Pandemia e Vacinação
Na última semana, o total de doses aplicadas alcançou o patamar de 465,3 milhões, ante 463,4 milhões em nossa leitura anterior, de modo que o percentual da população vacinada com pelo menos uma dose permaneceu em 85,5%. Ademais, o percentual da população com esquema vacinal completo alcançou o patamar de 81,1% da população, aumento de 0,1 p.p. em relação à semana anterior. No que diz respeito ao percentual da população que recebeu a dose de reforço, houve avanço de 0,6 p.p., alcançando o patamar de 55,6% da população brasileira.
O número de novos casos de Covid-19 no Brasil em sete dias caiu pela sétima semana seguida, segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Além das infecções, o número de mortes ligadas à Covid-19 caiu pela terceira semana seguida. Nos últimos sete dias, 882 pessoas morreram em decorrência da doença, uma redução de 9,1% ante o período anterior (970 óbitos).
O número de casos de Covid-19 registrados no mundo tiveram queda de 16% na última semana de agosto em relação aos índices coletados na semana epidemiológica anterior, de acordo com a OMS. No período, foi contabilizada uma queda de 13% na média de novos casos. Segundo o balanço, a variante de preocupação ômicron continua dominante no mundo, correspondendo a 99,6% das infecções e a sublinhagem BA.5 é a responsável pela maioria dos casos. No período, a prevalência saltou de 72,4% para 78,2%.
A cidade de Shenzhen, no sul da China, fechou na última segunda-feira o maior mercado de eletrônicos do mundo e suspendeu o transporte público nas proximidades, enquanto as autoridades impunham bloqueios em todo o bairro em resposta a um pequeno número de casos de Covid. Huaqiangbei, uma movimentada área comercial que abriga milhares de barracas que vendem componentes de computadores, peças de telefones celulares e microchips, está entre os três bairros colocados sob um bloqueio obrigatório por quatro dias no distrito de Futian, segundo o governo distrital. A China é um dos últimos lugares do mundo que ainda aplica medidas rigorosas de zero Covid, que dependem de ampla vigilância digital, testes em massa, extensas quarentenas e bloqueios rápidos. Nesta terça-feira, Shenzhen, um centro internacional de tecnologia de 18 milhões de pessoas, relatou apenas 35 infecções, incluindo 11 casos assintomáticos. A abordagem pesada fez com que dezenas de bairros em Shenzhen fossem identificados como “áreas de alto risco” e colocados sob estritas ordens de bloqueio. Vídeos compartilhados por moradores nas redes sociais mostram barreiras de metal – algumas cobertas com arame farpado – erguidas do lado de fora de prédios residenciais, impedindo os moradores de sair.
Com o aumento dos casos de covid-19, moradores de Shenzhen, polo tecnológico na China, temem o segundo lockdown total na cidade este ano, embora autoridades tentem reprimir os rumores após medidas restritivas adotadas em outra megalópole a oeste. Vídeos nas redes sociais chinesas mostraram cenas de corrida aos supermercados, com restrições adotadas em pelo menos sete dos 10 distritos de Shenzhen, entre elas o fechamento de estabelecimentos de entretenimento e restaurantes.
A autoridade de medicamentos dos Estados Unidos aprovou nesta quarta-feira a atualização das vacinas contra a covid-19 da Moderna e da Pfizer para que elas também imunizem contra a variante ômicron, que nos últimos meses foi a responsável pelo crescimento de casos da doença pelo mundo. A aprovação da Food and Drug Administration (FDA) visa a criação de doses “bivalentes”, que imunizam contra as subvariantes BA.4 e BA.5. A ideia é que as vacinas atualizadas sejam utilizadas no programa nacional para a dose de reforço da vacina contra a covid-19, que começa no fim de setembro.
Produto Interno Bruto 2º Trimestre de 2022
Na última semana, tivemos a divulgação do produtor interno bruto (PIB) referente ao segundo trimestre de 2022. Nesse sentido, os dados apontaram para expansão de 1,2% t/t em comparação ao trimestre imediatamente anterior, superando a projeção mediana de mercado que aguardava por uma alta de 0,9% t/t. Na comparação interanual, houve crescimento de 3,2% a/a. O resultado mostra que a economia brasileira segue resiliente mesmo diante de um cenário macroeconômico mais adverso (inflação elevada e taxa de juros significativamente contracionista). Com este resultado, o PIB acumulou alta de 2,5% no primeiro semestre de 2022, de modo que a atividade econômica está 3,0% acima do nível observado durante o pré-pandemia.
Pelo lado da oferta, destacamos o bom desempenho do setor de serviços e da indústria. O primeiro subsetor, que representa cerca de 70% do PIB, apresentou alta bastante disseminada de 1,3% t/t. Assim como observado no trimestre anterior, o maior crescimento ocorreu no segmento de Outros Serviços (3,3%), que contempla grande parte das atividades ligadas aos serviços prestados às famílias, e se beneficiam do fim das medidas restritivas de combate à pandemia. Além disso, tivemos um bom desempenho do setor de Transportes (3,0%), com uma combinação do aumento dos transportes de cargas (beneficiado pelo aumento do comércio eletrônico) e o transporte de passageiros (beneficiado pelo aumento da demanda por viagens, represada durante a pandemia). Além disso, podemos destacar o avanço do varejo (1,7%), que reflete o aumento do consumo das famílias em um contexto de melhora do mercado de trabalho e da aprovação de medidas de estímulo à demanda no período.
Já a indústria apresentou crescimento de 2,2% disseminado entre todos os subsetores. O maior avanço ocorreu no segmento de Eletricidade, Gás, Água e Esgoto (3,1%), sendo beneficiado pelo desligamento das usinas térmicas resultante da melhora do cenário hídrico. Além disso, houve avanço na construção civil (2,7%), que vem sendo um dos setores de destaque nos últimos trimestres, estando 12,5% acima do nível pré-pandemia, beneficiada pela sazonalidade eleitoral com maiores investimentos em infraestrutura.
Na ótica da demanda, tivemos expansão de 2,6% no consumo das famílias, impulsionados pela melhora do mercado de trabalho, marcado pela forte queda da taxa de desemprego que saiu de 11,1% para 9,3% no período e da alta de 4,4% na massa de rendimentos; e pelos estímulos fiscais. Além disso, tivemos uma forte alta dos investimentos (FBKF), com destaque para o setor de construção e no desenvolvimento de software. Em contrapartida, houve contribuição negativa do setor externo, com recuo de 2,5% nas exportações e aumento de 7,6% nas importações. Destacamos que o avanço das importações reflete o aumento da demanda por produtos intermediários (insumos para indústria), refletindo o processo de normalização das cadeias produtivas.
Por fim, a taxa de investimento como proporção do PIB ficou em 18,7% no segundo trimestre e em 18,9% na média móvel de quatro meses, acima das taxas observadas entre 3T15 e 3T21. Este resultado mostra que o investimento segue resiliente mesmo com o encarecimento do crédito, diante do ciclo de aperto monetário. Em nossa avaliação, este fato reflete os impactos positivos das reformas econômicas aprovadas nos últimos anos que proporcionaram uma melhora do ambiente de negócios, gerando efeitos estruturais positivos. Assim, os benefícios para os investimentos serão vistos no longo prazo da economia.
Com este resultado, revisamos de forma preliminar nossa projeção do PIB em 2022 de 2,5% para 2,8%, refletindo os impactos positivos dos pacotes de estímulo à demanda aprovados no congresso (FGTS, Auxílio Brasil e Teto do ICMS) e de um apetite por investimentos resiliente. Além disso, a manutenção da trajetória de melhora do mercado de trabalho deve beneficiar o consumo das famílias nos próximos trimestres, sustentando o crescimento ao longo do segundo semestre. Para 2023, revisamos nossa projeção de 0,5% para 0,8%, refletindo o efeito positivo do crescimento em 2022 sob o carrego estatístico do próximo ano.
Agenda da Semana
Frequência Mensal – Indústria
Indústria: Na última semana, tivemos a divulgação da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE referente ao mês de julho. Nesse sentido, a produção industrial avançou 0,6% m/m, ficando em linha com o consenso de mercado. Com este resultado, a indústria acumula 7 taxas positivas nos últimos 9 meses, entretanto, ainda não conseguiu recuperar o nível pré-pandemia (0,8% abaixo). Embora o resultado tenha apontado para expansão da indústria no mês, esta se deu de uma maneira concentrada, haja vista a baixa taxa de difusão. Houve crescimento em apenas 10 das 26 atividades pesquisadas, com destaque para o setor de produtos alimentícios (4,3%), com altas bastante disseminadas entre seus itens. Além disso, destacamos o bom desempenho da produção de derivados do petróleo (2,0%) e a indústria extrativa (2,1%). Na ponta negativa, ficaram os segmentos de máquinas e equipamentos (-10,4%), outros produtos químicos (-9,0%) e veículos (-5,7%). O desempenho do setor de máquina e equipamentos se deve a própria dinâmica do setor industrial, de investimentos e no próprio setor industrial com ampliação e modernização do parque produtivo. Em relação ao setor de veículos, o resultado salienta ainda algumas dificuldades específicas do setor. Apesar da contração no mês, a trajetória para o segmento é de recuperação mesmo que em velocidade mais moderada, diante do cenário macroeconômico adverso. Em suma, a indústria apresentou resultados mistos no mês de julho. Por um lado, houve avanço e revisões positivas na série, com sinais de uma dinâmica mais positiva para o consumo, que advém não só de estímulos fiscais, mas também de um ambiente macroeconômico mais favorável, em especial, a recuperação robusta do mercado de trabalho. Por outro lado, no mês, vimos um resultado concentrado em algumas atividades, o que ainda salienta dificuldades para significativa parcela da indústria. Apesar disso, mesmo com o contexto de juros elevados, o cenário para indústria é menos negativo e indica recuperação nas próximas leituras, diante do arrefecimento da inflação (menor pressão de custos) e melhora nos gargalos de produção.
Setor de Serviços
Serviços: Na última semana foram divulgadas a Sondagem de Serviços e o Índice de Confiança Empresarial da FGV referentes ao mês de agosto. Nesse sentido, a sondagem do setor ficou próximo da estabilidade ao recuar 0,2% em agosto, alcançando o nível de 100,7 pontos e encerra, assim, o ciclo de cinco altas do indicador consecutivas. O resultado refletiu a avaliação favorável sobre a situação atual ter sido compensada por uma deterioração das perspectivas diante de um ambiente macroeconômico desafiador e com sinais de desaceleração, que no curto prazo são dribladas pela queda da inflação e das medidas de estímulo fiscal aprovadas pelo Congresso. Destacamos o desempenho da confiança no segmento de serviços prestados às famílias que seguiram avançando em agosto, puxado, principalmente, pela melhora das expectativas futuras para o segmento. Este fato decorre diretamente dos efeitos da desaceleração da inflação que combinada aos programas de sustentação de demanda e da melhora no mercado de trabalho impõe um viés positivo para o setor. Por sua vez, o índice de confiança empresarial avançou 2,2 pontos em agosto, para 100,7. O resultado no mês refletiu a melhora das percepções sobre a situação atual e das expectativas para os próximos meses, em linha com a melhora do cenário de curto prazo devido aos pontos anteriormente citados.
Setor de Varejo
Varejo: Na última semana, foi divulgada a Sondagem do Comércio da FGV referente ao mês de agosto. Nesse sentido, o indicador avançou 4,3% m/m ao passar de 95,1 para 99,4 pontos, refletindo a melhora das expectativas para o setor nos próximos meses. A desaceleração da inflação, a aprovação de medidas de impulso à demanda, o corte do ICMS e a melhora no mercado de trabalho foram responsáveis por esse movimento e devem ser importantes drivers de consumo nos próximos meses.
Demais Indicadores
Demais Indicadores: Não houve divulgações na última semana.
Mercado de Trabalho
Mercado de Trabalho: Na última semana, tivemos a divulgação dos dados do mercado de trabalho da PNAD Contínua e do número de criação líquida de empregos formais do Caged referentes ao mês de julho. Nesse sentido, foi observado que a taxa de desemprego recuou para 9,1% da força de trabalho, a menor taxa de desocupação para um trimestre encerrado em julho desde 2015. Este resultado representa uma queda de 1,4 p.p. na comparação com o trimestre encerrado em abril. De modo geral, o resultado no mês foi muito positivo, com a renovação do contingente recorde de pessoas ocupadas, além de registrar o maior nível de ocupação para o mês (57%) desde julho de 2015. Além de disseminada, a geração de empregos vem acelerando entre os trabalhadores com carteira assinada, e apresenta crescimento da massa de rendimentos. Entre as atividades econômicas, houve crescimento disseminado em todas as categorias, com destaque para administração pública, educação e saúde (648 mil). Além de fatores sazonais no setor de educação, vem ocorrendo uma recomposição do emprego, não só com a contratação de professores, mas também trabalhadores ligados à prestação de serviços com o retorno das atividades presenciais (Censo Demográfico do IBGE). Além disso, vale destacar a geração de empregos no comércio (692 mil), na indústria (189 mil) e nos serviços prestados às empresas (148 mil). Em relação ao rendimento real, houve queda de 2,9% a/a no rendimento médio, porém aumento de 6,1% a/a na massa de rendimentos. Na margem, o salário médio cresceu 2,9%, enquanto a massa de rendimentos avançou 5,3%. Por sua vez, o relatório do Caged registrou a geração líquida de 218,9 mil postos de trabalho formal, puxado pelo setor de serviços, com 81,8 mil vagas líquidas geradas. Entre os destaques no setor de serviços podemos citar: atividades profissionais e administrativas (37,9 mil), alojamento e alimentação (12,4 mil) e administração pública, educação e saúde (10,3 mil). As demais categorias econômicas também apresentam bom desempenho no mês. A indústria apresentou saldo líquido de 50,5 mil, puxado pela indústria de transformação; o comércio gerou 38,6 mil vagas, com destaque para o comércio varejista; a construção teve saldo líquido de 32,1 mil e a agropecuário de 15,9 mil.