Dados de frequência diária
Agenda da semana
Frequência Mensal – Indústria
Indústria: O Índice de Confiança da Indústria (ICI) com ajuste sazonal da FGV variou +0,1% m/m em abril, para registrar 94,5 pontos. Assim, o ICI renova seu melhor desempenho desde outubro, mas ainda segue 6,3% abaixo do patamar pré pandemia. Na comparação da média móvel trimestral tem-se alta de 0,5%, chegando terceiro mês consecutivo sem recuos nesta métrica. O desempenho do mês foi consequência da alta do Índice de Situação Atual em 2,0 pontos, valor mais alto do ano com 93,5. Apesar do resultado positivo no mês, tal componente acumula sete baixas nas últimas dez divulgações, e uma queda de 8,6% no período. Por outro lado, o Índice de Expectativas caiu 1,8 ponto após forte alta em março, mas ainda segue com o segundo melhor desempenho desde setembro, com 95,7 pontos. Em suma, a confiança da indústria “anda de lado”. Apesar da estabilidade, verificou-se melhora da situação corrente, enquanto as expectativas seguem próximas à neutralidade depois do forte avanço do mês anterior. Para os próximos resultados, a possível falta de insumos, em especial semicondutores, e as altas taxas de juros seguem preocupando.
Setor de Serviços
Serviços: Em fevereiro, o setor de serviços voltou a apresentar avanço, com variação de 1,1% m/m, na série com ajuste sazonal, próximo ao teto das projeções de mercado de 1,2% m/m (Broadcast+). Na comparação interanual, houve expansão de 5,4% a/a, o vigésimo quarto avanço consecutivo nessa métrica, mas a quinta desaceleração seguida. Diante disso, o resultado demonstra que o setor de serviços ainda pode ser beneficiado pelas atividades de tecnologia da informação e transportes, ainda que com gradativa perda de fôlego no pós pandemia. Além disso, os serviços prestados às famílias também apontam nesta direção, sinalizando que a política monetária contracionista, somada à deterioração nos indicadores de crédito das pessoas físicas, deve pesar sobre esta abertura nas próximas leituras. Em nossa avaliação, o resultado de fevereiro, embora tenha registrado uma expansão acima da expectativa do mercado, não deve ser interpretado como uma mudança na tendência de desaceleração ao longo de 2023. Nossas projeções indicam que a conjuntura atual mais adversa compensará os vetores positivos advindos do mercado de trabalho (baixo desemprego e expansão da massa salarial) e, em menor magnitude, das políticas de expansão da renda aprovadas pelo governo (valorização do salário-mínimo e transferência de renda). Assim, os próximos resultados do setor serão influenciados por vetores que atuarão em ambas as direções, de modo que, esperamos uma leve expansão próximo à estabilidade do setor de serviços ao longo de 2023.
O Índice de Confiança de Serviços (ICS) do FGV IBRE avançou pelo segundo mês seguido, desta vez a alta foi de 0,7 ponto em abril, para 92,4 pontos, maior nível desde novembro do ano passado (93,7 pontos). Em médias móveis trimestrais, o índice subiu 1,0 ponto. A segunda alta consecutiva foi influenciada pela melhor de percepção com o momento atual e disseminada nos principais segmentos do setor. Apesar dessa sequência de altas, só foram recuperados 26% de toda perda que ocorreu a partir do último trimestre do ano passado. Para os próximos meses, o cenário parece estar mais relacionado a uma acomodação nesse patamar baixo do que uma aceleração dessa recuperação, isso porque os fatores macroeconômicos que contribuíram para desaceleração, ainda permanecem presentes.
Setor de Varejo
Varejo: Em fevereiro, o volume de vendas no setor varejista recuou 0,1% m/m, vindo levemente melhor que o consenso de mercado que aguardava por uma contração de 0,2% m/m (Broadcast+). Na comparação interanual, o volume de vendas do comércio varejista avançou 1,0% a/a, superando a mediana das projeções de alta de 0,7% a/a, registrando a sétima expansão consecutiva nesta métrica. Em relação às vendas no varejo ampliado (que inclui Veículos, Motos, Partes e Peças; Material de Construção; e Atacado de Produtos Alimentícios), houve avanço de 1,7% m/m, vindo melhor que o consenso de mercado. Na nossa avaliação, embora o resultado de fevereiro tenha apontado para a manutenção do patamar alcançado em janeiro, após expansão de 3,8% m/m, acreditamos que a trajetória dos próximos meses deve ser marcada por uma tendência de estabilidade do setor. Por um lado, vemos um vetor negativo advindo do cenário macroeconômico mais adverso, diante da perspectiva de desaceleração da atividade econômica e da piora tanto do perfil de crédito dos consumidores quando da inadimplência. Em contrapartida, a expansão das políticas de transferência de renda e um mercado de trabalho ainda aquecido devem limitar o impacto dos vetores negativos sobre o setor. Dessa forma, avaliamos que o processo de contração do consumo discricionário observado nos últimos meses deve permanecer ao longo de 2023, ao contrário de consumo de bens essenciais (alimentos), que deve ser beneficiado pela agenda econômica do novo governo, limitando a contração do setor varejista no ano.
Demais indicadores
Demais Indicadores: O Índice de Confiança da Construção (ICST), calculado pela FGV, avançou 1,1% m/m na análise com ajuste sazonal, para chegar aos 95,4 pontos em abril. Dessa forma, quando consideramos esse resultado, o índice conseguiu se recuperar da queda apresentada na abertura do ano e volta para patamar semelhante ao observado em dezembro. A confiança da construção ainda está 1,3% acima do desempenho do primeiro bimestre de 2020, mas 6,2% abaixo do resultado de setembro de 2022, maior valor do índice desde novembro de 2012. Já a análise da média móvel trimestral aponta avanço de 0,6% após cinco baixas seguidas. O resultado foi consequência de avanço para ambos os componentes. O Índice de Situação Atual subiu pelo segundo mês consecutivo, agora 0,6 ponto para chegar a 94,3. Já o Índice de Expectativas teve alta de 1,4 ponto, e chegou aos 96,7, melhor resultado desde outubro, quando o componente superava o nível neutro, com 103,2 pontos. Em suma, a confiança da construção apresenta melhora em abril, influenciada tanto por um reporte de aumento da demanda como de melhora da perspectiva dos próximos meses. Para os próximos meses, as elevadas taxas de juros devem ser o principal limitante de um avanço mais robusto do setor.
Em fevereiro, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) teve alta de 3,32% m/m, na série com ajuste sazonal, acima do teto das expectativas 2,0% m/m. Ademais, houve uma revisão baixista para o dado de janeiro, que passou de -0,04% m/m para -0,09% m/m. Em relação ao mesmo mês de 2022, houve expansão de 2,76% a/a. De maneira geral, os indicadores transparecem sinais mistos sobre a atividade econômica. Assim, nossas projeções seguem apontando para crescimento do PIB em 0,7% em 2023.
De acordo com a FGV, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), com ajuste sazonal, variou -0,2% m/m em abril, para 86,8 pontos. Nos últimos sete meses, tem-se cinco resultados negativos para o índice, e assim acumula-se uma baixa de 2,5% em relação aos 89 pontos de setembro, mais alto valor desde janeiro de 2020. A análise da média móvel trimestral, por outro lado, aponta avanço de 0,4% após três quedas consecutivas. No mês, o Índice de Situação Atual andou de lado, variando +0,1 ponto na margem, após ter subido 2,8 pontos no mês anterior, e assim renova seu melhor desempenho desde outubro. Já o Índice de Expectativas teve ligeira baixa de 0,4 ponto para retornar aos 97,6 em abril. Por um lado, o indicador segue em alto patamar se comparado aos últimos três anos, e as expectativas estão bem próximas do nível neutro, por outro, o índice ainda não superou o patamar pré-pandemia e a diferença entre a confiança das famílias de menor e maior poder aquisitivo voltaram a se afastar.
Mercado de Trabalho
Mercado de Trabalho: De acordo com o IBGE, no primeiro trimestre de 2023, a taxa de desemprego ficou em 8,8% da força de trabalho, um pouco abaixo da mediana do mercado (8,9%, Broadcast). Esta foi a menor taxa para um trimestre encerrado em março desde 2015 (8,0%). Esse resultado representa uma elevação de 0,9 p.p. em relação ao 4° trimestre de 2022, e -2,4 p.p. ante o mesmo período do ano anterior. Assim, após a forte trajetória de recuperação do mercado de trabalho ao longo do último ano, os sinais de uma perda de fôlego têm levado a um aumento gradual da taxa de desemprego, o que deve continuar nas próximas leituras. Enfim, a desaceleração do mercado de trabalho se mostrou mais disseminada. Essa nova dinâmica está em linha com os resultados mais fracos dos indicadores de atividade setorial do início de 2023, que revelam uma retração gradativa. No primeiro trimestre de 2023, houve a terceira contração consecutiva do contingente de população ocupada na comparação trimestral, enquanto houve a segunda expansão de desocupados, sendo que a taxa de março apresentou forte aceleração (10,0% t/t ante 5,5% t/t no mês anterior em relação ao trimestre encerrado em novembro). Assim, na mesma direção, a taxa de participação apresentou sua sexta queda, o que mostra a perda de força do mercado de trabalho e, em nossa visão, reflete os efeitos da expansão das políticas de transferência de renda. Apesar da desaceleração que deve se intensificar nos próximos meses, o rendimento médio real deve permanecer pressionado devido ao aumento do salário-mínimo real. Esse movimento contrário pode representar uma pressão inflacionária extra vinda dos salários, intensificando o efeito inercial do nível de preços. Por fim, a revisão dos cadastros irregulares no programa Auxílio Brasil/Bolsa Família impõe um risco altista para o desemprego no ano. Para 2023, esperamos uma taxa final de desemprego em 8,8% e de 9,3% na média do ano.