano, o crescimento foi generalizado entre as atividades pesquisadas, entretanto, os serviços prestados às famílias, o segmento mais afetado pela pandemia, ainda não se recuperou totalmente, estando 11,2% abaixo do nível pré-pandemia. Em relação ao resultado de dezembro, houve avanço em quatro das cinco atividades pesquisadas, com destaque para a expansão dos transportes (1,8% m/m), puxado pelo transporte aéreo que avançou 10,6% m/m. Além disso, atividades turísticas avançaram 3,5% no mês, refletindo a trajetória de arrefecimento da pandemia observada até o final do ano passado. No 4º trimestre, o setor avançou 0,4% t/t, estando 6,6% acima do nível pré-pandemia. Para janeiro, os indicadores antecedentes mostram resultados mistos para o setor. A sondagem dos serviços da FGV apresentou forte recuo de 4,5% m/m. Já o PMI ficou em 52,8, indicado expansão do setor.
Setor de Varejo
Varejo: Na última semana, foi divulgada a Pesquisa Mensal do Comércio referente ao mês de dezembro. Nesse sentido, o varejo restrito recuou 0,1% m/m, ficando melhor que a projeção mediana do mercado de -0,5% m/m. Com este resultado, em 2021, o varejo apresentou crescimento de 1,4%, o quinto ano consecutivo em que se observou avanço do setor. Entretanto, o crescimento foi concentrado no primeiro semestre, em que foi observado expansão de 6,7% a/a. O forte resultado interanual decorreu de uma base de comparação depreciada, visto que no mesmo período de 2020, houve fechamento do comércio por conta da pandemia. Já o segundo semestre de 2021 apresentou recuo de 3,0% a/a, em um cenário de aceleração inflacionária, problemas nas cadeias produtivas e a troca do consumo de bens por serviços com o arrefecimento da pandemia. No mês de dezembro, os destaques positivos foram artigos farmacêuticos (3,2%m/m), Móveis e eletrodomésticos (0,4% m/m) e tecidos e calçados (0,4% m/m). Por outro lado, outros artigos de uso pessoal (-5,7% m/m) e Hiper e supermercados (-0,4% m/m), que possuem peso significativo no índice cheio, puxaram negativamente o resultado no mês. Por outro lado, o volume de vendas no varejo ampliado (inclui as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção) avançou 0,3% m/m, impactado positivamente pelas vendas de veículos (1,2%). Por outro lado, Material de construção recuou 1,4% no mês. Para janeiro, os indicadores antecedentes mostram resultados negativos para o setor. A sondagem do comércio da FGV recuou -0,5% m/m e o indicador de confiança do consumidor da FGV recuou -1,9% m/m. Além disso, para o varejo ampliado, a projeção é para um forte recuo diante da elevada contração reportada pela Anfavea de 38,5% m/m em janeiro nas vendas de veículos.
Demais Indicadores
Demais Indicadores: Na última semana, tivemos a divulgação do índice de atividade do Banco Central (IBC-Br) referente ao mês de dezembro. Nesse sentido, observamos um avanço de 0,3% m/m em relação ao mês anterior, o resultado veio pior que o esperado pelo mercado que aguardava expansão de 0,6% m/m. Com o resultado de dezembro e as revisões na série, o IBC-Br se manteve estável no último trimestre do ano, encerrando 2021 com avanço de 4,5%. Ademais, o indicador se encontra 0,3% acima do nível pré-pandemia, apresentando uma significativa estabilidade ao longo de 2021. Porém, o desempenho no ano não foi homogêneo entre os setores. O setor de serviços vem sendo o destaque da recuperação econômica, visto que se beneficia do arrefecimento da pandemia e a consequente reabertura econômica. Por outro lado, a indústria e o varejo se encontraram em um cenário mais desafiador. Em primeiro lugar, a indústria sofreu com a escassez de componentes e insumos de produção básicos, além da forte pressão nos custos com a aceleração inflacionárias, que prejudicou as margens dos produtores. Já o comércio, foi impactado pelo forte aumento dos preços, que deteriorou o poder de compra das famílias, além da dificuldade de alguns setores de se adaptar a mudança no perfil de consumo de bens para serviços com o arrefecimento da pandemia. Com o resultado do IBC-Br, temos carrego estatístico de 0,3% para 2022, indicando que o efeito base já foi eliminado. O ano de 2022 será desafiador diante das condições financeiras adversas com a forte elevação da taxa básica de juros.
Mercado de Trabalho
Mercado de Trabalho: Não houve divulgações na última semana.
Sobre o IAG
O Índice de Atividade da Genial (IAG) é um indicador de frequência diária que tem como objetivo monitorar o ritmo de recuperação da atividade econômica brasileira.
Esse índice diário não se propõe a ser uma proxy do PIB, ou seja, não substitui o modelo de projeção de PIB da Genial (o qual inclui muitas outras variáveis econômicas de frequência mensal). Dessa forma, um indicador não substitui o outro, são duas formas complementares de acompanhar a retomada do nível de atividade. O IAG tem frequência diária e se propõe a acompanhar a evolução da velocidade da retomada da atividade no dia a dia, enquanto a nossa projeção de PIB dá uma ideia do cenário como um todo, e é calibrado para gerar estimativas para os trimestres à frente.
O IAG tem alta correlação com índices mensais de atividade e possui alto poder preditivo sobre as variações mensais do IBC-BR (indicador mensal de atividade divulgado pelo Bacen).
O IAG é construído por uma média ponderada dos seguintes dados de frequência diária: consumo de energia elétrica, indicadores de mobilidade urbana da Apple, emissão de notas fiscais eletrônicas no estado do Rio Grande do Sul e número de voos diários no Brasil.[1]
O índice é construído de forma que toma o valor de 100 para o nível de atividade médio antes do surto de COVID-19 (entre 1º de janeiro e 15 de março). Dessa forma, o IAG representa o nível de atividade corrente em relação ao período pré-surto.
[1] Os valores defasados do IAG podem mudar em decorrência de alterações na divulgação de dados da Apple, ONS, Fenabrave ou Air Radar. É natural que haja revisão de dados das fontes citadas, por isso o IAG defasado pode ter alterações. Também pode haver alterações devido a divergências no horário de divulgação dessas diferentes fontes. Contudo as alterações tendem a ser pequenas, de forma que não influenciam a tendência 10-15 dias do índice.