Pandemia
No Brasil, foi registrada média de 53 óbitos diários nos últimos sete dias, com tendência de queda há mais de uma semana, representando -32% em relação a duas semanas. A média de casos conhecidos está em 8,5 mil casos por dia, também com tendência de queda (-23% em relação há quatorze dias). Durante o mês de janeiro, o número de casos foi caindo semana a semana, mostrando que as subvariantes estão perdendo força. Depois de ter voltado a crescer no início de outubro, os casos de Covid-19 detectados em farmácias do Brasil estão em queda contínua. Nos primeiros 15 dias de janeiro, em comparação com o mesmo período do mês anterior, a média diária de novos diagnósticos caiu 81%. Enquanto, em dezembro, foram cerca de 73 mil testes positivos na primeira quinzena – 4.871 por dia –, esse número recuou para apenas 14 mil diagnósticos no mês seguinte, média de 937 novas infecções registradas diariamente. Por fim, o boletim InfoGripe, da Fiocruz, mostra que os casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) estão em queda no Brasil. Embora a covid-19 ainda represente a maioria dos agravos por infecções respiratórias, a presença caiu de 71,3% dos casos, no fim de janeiro, para 61,7% na última atualização.
O aumento das infecções por Sars-CoV-2 na China, na sequência do fim da política de zero COVID, não levou ao surgimento de novas variantes, segundo um artigo publicado na revista The Lancet. Com a explosão de casos a partir de novembro, havia o temor de mutações genéticas resultarem em cepas mais resistentes. O estudo, financiado pela Academia Chinesa de Ciências e pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do país asiático, analisou o genoma de 413 infecções e constatou que mais de 90% das notificadas em Pequim foram causadas pelas subvariantes BA.5.2 ou BF.7 da ômicron. Diante disso, as autoridades sanitárias chinesas dizem que a possibilidade de uma nova onda de Covid-19 é relativamente baixa no país nos próximos meses.
A China anunciou que o número de mortes por Covid-19 nos hospitais do país diminuiu 97,6% diante do pico registrado no dia 4 de janeiro. As informações foram divulgadas pelo Centro de Controle de Doenças da China. Conforme a instituição, o número de internações por Covid-19 atingiu 1,6 milhão em 5 de janeiro. Em seguida, caiu para 60 mil, representando recuo de 96,3%. Já o número de mortes em hospitais em consequência da doença caiu de 4.273 casos diários para 102. O número de internados com sintomas graves de Covid-19 atingiu o pico em 5 de janeiro, com 128 mil, caindo para 2 mil na última segunda-feira.
Dados de Frequência Diária
Agenda da Semana
Frequência Mensal – Indústria
A variação interanual da média de consumo de cimento teve mais um recuo em janeiro de 2023. É o décimo mês consecutivo de retração, acumulando queda de 17,4% no período. De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC), a venda de cimento por dia útil, que considera o número de dias trabalhados e tem forte influência no consumo, de 201 mil toneladas no mês de janeiro representa um aumento de 2,4% comparado ao mesmo mês do ano anterior e de 8,1% em relação a dezembro de 2022. O considerável crescimento tem como principal origem uma base ainda bastante fraca registrada tanto em janeiro como dezembro que tiveram os piores desempenhos do ano passado. O setor segue impactado pelas incertezas da situação econômica do Brasil. As altas da inflação e dos juros e o consequente aumento do endividamento das famílias apontam para um horizonte ainda preocupante. O mercado da construção continua em queda, tanto na venda de materiais, quanto no número de financiamentos imobiliários, fazendo com que o índice de confiança do setor registrasse a quarta queda consecutiva, resultado da piora no ambiente de negócios, diante da possibilidade de manutenção das taxas de juros em níveis elevados por mais tempo.
De acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção nacional de autoveículos, com ajuste sazonal, recuou 16,3% m/m, mais que compensando os dois últimos avanços consecutivos. Assim, foi atingido o patamar mais baixo desde jan/22, além de estar 18,3% abaixo do nível pré-pandemia. A análise por médias móveis trimestrais aponta tendência de baixa pelo quarto mês em sequência, com retração de 1,7%. Em suma, a produção automotiva volta a cair no início do ano, puxada pelo fraco, mas esperado, desempenho de pesados. Por outro lado, exportações e o nível de estoques apresentam resultados fortes na abertura de 2023 se comparado aos últimos três anos. Para os próximos meses, o quadro de inflação, a crescente dificuldade de acesso ao crédito e alta inadimplência devem continuar afetando os resultados da indústria automobilística.
Setor de Serviços
Em dezembro, o setor de serviços apresentou alta de 3,1% m/m frente ao mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, vindo acima do teto das previsões do mercado de 2,2% m/m (Broadcast+). Na comparação interanual, houve avanço de 6,0% a/a, o vigésimo segundo avanço consecutivo. Com este resultado, o volume de serviços se expandiu 8,3% em relação ao ano de 2021. Embora o resultado de dezembro tenha apontado para um robusto avanço dos serviços, no acumulado em 12 meses é possível observar perda de dinamismo do setor ao sair de alta de 8,7% em novembro para 8,3% em dezembro, refletindo os impactos da política monetária contracionista.
Com isso, o setor de serviços se encontra 14,4% acima do nível pré-pandemia e alcançou o patamar recorde da série histórica iniciada em 2011, deixando carrego de 1,9% para o primeiro trimestre e de 4,7% para o ano de 2023. Sobre o crescimento de 2022 em relação a 2021, o principal avanço veio do grupo de Serviços prestados às famílias (24,0%), muito devido à intensificação do processo de reabertura pós-pandemia e pela mudança no padrão de consumo substituindo bens por serviços. A segunda atividade que mais cresceu foi Transportes (13,4%), principalmente no subgrupo de transportes de passageiros (29,2%), impactado pelo retorno e intensificação da mobilidade urbana e do turismo. Apesar de ter sido o grande responsável pela surpresa positiva no mês de dezembro, o grupo de Outros serviços foi o único que retraiu em relação a 2021 (-2,1%), sendo negativamente afetado pelo processo de realocação dos gastos devido ao processo de reabertura da economia.
Diante disso, o resultado do último mês de 2022 foi surpreendente devido a todo o cenário macroeconômico adverso, mas principalmente tendo em vista a clara desaceleração apontada por outros indicadores de atividade. Um ponto que merece atenção é a desaceleração apresentada pelo acumulado em doze meses, o que representa um efeito da política monetária contracionista e do ainda alto nível de preços. Esta dinâmica é reflexo ainda de uma normalização do segmento, que já não conta com o impulso da retomada. Em nossa visão, ainda há um viés levemente otimista para o setor, principalmente pelo ainda forte carrego estatístico que deve limitar o efeito contracionista da política monetária.
Setor de Varejo
Em dezembro, o volume de vendas no setor varejista recuou 2,6% m/m, vindo significativamente pior que o consenso de mercado. Desse modo, o setor varejista se encontra 1,1% abaixo do patamar pré-Covid e 6,75% abaixo do pico alcançado em out/20. Com este resultado, o setor apresentou avanço de 1,0% no ano, sendo este a menor alta registrada pela série iniciada em 2017, incluindo o período da pandemia em 2020.
No que diz respeito ao acumulado de 2022, na ponta positiva, Combustíveis e lubrificantes (16,6%) foi a maior influência. As desonerações tributárias controlaram os preços dos combustíveis no último ano, o que ajuda a explicar o resultado positivo dessa atividade no acumulado em doze meses, mas foi possível ver uma desaceleração do grupo nos meses finais devido a novas altas desses produtos. Por outro lado, Móveis e eletrodomésticos (-6,7%) teve o pior desempenho no ano, em linha com nosso cenário de perda de dinamismo dos setores como reflexo da política monetária contracionista e da normalização do perfil de consumo de bens para serviços.
As duas últimas leituras negativas do índice cheio estão em linha com nosso cenário de gradativa desaceleração do setor diante de fatores adversos da economia. Vale destacar que os últimos resultados negativos têm como destaque a significativa contração dos grupos ligados ao consumo discricionário, reforçando que o cenário macroeconômico desafiador tem limitado o desempenho do comércio varejista. Acreditamos que o ano de 2023 será marcado pela manutenção deste pano de fundo, com a manutenção da política monetária em terreno significativamente contracionista, inflação elevada e aceleração da inadimplência.
Demais Indicadores
Na próxima quinta-feira será divulgado o IBC-Br de dezembro. Diante de um forte avanço do setor de serviços, estabilidade esperada da indústria e grande piora do varejo vemos que há vetores apontando em direções opostas, o que deve resultar em um resultado de atividade levemente positivo. Além disso, o mercado de trabalho seguiu dando sinais de desaceleração. O Caged de dezembro teve resultado pior que o esperado, além de que todos os grandes grupos de atividade apresentaram resultado negativo em dezembro. No acumulado de 2022, os cinco grupos registraram saldos positivos, fechando um ano em que o mercado de trabalho performou uma forte recuperação. Em linha com nosso cenário, o mês deixou clara a inversão de tendência do setor de serviços, já que o setor que foi o principal motor da criação de postos de trabalho em 2022 teve o pior resultado do mês.
Destacamos que o desempenho mais recente da economia brasileira está em linha com nossas expectativas para o crescimento do PIB em 2022. Apesar da perda de dinamismo nos últimos meses em todos os grandes segmentos da atividade econômica, o setor de serviços segue com uma melhor perspectiva que os demais, uma vez que ainda pode se beneficiar com a acomodação do perfil de consumo de serviços em substituição à aquisição de bens. Além disso, os efeitos inerciais da recuperação do mercado de trabalho em 2022 e as medidas aprovadas de impulso à demanda deverão contribuir positivamente para a expansão do setor nos próximos meses. Em contrapartida, para os setores Varejista e Industrial, o nosso viés segue pessimista diante da política monetária contracionista, do significativo encarecimento do custo do crédito e da elevação do nível de inadimplência das famílias. Assim, projetamos alta do IBC-Br de dezembro em 0,50% m/m e 1,8% a/a.