Pandemia
Neste final de semana, o Brasil registrou 120 novas mortes provocadas pela covid-19, como mostra o boletim divulgado pelo Ministério da Saúde. Desde o início da pandemia, houve 688.132 óbitos causados pela doença. Com isso, a média móvel de mortes nos últimos sete dias é de 79 estando em alta há 3 dias, e atingindo a maior marca em 20 dias. Na comparação com 14 dias atrás, a média móvel de mortes apresenta variação de 84%, com tendência de alta. No final de semana, o Brasil teve ainda 7.469 novos casos de covid-19, com a média móvel de casos registrando alta, com variação de 46% em relação há 14 dias.
A região de Wuhan, na China, impôs novo lockdown em um de seus principais distritos após a detecção de uma alta de casos de covid-19 na área, forçando a autoridades locais a aplicar o protocolo da política de “covid zero”, que prevê o fechamento de bairros e até cidades inteira em caso de aumento de casos da doença. Os cerca de 900 mil moradores do distrito de Hanyang foram instruídos a ficar em suas casas a partir de quarta-feira, disse uma porta-voz do Centro de Controle de Doenças (CDC) da área. Outro funcionário do departamento de saúde de Hanyang disse que o lockdown duraria até este domingo e que todos os negócios não essenciais foram instruídos a fechar. Wuhan registrou 18 casos de transmissão comunitária da covid-19 na última terça-feira. Embora seja um número pequeno na comparação com outras partes do mundo, ele é alto para a China e sua política de “covid zero”. Em toda a China, os casos estão com tendência de alta novamente.
Autoridades de Zhengzhou, que abriga a Foxconn, a maior montadora de iPhone do mundo, disseram ontem que o vírus estava se espalhando rapidamente pela região e identificou 50 áreas com alta de novos casos. A cidade registrou cerca de 69 casos na última semana. Em Pequim, o parque temático Universal Resort foi fechado na quarta-feira depois que o governo identificou dois casos em pessoas que estiveram no local nos últimos dias. O parque, que pertence em parte à Comcast, disse que testaria toda a equipe e retomaria as operações o mais rápido possível. Enquanto isso, um lockdown na cidade de Xining interrompeu o fornecimento de alimentos no local. Na quarta-feira, as autoridades da cidade de 2,5 milhões de habitantes iniciaram um esquema para fornecer carne e legumes para os moradores. Na última sexta, a China registrou mais de 1.200 novos casos de covid, mas políticas que incluem lockdowns, testes em massa e quarentenas obrigatórias aumentaram o impacto da doença e já atingem cerca de 200 mil pessoas.
Agenda da Semana
Frequência Mensal – Indústria
Indústria: Na última semana, tivemos a divulgação das sondagens da indústria da FGV e do CNI referentes ao mês de outubro. Nesse contexto, ambos indicadores apontaram para a continuidade da trajetória de desaceleração o setor para o mês de outubro, haja vista que o Indicador do CNI recuou -4,0% m/m e o da FGV -3,8% m/m na passagem de setembro para outubro. Em particular, o resultado negativo da confiança da indústria do FGV IBRE apresentou queda pelo segundo mês consecutivo, entretanto, de maneira difusa entre os segmentos analisados. Segundo o relatório divulgado, há uma piora das avaliações sobre a situação econômica atual influenciada por uma contração da demanda interna e externa. O aumento do nível de estoques e as dificuldades na obtenção de insumos se somam para deteriorar a confiança industrial. Além disso, a piora das expectativas sinaliza o aumento da percepção de risco de forte desaceleração global e de um cenário inflacionário menos positivo para 2023 que deverá sustentar uma política monetária contracionista por mais tempo. Na próxima semana, teremos a divulgação da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE referente ao mês de setembro. Na nossa avaliação o indicador deve registrar contração do setor pelo segundo mês consecutivo, diante do cenário de encarecimento do custo de crédito e de deterioração do poder de compra das famílias devido ao elevado nível inflacionário. Além disso, nosso conjunto de indicadores antecedentes também apontaram para uma contração do setor, com destaque para os recuos de -0,7% m/m da produção de automóveis, -0,6% m/m do tráfego pesado nas rodovias e -0,6% m/m da produção de papel ondulado. Dessa forma, projetamos uma contração do setor industrial de -0,5% m/m na passagem de agosto para setembro. Na comparação interanual, temos uma expansão de 0,7% a/a.
Setor de Serviços
Serviços: Na última semana, tivemos a divulgação da Sondagem de Serviços da FGV referente ao mês de outubro. Nesse sentido, o indicador registrou contração de -2,6% m/m na margem, revertendo a alta de 1,0% m/m observada em setembro. Com este resultado, o indicador voltou a ficar abaixo dos 100 pontos, após 3 meses acima do nível considerado neutro. A queda refletiu tanto a piora da perspectiva atual da economia quanto das expectativas para os próximos meses. De acordo com o relatório, o setor começa a dar os primeiros sinais de desaceleração, haja vista que os respondentes vêm projetando uma redução de demanda nos próximos meses, sobretudo de serviços profissionais e de informação e comunicação, segmento que se beneficiou durante a pandemia. Na nossa avaliação, o setor de serviços deve apresentar uma trajetória de desaceleração nos próximos meses, entretanto, permanecendo no campo expansionista devido à forte recuperação do mercado de trabalho e o processo de normalização do perfil de consumo do brasileiro que beneficia serviços.
Setor de Varejo
Varejo: Na última semana, tivemos a divulgação da Sondagem do Comércio da FGV referente ao mês de outubro. Nesse sentido, o indicador registrou contração de -3,7% m/m na passagem de setembro para outubro, revertendo dois meses consecutivos de expansão da confiança do setor. Este resultado refletiu tanto piora da percepção sobre o momento presente quanto com as expectativas com os próximos meses. Vale destacar a percepção de piora no volume de demanda atual por parte dos empresários, sugerindo a continuidade do processo de desaceleração no ritmo de vendas no setor. Em relação às perspectivas futuras, o cenário ainda se mostra desafiador. Por um lado, a melhora do mercado de trabalho e das medidas aprovadas de impulso a demanda devem continuar beneficiando as vendas no varejo. Em contrapartida, a normalização do perfil de consumo do brasileiro; a deterioração do poder de compra devido à inflação elevada; e o encarecimento do custo do crédito devem penalizar o setor nos próximos meses.
Demais Indicadores
Demais Indicadores: Na última semana, tivemos a divulgação das sondagens da construção e do consumidor, ambas da FGV e referentes ao mês de outubro. A sondagem da construção apontou para uma contração de -0,8% m/m na margem, rompendo com uma sequência de duas altas consecutivas. Embora a confiança tenha recuado no mês, o indicador segue acima da neutralidade desde jun/21, refletindo o maior aquecimento do setor, que tem se traduzido em expansão da contratação pelas empresas desde então. Vale destacar que a percepção sobre a situação atual dos negócios registrou a quinta expansão consecutiva, recuperando o patamar do início de 2014. Dessa forma, a queda no mês reflete, exclusivamente, a deterioração da piora das perspectivas em relação aos próximos meses, haja a vista a piora do indicador de demanda prevista que recuou 2,5 pontos na leitura de outubro. Na mesma direção, o indicador de confiança do consumidor registrou contração de -0,4% m/m, rompendo com uma sequência de 4 altas consecutivas. Com este resultado o índice atingiu o nível de 88,6 pontos, patamar próximo do observado antes do início da pandemia (89,1). O resultado apresenta uma melhora das avaliações sobre o momento atual influenciada pelos consumidores de menor poder aquisitivo e uma revisão das expectativas para os próximos meses dos consumidores com maior poder aquisitivo. Na nossa avaliação este resultado reflete o efeito positivo das transferências de renda, redução da inflação e da expansão do mercado de trabalho. Em contrapartida, a trajetória ascendente da inadimplência e o encarecimento do custo do crédito implicam em uma deterioração das expectativas futuras.
Mercado de Trabalho
Mercado de Trabalho: Na última semana, tivemos a divulgação dos dados de criação de vagas de emprego formal (Caged) da SEPTR e da PNAD contínua do IBGE referentes ao mês de setembro. Nesse sentido, a PNAD registrou recuo de 0,2 p.p. da taxa de desemprego, alcançando o nível de 8,7% da força de trabalho no trimestre encerrado em setembro. Esta foi a menor taxa de desocupação para um trimestre encerrado em setembro desde 2015 e representa uma queda de 3,9 p.p. em relação ao mesmo mês no ano anterior. Os números apontam para um diagnóstico bastante positivo para o mercado de trabalho, haja vista que a população ocupada apresentou crescimento robusto, com queda da taxa de informalidade, alcançando o nível mais elevado da série histórica. Além disso, a massa salarial e o rendimento real apresentaram crescimento significativo de 4,8% e 3,7% no trimestre, respectivamente. Por fim, destacamos o bom desempenho do nível de ocupação que foi de 99,3 milhões de pessoas, o maior nível já registrado pela série histórica. Por sua vez, o relatório do Caged registrou a geração líquida de 278,1 mil postos de trabalho formal, vindo levemente melhor que o esperado pelo mercado, que projetava um saldo líquido de 275 mil. Assim como no mês anterior, o resultado de setembro foi puxado pelo setor de Serviços, que registrou a criação de 122,6 mil postos de trabalho formal. Os demais destaques vão para a Indústria (+56,9 mil); Comércio (+ 58 mil); e a Construção Civil (+31,2 mil). Entretanto, vale ressaltar que na série com ajuste sazonal, é possível identificar a desaceleração em praticamente todos os setores econômicos, com exceção do agropecuário que vem em tendência de crescimento, beneficiado pela expectativa de um bom desempenho do setor em 2023. Nossa avaliação é que o mercado de trabalho deve continuar se beneficiando da resiliência da economia brasileira nos próximos meses, entretanto, em um ritmo mais lento do que o observado nas últimas leituras. Nossas projeções apontam para um saldo positivo de criação de vagas de emprego formal em 2022 de 2,4 milhões e um recuo da taxa de desemprego para 8,1% da força de trabalho no trimestre encerrado em dezembro.