Resumo: O IAG avançou tanto na sua variação diária quanto na média móvel de 7 dias. Com este resultado, o índice de encontra 15,4 p.p. acima do nível pré-Covid (100) e avançou 4,8 p.p. em relação ao número observado há 7 dias. O índice acumula alta de 9,8 p.p. nos últimos 30 dias. Todos os indicadores que compõem o IAG avançaram em relação à leitura anterior. O forte avanço do índice decorreu das significativas altas consecutivas que foram registradas em todos os componentes do IAG em que 3 dos 4 grupos (Energia, Mobilidade e Voos) se encontram no patamar mais elevado desde o início da pandemia.
Indicadores de Atividade Econômica
No mês de outubro, todos os indicadores de atividade apresentaram resultados negativos pelo segundo mês consecutivo. Em particular, o destaque foi novamente o setor de serviços que surpreendeu negativamente o mercado ao recuar -1,2% m/m em relação ao mês anterior, o consenso era de um desempenho próximo da estabilidade (-0,1% m/m). Nossa avaliação é que os setores seguem sendo bastante impactados por desarranjos nas cadeias globais de produção que vem afetando tanto a produção quanto a disponibilidade de bens e do elevado processo inflacionário que corrói a renda das famílias e reduzindo sua propensão a consumir.
Por um lado, em outubro, a indústria recuou -0,6% m/m na margem surpreendendo negativamente o mercado que aguardava um avanço de 0,7% m/m. Este resultado foi o quinto resultado negativo consecutivo do setor que nos 10 meses do ano avançou apenas em 2 deles. No mês o destaque vai para o forte recuo na indústria extrativa (-8,6% m/m) diante da queda dos preços do petróleo e do minério de ferro que representam cerca de 90% do setor. Além disso, houve contribuição do recuo no setor de alimentos que foi impactado pela antecipação da safra de cana-de-açúcar diante de um cenário climático adverso e da influência das restrições impostas pela China à importação de carne bovina brasileira. Nossa avaliação é que o setor deverá apresentar resultados próximos da estabilidade nos próximos meses, visto que segue enfrentando os problemas de escassez de matéria-prima; elevados custos de produção (energética e transporte); e uma conjuntura econômica mais adversa marcada pelo ciclo de alta de juros, fatores que deverão atrapalhar a recuperação do setor que se encontra 3,6% abaixo do nível pré-pandemia.
Na mesma direção, o setor de serviços surpreendeu negativamente o mercado com a forte queda de -1,2% m/m em relação ao mês anterior. A queda foi bastante disseminada entre os segmentos de serviços com recuos em quatro das cinco atividades pesquisadas, com avanço apenas dos serviços prestados às famílias, segmento que mais sofreu com os impactos da pandemia por conta do caráter presencial das atividades. Esta foi a segunda queda consecutiva do setor, entretanto, segue 1,4% acima do nível pré-pandemia (série com ajuste sazonal). Acreditamos que o setor deverá apresentar avanços nos próximos meses diante da recuperação do mercado-de-trabalho e do arrefecimento da pandemia.
Para o setor de varejo, tivemos um leve recuo de -0,1% m/m no período em relação ao mês de setembro, este resultado foi pior que o esperado pela projeção mediana de mercado de 0,6% m/m. Com este resultado, o setor acumula três quedas consecutivas, entretanto, diferentemente dos meses anteriores em que algum grupo se destacava negativamente, no mês de outubro houve um equilíbrio de impacto entre os setores. Embora o volume de vendas tenha recuado, observamos avanço na receita nominal do setor (+0,7% m/m), em especial no setor de combustíveis, o que indica que o processo inflacionário, assim como no mês anterior, afetou o resultado. Nossa opinião é que o setor continuará sendo impactado pelo elevado processo inflacionário e em menor magnitude pela transição do consumo de bens para um consumo de serviços, de modo que, o setor deverá apresentar resultados levemente negativos nos próximos meses.
Por fim, tivemos a divulgação do índice de atividade do Banco Central (IBC-Br) que diante dos recuos observados nos principais indicadores setoriais recuou -0,4% m/m. Este resultado foi o quarto recuo consecutivo do índice que serve como uma boa proxy do PIB. Diante disso, revisamos nossa projeção de crescimento do PIB do quarto trimestre para 0% t/t, de modo que, em 2021 devemos ter um crescimento de 4,5% a/a.
Pandemia e Vacinação
Na última semana, o total de doses aplicadas alcançou o patamar de 297,1 milhões, ante 294,8 milhões na semana anterior, de modo que o percentual da população vacinada com pelo menos dose alcançou o patamar de 75,8% da população total brasileira, um aumento de 0,2 p.p. em relação à semana anterior. Por sua vez, a média móvel (MM7D) de doses aplicadas recuou em relação à leitura anterior, ao passar de 0,42 milhão para 0,35 milhão. Ademais, o percentual da população com vacinação completa alcançou o percentual de 66,8% da população, um aumento de 1 p.p. em relação à semana anterior.
No que diz respeito ao avanço da pandemia no Brasil, na última semana observamos uma melhora tanto na MM7D de número de casos registrados que saiu de 6721 para 3420 quanto no número de óbitos que saiu de 218 para 138. Entretanto, para o Estado de São Paulo, os dados apontam para uma piora do quadro pandêmico, visto que tanto a MM7D de novas internações (saiu de 279 para 371) quanto a de internados em leito de UTI (saiu de 858 para 897) avançaram em relação à nossa leitura da semana anterior.
Embora tenhamos observado uma leve melhora nos indicadores nacionais da pandemia de maneira consistente com o avanço vacinal, nossa avaliação é que o recente recrudescimento da crise sanitária em alguns países do hemisfério norte e da África impõe um viés de risco à pandemia no Brasil. O número de casos registrados nos EUA segue em trajetória de alta com a média móvel acima de 130 mil novos casos, já o número de óbitos está em 1206. Além disso, o Reino Unido tem observado um expressivo aumento do número de casos registrados por dia diante do surto decorrente das variantes Delta e Ômicron (60% dos casos de Covid na Inglaterra), entretanto, o número de óbitos não vem seguindo esta tendência (12 óbitos por Ômicron). Nossa avaliação é que esta piora do número de casos não se refletir em um aumento substancial no número de mortes decorre do avanço do processo vacinal no Reino Unido (74,3% da população com pelo menos 1 dose e 68,9% com duas doses). Portanto, nossa avaliação é que embora os indicadores no Brasil estejam apontando para um arrefecimento da pandemia nos últimos meses, a baixa cobertura vacinal com ambas as doses e de reforço faz com que o risco de uma piora no número de casos ainda não possa descartado.
Agenda da Semana
Frequência Mensal – Indústria
Na última semana, foram divulgados os dados do tráfego de veículos pesados nas rodovias e de produção de papel ondulado referentes ao mês de novembro. Nesse sentido, foi observado um recuo de -0,1% m/m do tráfego nas rodovias e -0,3% m/m na produção de papel ondulado que acumula seu segundo recuo consecutivo. Para o mês de novembro, os indicadores antecedentes apresentam resultados mistos para o setor industrial. Por um lado, o consumo de cimento e a produção de veículos apontam para um significativo avanço. Em contrapartida, observamos recuos nos demais indicadores. Diante disso, nossa projeção preliminar aponta para um avanço de 0,6% m/m e recuo de -3,3% a/a do setor no mês de novembro.
Setor de Serviços
Na última semana tivemos a divulgação da pesquisa mensal de serviços (PMS) que apresentou forte recuo de -1,2% m/m, surpreendendo negativamente o mercado que aguardava um resultado próximo da estabilidade (-0,1% m/m). A queda foi bastante disseminada entre os segmentos, com destaque para serviços de comunicação e informação (-1,6% m/m) e outros serviços (-6,7% m/m). O resultado apresentou a menor taxa de difusão (% de atividades que apresentam crescimento) desde abril de 2020, ou seja, as taxas negativas foram generalizadas entre as atividades em outubro. Para novembro, os indicadores antecedentes mostram resultados mistos para o setor. A sondagem dos serviços da FGV recuou 2,3% m/m. Já o PMI ficou em 53,6, indicado expansão do setor.
Setor de Varejo
Na última semana foram divulgados os dados do índice Serasa Experian e do faturamento da CIELO referentes ao mês de novembro. Nesse sentido, o primeiro apontou para um avanço de 0,4% m/m enquanto o último apresentou aceleração na taxa interanual com a alta de 1,2% a/a, ante -0,2% a/a no mês anterior.
Demais Indicadores
Na última semana tivemos a divulgação do índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) que recuou -0,4% m/m e -1,5% a/a, ficando em linha com as expectativas de mercado. Com exceção da agropecuária, todos os indicadores pesquisados mensalmente pelo IBGE apresentaram quedas no mês. Inclusive o setor de serviços que tende a ser o mais beneficiado pelo arrefecimento da pandemia apresentou forte recuo em outubro. Para o próximo mês, devido aos dois resultados negativos consecutivos acreditamos que o indicador deva apresentar uma leve melhora. Entretanto, devido à piora das perspectivas econômicas para os próximos meses, revisamos nossa projeção de crescimento do PIB do quarto trimestre para 0% t/t e para 2021 revisamos para 4,5% a/a.
Mercado de Trabalho
Não houve divulgações na última semana.
Sobre o IAG
O Índice de Atividade da Genial (IAG) é um indicador de frequência diária que tem como objetivo monitorar o ritmo de recuperação da atividade econômica brasileira.
Esse índice diário não se propõe a ser uma proxy do PIB, ou seja, não substitui o modelo de projeção de PIB da Genial (o qual inclui muitas outras variáveis econômicas de frequência mensal). Dessa forma, um indicador não substitui o outro, são duas formas complementares de acompanhar a retomada do nível de atividade. O IAG tem frequência diária e se propõe a acompanhar a evolução da velocidade da retomada da atividade no dia a dia, enquanto a nossa projeção de PIB dá uma ideia do cenário como um todo, e é calibrado para gerar estimativas para os trimestres à frente.
O IAG tem alta correlação com índices mensais de atividade e possui alto poder preditivo sobre as variações mensais do IBC-BR (indicador mensal de atividade divulgado pelo Bacen).
O IAG é construído por uma média ponderada dos seguintes dados de frequência diária: consumo de energia elétrica, indicadores de mobilidade urbana da Apple, emissão de notas fiscais eletrônicas no estado do Rio Grande do Sul e número de voos diários no Brasil.[1]
O índice é construído de forma que toma o valor de 100 para o nível de atividade médio antes do surto de COVID-19 (entre 1º de janeiro e 15 de março). Dessa forma, o IAG representa o nível de atividade corrente em relação ao período pré-surto.
[1] Os valores defasados do IAG podem mudar em decorrência de alterações na divulgação de dados da Apple, ONS, Fenabrave ou Air Radar. É natural que haja revisão de dados das fontes citadas, por isso o IAG defasado pode ter alterações. Também pode haver alterações devido a divergências no horário de divulgação dessas diferentes fontes. Contudo as alterações tendem a ser pequenas, de forma que não influenciam a tendência 10-15 dias do índice.