Resumo: O IAG avançou tanto na sua variação diária, quanto na média móvel de 7 dias. Com este resultado, o indicador se encontra 14,6 p.p. acima do nível pré-pandemia e apresenta avanço de 6,1 p.p. em relação ao número observado há 30 dias. Os indicadores que compõem o IAG apresentaram resultados mistos. Por um lado, contribuições positivas foram observadas no consumo de energia, na mobilidade urbana e no número de voos domésticos. Em contrapartida, a arrecadação recuou na margem, retornando ao patamar abaixo do observado antes do início da pandemia.
Genial nas Eleições
Na última semana, tivemos a divulgação dos resultados mensais da pesquisa eleitoral Genial-Quaest referentes ao mês de março. Nesse sentido, a pesquisa aponta para uma leve melhora da avaliação do atual governo. Em suma, do total de respondentes, 49% (-2 p.p.) avaliaram negativamente a atual presidência, as avaliações positivas tiveram aumento em relação à pesquisa anterior atingindo 24% (+2 p.p.), o melhor nível desde set/21. Por outro lado, as avaliações regulares permanecem estáveis em 25% pelo terceiro mês consecutivo. A tendência de melhora da percepção nos eleitores vem sendo observada desde nov/21, mais expressivamente no Sul entre os homens jovens e maiores de 65 anos. O início do pagamento do Auxílio Brasil gerou uma queda na expectativa de piora do governo entre os que já tinham votado em Bolsonaro na eleição passada, este fato ajuda a explicar a melhora na sua popularidade. Entretanto, não observamos impactos significativos desta política de transferência de renda na intenção de votos no Nordeste, região em que o atual governo possui o maior nível de rejeição. Ademais, vale destacar que o movimento de melhora da avaliação do atual presidente acontece de maneira lente, porém em quase todas as categorias analisadas.
Por sua vez, a intenção de voto espontânea ainda apresenta um quadro de indecisão bastante elevado que permaneceu estável em 48% dos respondentes. Em contrapartida, observamos uma importante melhora da intenção de voto do atual presidente que atingiu o patamar de 19% (+3 p.p.), o maior nível desde o início da pesquisa, que somada à estagnação do ex-presidente Lula e dos “outros” candidatos, consolida a polarização e torna mais acirrada a disputa eleitoral (a distância entre os dois se torna cada vez menor entre os eleitores do sexo masculino).
Na mesma direção, a intenção de votos para presidente estimulada no primeiro turno aponta para recuperação do presidente Bolsonaro que ficou com 26% (+2 p.p.) das intenções de voto, retornando ao patamar observado em out/21. Entretanto, os dados seguem apontando para ampla vantagem do ex-presidente Lula em todos os cenários, visto que permaneceu estável com 46% das intenções de voto na média dos cenários. Vale destacar que a diferença entre os dois principais candidatos é pequena entre os eleitores com ensino médio e superior completo, porém para os eleitores apenas com ensino fundamental e renda mais baixa há uma maior preferência para o ex-presidente Lula. Sergio Moro e Ciro Gomes permanecem com intenção de voto de 7% cada. No que diz respeito à possibilidade de mudança de voto dos eleitores da 3ª via, 34% deles topariam votar em Lula caso ele tivesse chance de vencer no 1º turno, isto é, Lula poderia crescer mais 8 p.p. Para Bolsonaro, este número é de 23% dos eleitores “nem-nem”, ou seja, o atual presidente poderia crescer mais 6 p.p. em uma mudança estratégica de voto para evitar que a vitória do candidato do PT.
Para o segundo turno, assim como nas pesquisas anteriores, Lula segue apresentando favoritismo em relação aos demais candidatos ao permanecer estável com 54% das intenções de voto no segundo turno pelo terceiro mês consecutivo. Em contrapartida, Bolsonaro teve melhora das intenções de voto ao alcançar 32% (+2 p.p.), o maior nível desde ago/21. Diferentemente dos meses anteriores, o empate técnico entre Bolsonaro e Sergio Moro no cenário de disputa direta contra o candidato do PT não foi observado na última pesquisa, visto que o atual presidente apresentou uma melhor de 2 p.p. na disputa de segundo turno. Entre os demais candidatos de terceira via, apenas Ciro Gomes possui mais de 20% das intenções de voto em um segundo turno contra o ex-presidente. João Dória e Eduardo Leite empatam com 15% dos votos.
Por fim, a pesquisa aponta para a consolidação da economia como o principal problema do país (51% dos entrevistados). Houve uma significativa queda daqueles que apontavam para a saúde/pandemia como principal problema do país, nossa avaliação que esse movimento era esperado e acompanha a trajetória de arrefecimento da pandemia. Nesse sentido, acreditamos que, embora o efeito do Auxílio Brasil ainda não tenha afetado as intenções de voto no Nordeste, nas próximas pesquisas devemos observar um efeito positivo desta na melhora da avaliação do governo. A trajetória de queda do desemprego é um fator de contribuição adicional, entretanto, a inflação se manter como protagonista. Ressaltamos que o aumento nos preços dos combustíveis, que tem um efeito significativamente negativo para o atual governo, ainda não teve seu efeito capturado na pesquisa, portanto, podemos observar uma piora dos números para o atual presidente. Por fim, as incertezas em torno do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, sobretudo no que diz respeito ao impacto das sanções aplicadas ao Kremlin e o seus aliados para a economia brasileira, podem impactar significativamente os próximos resultados da pesquisa Genial-Quaest.
Pandemia e Vacinação
Na última semana, o total de doses aplicadas alcançou o patamar de 402,2 milhões, ante 397,5 milhões em nossa leitura anterior, de modo que o percentual da população vacinada com pelo menos dose alcançou o patamar de 82,8% da população total brasileira, um aumento de 0,3 p.p. em relação à leitura anterior. No que lhe concerne, a média móvel (MM7D) de doses aplicadas recuou ao passar de 979,6 mil para 669,7 mil. Ademais, o percentual da população com esquema vacinal completo alcançou o patamar de 75% da população, um aumento de 0,6 p.p. em relação à semana anterior. Por fim, o total da população com esquema vacinal de reforço atingiu 34,6% da população, avançando 1,4 p.p. em relação ao número de 7 dias atrás.
No que diz respeito ao avanço da pandemia no Brasil, na última semana, observamos a retomada da trajetória de arrefecimento da pandemia, que havia sido interrompido com a divulgação de dados represados durante o feriado de carnaval. Nesse sentido, a média móvel de novos casos recuou ao sair de 45,6 mil para 37,6 mil, uma melhora de 17,7% em 7 dias. Na mesma direção, a média móvel de óbitos também apresentou significativa melhora ao passar de 429 para 307, queda de 28,4% no mesmo período. Vale destacar que nos últimos dias, diversos Estados anunciaram flexibilização de medidas sanitárias que visavam combater a disseminação do vírus, entretanto, não houve reversão da trajetória de arrefecimento da pandemia. Nossa avaliação é que o sucesso da campanha vacinal promove uma importante proteção vacinal e econômica que será fundamental para a recuperação das atividades mais dependentes de interação entre as pessoas, sendo um importante driver de crescimento para o PIB deste ano. Ademais, os indicadores para o Estado de São Paulo também apontam para uma trajetória de forte arrefecimento da pandemia. Tanto o número de novas internações quanto o de internados em leito de UTI retornaram para os níveis observados antes do recrudescimento causado pela variante Ômicron. Em primeiro lugar, o número de novas internações saiu de 285 para 238, uma melhora de 16,5%. Já o número de internados em leitos de UTI saiu de 1108 para 889, recuando 19,8% no mesmo período.
Agenda da Semana
Frequência Mensal – Indústria
Indústria: Na última semana tivemos divulgação dos dados da produção de papel ondulado do mês de fevereiro e da sondagem da indústria da CNI do mês de março. Nesse sentido, a expedição de papel ondulado ficou estável no mês (0,0% m/m) na série com ajuste sazonal. Vale destacar que o setor apresenta estagnação desde o segundo semestre do ano passado, após recuar durante o primeiro semestre de 2021. Já a sondagem da indústria aponta para expansão do setor (3,5% m/m) dando continuidade a alta observada no mês anterior. O resultado reflete as expectativas positivas para o setor no mês, diante da melhora da expectativa de demanda, de exportação, de compra de matérias-primas e de número de empregados. Em contrapartida, a intenção de investimento apresentou queda. Por fim, acreditamos que o setor deverá ser afetado nos próximos meses por conta do avanço da Ômicron na China e pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia que tendem a deteriorar os gargalos nas cadeias globais de produção, sobretudo na obtenção de importantes insumos para a produção.
Setor de Serviços
Serviços: Na última semana, tivemos a divulgação da pesquisa mensal de serviços referente ao mês de janeiro. Nesse sentido, o setor de serviços recuou 0,1% na comparação com dezembro, pior que a expectativa mediana do mercado que aguardava um avanço de 0,2% (Broadcast). Na comparação interanual, houve crescimento de 9,5% a/a (resultado influenciado pela base de comparação baixa). Esse resultado decorreu do avanço em duas das cinco atividades, com destaque para a expansão dos transportes e armazenagem (1,4% m/m), principalmente o transporte terrestre (2,1% m/m) e armazenagem (3,4% m/m). Além disso, tivemos avanço nos serviços profissionais e administrativos em 0,6% m/m. Por outro lado, tivemos retração nos serviços prestados às famílias (-1,4% m/m), informação e comunicação (-4,7% m/m) e outros serviços (-1,1% m/m). Os serviços prestados às famílias recuaram 1,4% m/m em janeiro, a primeira queda nos últimos dez meses com o recrudescimento da pandemia. Dessa vez, houve impacto mais modesto da variante Ômicron da economia, com a manutenção de estabelecimentos abertos. Foram relatados durante o mês, o afastamento de funcionários de suas atividades pela contaminação por Covid-19, porém o resultado veio melhor que o esperado. Nos transportes aéreos, por exemplo, houve avanço de 0,7% m/m, mesmo com a proliferação da nova variante, provocando cancelamento de voos por falta de tripulação. Com o resultado, os serviços prestados as famílias estão 13,2% abaixo do nível pré pandemia, ainda possuindo um espaço considerável para recuperar. Vale destacar que, apesar da política monetária contracionista, em 2022, há um viés de elevação das projeções de atividade em um cenário de normalização dos segmentos do setor de serviços, elevação dos preços das commodities e estímulo fiscal por meio dos entes subnacionais (elevado caixa) e por parte do governo federal com redução de impostos e liberação de pacotes de estímulo como o FGTS. A injeção de R$30 bilhões na economia via saque do FGTS pode elevar o PIB em 0,3 p.p.
Setor de Varejo
Varejo: Não houve divulgações na última semana.
Demais Indicadores
Demais Indicadores: Na última semana tivemos a divulgação do IBC-Br referente ao mês de janeiro. Nesse sentido, o índice de atividade do Banco Central recuou 0,99% em relação ao mês anterior, pior que o esperado pelo mercado (projeção de -0,2% m/m, Broadcast). Na comparação interanual houve estabilidade (0,01% a.a.). Com este resultado, o indicador de atividade encontra-se 0,5% abaixo do nível pré pandemia e deixa um carrego estatístico de -0,62% para o 1º trimestre de 2022. Em doze meses, o IBC-Br sobe 4,73%. O resultado do setor agro, em janeiro, pode explicar, em parte, a grande diferença do resultado aguardado pelo mercado e o realizado. No mês, o setor apresentou queda com os efeitos da seca na região Sul do país. Outro ponto importante para destacar é o efeito da variante Ômicron na atividade econômica: com o aumento expressivo de casos, muitos funcionários foram afastados de suas atividades, não sendo necessário fechar estabelecimentos, porém afetando a produtividade de setores como o industrial e de serviços. O setor de transporte aéreo, por exemplo, relatou cancelamento de voos por conta de falta de tripulação, mesmo assim apresentou desempenho positivo no mês. Já o setor industrial e o varejista se encontraram em um cenário mais desafiador. A indústria sofreu com a escassez de componentes e insumos de produção básicos, além da forte pressão nos custos com a aceleração inflacionária, prejudicando as margens dos produtores. O comércio foi impactado pelo forte aumento dos preços, que corrói o poder de compra da população, além da dificuldade de alguns setores de se adaptar a mudança de consumo de bens para serviços com o arrefecimento da pandemia e com uma taxa de câmbio mais desvalorizada que encarece o preço dos produtos muitas vezes importados. Com a invasão da Rússia na Ucrânia, o preço das commodities disparou, impondo pressão sobre a taxa de inflação e uma perspectiva de juros em patamares ainda mais elevados. Essa combinação de fatores afeta diretamente a indústria e o varejo, ambos em situação frágil e com perspectivas de desempenho fraco em 2022. O conflito no leste europeu também deve afetar o mercado de componentes eletrônicos para o setor industrial, uma vez que os países em conflito são importantes produtores de insumos para fabricação de chips, retardando a normalização do segmento.
Mercado de Trabalho
Mercado de Trabalho: Na última semana, tivemos a divulgação da PNAD contínua do trimestre encerrado em janeiro. Nesse sentido, a taxa de desemprego foi de 11,2% no trimestre encerrado em janeiro. O resultado veio melhor que a expectativa mediana do mercado (11,3%, Broadcast). Houve uma queda de 3,3 p.p. em relação ao mesmo período do ano passado, sendo a menor taxa de desemprego para o período desde 2016 (9,6%). Em relação ao trimestre encerrado em outubro, houve redução de 0,9 p.p. Em janeiro, o número de pessoas na força de trabalho foi de 107,5 milhões, aumento de 612 mil trabalhadores em relação ao trimestre encerrado em outubro, puxado pelo crescimento da população ocupada (1,5 milhão). Já o número de pessoas desocupadas recuou em 858 mil no mesmo período. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, a força de trabalho cresceu 5,4% (mais 5,5 milhões de pessoas). Já a população ocupada foi de 95,4 milhões, aumento de 1,6% em relação ao trimestre anterior (1,5 milhão de pessoas a mais em relação ao trimestre encerrado em outubro). Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, houve crescimento de 9,4% (aumento de 8,2 milhões de pessoas). A população ocupada se mantém acima do patamar observado no período pré pandemia. Vale destacar que, a recuperação do mercado de trabalho não vem ocorrendo de forma homogênea entre os setores econômicos. Alguns setores (agrícola, administração pública e serviços prestados às empresas) sentiram menos os efeitos da pandemia e já apresentam mais pessoas ocupadas atualmente do que no período pré pandemia. Porém, outros setores, principalmente os ligados a prestação de serviços, foram duramente afetados pela pandemia e ainda não recuperaram os níveis de emprego vistos anteriormente do surto: alojamento e alimentação está 8% abaixo, serviços domésticos, 6,5% abaixo, e outros serviços, -5,5%.
Sobre o IAG
O Índice de Atividade da Genial (IAG) é um indicador de frequência diária que tem como objetivo monitorar o ritmo de recuperação da atividade econômica brasileira.
Esse índice diário não se propõe a ser uma proxy do PIB, ou seja, não substitui o modelo de projeção de PIB da Genial (o qual inclui muitas outras variáveis econômicas de frequência mensal). Dessa forma, um indicador não substitui o outro, são duas formas complementares de acompanhar a retomada do nível de atividade. O IAG tem frequência diária e se propõe a acompanhar a evolução da velocidade da retomada da atividade no dia a dia, enquanto a nossa projeção de PIB dá uma ideia do cenário como um todo, e é calibrado para gerar estimativas para os trimestres à frente.
O IAG tem alta correlação com índices mensais de atividade e possui alto poder preditivo sobre as variações mensais do IBC-BR (indicador mensal de atividade divulgado pelo Bacen).
O IAG é construído por uma média ponderada dos seguintes dados de frequência diária: consumo de energia elétrica, indicadores de mobilidade urbana da Apple, emissão de notas fiscais eletrônicas no estado do Rio Grande do Sul e número de voos diários no Brasil.[1]
O índice é construído de forma que toma o valor de 100 para o nível de atividade médio antes do surto de COVID-19 (entre 1º de janeiro e 15 de março). Dessa forma, o IAG representa o nível de atividade corrente em relação ao período pré-surto.
[1] Os valores defasados do IAG podem mudar em decorrência de alterações na divulgação de dados da Apple, ONS, Fenabrave ou Air Radar. É natural que haja revisão de dados das fontes citadas, por isso o IAG defasado pode ter alterações. Também pode haver alterações devido a divergências no horário de divulgação dessas diferentes fontes. Contudo as alterações tendem a ser pequenas, de forma que não influenciam a tendência 10-15 dias do índice.