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Publicado em 31 de Janeiro às 10:33:12

Monitor de Atividade: Desemprego recua em outubro e a Ômicron segue renovando recorde de casos no Brasil

Resumo: O IAG recuou na sua variação diária, entretanto, segue avançando em sua MM7D. Com este resultado o indicador se encontra 7,5 p.p. acima do nível pré-Covid e apresentou recuo de 2,8 p.p. em relação há um mês. Os indicadores que compõem o IAG tiveram resultados mistos. Por um lado, o consumo de energia e a emissão de notas fiscais contribuíram positivamente para a composição do indicador. Em contrapartida, o número de voos domésticos e os índices de mobilidade urbana recuaram na margem.

Pandemia e Vacinação

Na última semana, o total de doses aplicadas alcançou o patamar de 309,6 milhões, ante 306,7 milhões em nossa leitura anterior, de modo que o percentual da população vacinada com pelo menos dose alcançou o patamar de 77,9% da população total brasileira, um aumento de 0,9 p.p. No que lhe concerne, a média móvel (MM7D) de doses aplicadas apresentou leve recuo ao passar de 460,1 mil para 418,7 mil. Ademais, o percentual da população com esquema vacinal completo alcançou o patamar de 70,7% da população, um aumento de 0,5 p.p. em relação à semana anterior. A aceleração na aplicação da primeira dose em comparação à segunda, reflete a campanha de vacinação de crianças de 5 a 11 anos.

No que diz respeito ao avanço da pandemia no Brasil, na última semana observamos uma significativa piora do quadro da pandemia com um novo recorde na média móvel de novos casos. Em 7 dias a MM7D de novos casos saiu de 136 mil para 189 mil, um aumento de cerca de 39% neste indicador. Na mesma direção, a média móvel de óbitos também avançou em relação ao número da última semana ao sair de 280 para 527, um aumento de mais de 88% em 7 dias, o maior nível registrado desde set/21. O Estado de São Paulo também apresentou piora nos indicadores da pandemia, visto que o número de novas internações saiu de 1429 para 1502, enquanto o número de internados em leito de UTI saiu de 3322 para 3959. Diante desses fatos, nossa avaliação é que, embora a variante Ômicron seja mais transmissível que as anteriores, por conta dos indícios de menor grau de severidade e da proteção fornecida pelas vacinas, o número de óbitos não deve apresentar uma trajetória explosiva assim como observado no número de novos casos.

Nesse contexto, nossa avaliação é que, o recrudescimento da pandemia no Brasil por conta da nova variante acende um alerta por conta do ainda inicial processo de vacinação com doses de reforço, que segundo estudos se mostra fundamental para mitigar os efeitos dessa cepa. Especialistas apontam que mais de 90% dos casos graves na maior UTI de Covid são de pacientes não vacinados ou com vacinação incompleta, reforçando a importância da vacinação como medida de proteção sanitária e econômica. Portanto, acreditamos que em face ao forte aumento do número de casos, o risco de sobrecarregamento do sistema de saúde não pode ser descartado, tampouco o risco de adoção de novas ou prolongamento das atuais medidas restritivas para conter este avanço deve ser desconsiderado.

Agenda da Semana

Frequência Mensal – Indústria

Indústria: Na última semana foi divulgado a sondagem da indústria da FGV que recuou 1,7% m/m em janeiro. Com este resultado, o indicador apresenta uma sequência de seis recuos consecutivos, com retração acumulada de 9,2% no período. O índice se encontra abaixo do nível neutro (100), com 98,4 pontos, o pior resultado desde jul/20. Dessa forma a confiança da indústria inicia o ano de 2022 se mantendo na tendência de queda observada no ano passado. Nesse contexto, acreditamos que este resultado decorre da manutenção dos problemas enfrentados pelo setor em 2022. O recrudescimento da pandemia por conta da variante Ômicron traz o risco de paralisações devido ao retorno de medidas restritivas e de redução do número de funcionários o que comprometeria o desempenho da indústria. Soma-se a isso, os desarranjos nas cadeias globais de produção, elevado nível de desemprego e inflação, aumentos dos custos de produção e encarecimento do crédito, fatores que impactaram negativamente o desempenho do setor em 2021 e tendem a continuar influenciando negativamente em 2022. Na próxima semana, teremos a divulgação da Pesquisa Industrial Mensal do mês de dezembro. Nesse sentido, devido ao forte avanço da produção de veículos no mês, diante do aumento da oferta de semicondutores no mercado global que promoveu a retomada da produção paralisada pela escassez de matéria-prima. Além disso, os indicadores antecedentes para o mês apontam para expansão do setor, que também deve se beneficiar do efeito-base decorrente das sucessivas quedas. Portanto, nossas projeções indicam expansão de 1,8% m/m e recuo de -5,8% a/a.

Setor de Serviços

Serviços: Na última semana foram divulgados os dados da Sondagem de Serviços da FGV que recuou 4,5% em janeiro. Com este resultado, o indicador recua pelo terceiro mês consecutivo, com retração acumulada de 8,1% no período e acelera o ritmo de contração em relação ao mês anterior. Este resultado reflete o recrudescimento da pandemia, por conta do forte aumento do número de casos decorrente da variante Ômicron que deve impactar o desempenho do setor no mês, e do elevado nível inflacionário, que corrói a renda do consumidor e impacta suas decisões de consumo. Acreditamos que a trajetória da pandemia será fundamental para determinar o desempenho do setor, principalmente, no primeiro trimestre de 2022.

Setor de Varejo

Varejo: Na última semana foi divulgada a Sondagem do Comércio da FGV que retraiu 0,5% em janeiro. Com este resultado, o indicador recua pelo terceiro mês consecutivo, acumulando queda de 10,2% no período. A queda no ritmo de desaceleração, refletindo o cenário de elevada inflação e substituição do consumo de bens por serviços que impõem uma perspectiva de desempenho próximo à estabilidade nos próximos meses.

Demais Indicadores

Demais Indicadores: Na última semana tivemos a divulgação da sondagem da construção da FGV que recuou 4% m/m, revertendo o resultado positivo de 1,5% m/m observado no mês anterior, ficando no nível mais baixo desde jun/21. Este resultado reflete a piora das perspectivas para o setor diante do avanço da variante Ômicron no período e do ciclo de elevação das taxas de juros que impactam negativamente o financiamento de imóveis.

Mercado de Trabalho

Mercado de Trabalho: Na última semana, tivemos a divulgação dos dados da PNAD contínua do trimestre encerrado em novembro. Nesse sentido, a taxa de desemprego ficou em 11,6% no trimestre, em linha com a nossa projeção. Houve um aumento no número de pessoas na força de trabalho foi de 107,3 milhões, aumento de 1,7 milhões de trabalhadores em relação ao trimestre encerrado em agosto, puxado pelo crescimento da população ocupada (3,2 milhões). Já o número de pessoas desocupadas recuou em 1,5 milhão no mesmo período. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, a força de trabalho cresceu 6,2% (mais 6,2 milhões de pessoas). O crescimento da população ocupada continua sendo concentrado nos trabalhadores do setor privado e por conta própria. A geração de empregos no setor privado vem ganhando relevância nos últimos meses, com a desaceleração dos empregos por conta própria. O crescimento da ocupação no trimestre encerrado em novembro ocorreu em sete das dez atividades pesquisadas. As maiores contribuições vieram do setor de comércio (719 mil), indústria (439 mil), alojamento e alimentação (438 mil), outros serviços (403 mil) e serviços domésticos (321 mil). Cerca de 67,5% da ocupação no trimestre ocorreu no setor de serviços e comércio (2,16 milhões), sendo segmentos de caráter presencial beneficiados pela reabertura econômica. Em relação ao rendimento real, tivemos redução de 4,5% no rendimento médio habitual em relação ao trimestre encerrado em agosto e de -11,4% na variação interanual. Já a massa de rendimentos apresentou ficou estável em relação ao mesmo período. Na próxima semana, teremos a divulgação dos dados de emprego formal (Caged) do mês de dezembro. Nesse sentido, devido à sazonalidade histórica que marca o mês de dezembro com o encerramento de contratos temporários, há um substancial aumento das demissões. Nesse contexto, nossas projeções apontam para um saldo negativo de 125 mil vagas de emprego formal no período, de modo que, no ano o resultado acumulado será de geração líquida de um pouco menos de 3 milhões de vagas de trabalho formal.

Sobre o IAG

O Índice de Atividade da Genial (IAG) é um indicador de frequência diária que tem como objetivo monitorar o ritmo de recuperação da atividade econômica brasileira.

Esse índice diário não se propõe a ser uma proxy do PIB, ou seja, não substitui o modelo de projeção de PIB da Genial (o qual inclui muitas outras variáveis econômicas de frequência mensal).  Dessa forma, um indicador não substitui o outro, são duas formas complementares de acompanhar a retomada do nível de atividade. O IAG tem frequência diária e se propõe a acompanhar a evolução da velocidade da retomada da atividade no dia a dia, enquanto a nossa projeção de PIB dá uma ideia do cenário como um todo, e é calibrado para gerar estimativas para os trimestres à frente.

O IAG tem alta correlação com índices mensais de atividade e possui alto poder preditivo sobre as variações mensais do IBC-BR (indicador mensal de atividade divulgado pelo Bacen).

O IAG é construído por uma média ponderada dos seguintes dados de frequência diária: consumo de energia elétrica, indicadores de mobilidade urbana da Apple, emissão de notas fiscais eletrônicas no estado do Rio Grande do Sul e número de voos diários no Brasil.[1]

O índice é construído de forma que toma o valor de 100 para o nível de atividade médio antes do surto de COVID-19 (entre 1º de janeiro e 15 de março). Dessa forma, o IAG representa o nível de atividade corrente em relação ao período pré-surto.


[1] Os valores defasados do IAG podem mudar em decorrência de alterações na divulgação de dados da Apple, ONS, Fenabrave ou Air Radar. É natural que haja revisão de dados das fontes citadas, por isso o IAG defasado pode ter alterações. Também pode haver alterações devido a divergências no horário de divulgação dessas diferentes fontes. Contudo as alterações tendem a ser pequenas, de forma que não influenciam a tendência 10-15 dias do índice.

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