Pandemia
No Brasil, foi registrada média de 128 óbitos diários nos últimos sete dias, com tendência de alta pelo sexto dia consecutivo, representando aumento de 187% em relação ao registrado há duas semanas. A média de casos conhecidos está em 5,1 mil casos por dia, com tendência de queda (-43% em relação há quatorze dias) e estável desde o fim do carnaval. Pela primeira vez desde o início da vacinação contra a Covid, que começou em janeiro de 2021, o Brasil irá imunizar a população com uma vacina bivalente, ou seja, que imuniza contra mais de uma variante do vírus. Esta nova etapa da imunização começará já na próxima segunda-feira em todo o país. A vacina bivalente protege mais porque também ataca as subvariantes da ômicron, que apareceram no país no primeiro semestre de 2022 e são as que mais têm infectado a população desde então, pelo alto nível de transmissibilidade.
Em meio às festas do Carnaval, a taxa de testes com resultado positivo para Covid-19 subiu em todo o Brasil, segundo levantamento da Dasa. O número, de acordo com a rede, vem subindo paulatinamente desde o início de fevereiro e deve manter essa tendência nas próximas semanas. Considerando dados de mais de mil laboratórios da rede no país, a taxa de resultados positivos na semana de 3 a 9 de fevereiro era 17%. No período de sete dias seguinte, de 10 a 16, o percentual subiu para 19%. Já no intervalo de 17 a 23, que abrange os dias de Carnaval, passou para 23%.
As autoridades sanitárias da China disseram na última quinta-feira que a epidemia de Covid-19 no país “basicamente” acabou, embora ainda não completamente. Pequim disse ainda não ter declarado o fim da pandemia no país porque encontrou sete casos importados da variante XBB.1.5, altamente transmissível, desde 8 de janeiro. Na semana passada, os principais líderes da China já haviam declarado uma “vitória decisiva” sobre a Covid, alegando ter a menor taxa de fatalidade do mundo. Especialistas, no entanto, têm questionado os dados do governo chinês, porque surtos do vírus surgiram em todo o país recentemente.
O “quase fim” da pandemia no país pode ser explicado também, em parte, por conta do alto nível de infecção da população. Em janeiro, o governo chinês disse que o último surto de Covid havia infectado 80% das pessoas em todo o país. Mas Pequim afirma também que fortaleceu seu sistema de saúde em antecipação à propagação do vírus para as áreas rurais. As autoridades disseram que ampliaram os leitos de cuidados críticos, por exemplo, de 198.000 para 404.000.
Atividade Econômica – Produto Interno Bruto (PIB)
Na próxima semana, teremos a divulgação do resultado do PIB do quarto trimestre de 2022. Por um lado, o setor de Serviços se manteve na trajetória de expansão no último trimestre de 2022 ao avançar 1,0% t/t, atingindo o patamar recorde da série histórica. Com este resultado, o setor acumula alta de 8,3% no ano, sendo o principal driver de expansão da economia no período. Em linha com o nosso cenário econômico, o robusto avanço do setor de Serviços se deu, principalmente, pela recuperação do grupo de Serviços Prestados às Famílias (24,0%), refletindo os efeitos positivos do processo de reabertura da economia em um contexto de pós-pandemia.
Em contrapartida, a Indústria e o Varejo apresentaram resultados negativos no último trimestre. O primeiro teve uma contração de 0,5% t/t em relação ao trimestre imediatamente anterior, permanecendo com o comportamento negativo observado no terceiro trimestre de 2022 (-0,3% t/t). Este resultado reflete a considerável perda de dinamismo do setor industrial ao longo do ano passado, acumulando baixa de 0,7% no ano, com resultados negativos nas quatro grandes categorias econômicas. Por sua vez, o comércio varejista se contraiu 0,7% t/t em relação ao terceiro trimestre de 2022, acumulando alta de 1,0% no ano, o pior resultado desde 2016.
Dessa forma, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central apresentou avanço de 2,05% no quarto trimestre em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, acumulando expansão de 2,9% em 2022, em linha com a nossa projeção de expansão do PIB de 3,0% no ano. Em nossa avaliação, o cenário macroeconômico adverso marcado por um ciclo de aperto monetário bastante expressivo foi responsável por promover a desaceleração da atividade ao longo dos trimestres de 2022. Portanto, projetamos a estabilidade do produto no último trimestre (0,0% t/t), refletindo o desempenho dos setores que atuam em ambas as direções.
Para 2023, projetamos a continuidade da trajetória de perda de dinamismo dos principais setores da economia. A perspectiva de manutenção da taxa Selic em território contracionista combinada com uma inflação ainda elevada e um nível recorde de comprometimento da renda familiar com o serviço da dívida reforçam nossa visão. Nesse contexto, nossa projeção para o desempenho do PIB em 2023 é de expansão de 0,8%.
Dados de Frequência Diária
Agenda da Semana
Frequência Mensal – Indústria
Não houve divulgações na última semana.
Setor de Serviços
Não houve divulgações na última semana.
Setor de Varejo
Não houve divulgações na última semana.
Demais Indicadores
O Índice de Confiança da Construção (ICST) calculado pela FGV subiu 0,8 ponto em fevereiro, para 94,4 pontos, uma variação de 0,9% m/m e 0,7% a/a. Em médias móveis trimestrais o índice segue em queda, caindo 0,4 ponto. A melhora foi influenciada exclusivamente pela expectativa em relação aos próximos meses, uma vez que o Índice de Situação Atual teve recuo de 1,7 ponto, para 93,4, o menor nível desde maio de 2022. Por outro lado, o Índice de Expectativas avançou 3,4 pontos, para 95,6 pontos, maior nível desde outubro de 2022. Assim, o nível de utilização da capacidade da construção recuou 1,2 p.p. para 77,7%.
Por outro lado, a Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da FGV teve queda de 1,3 ponto em fevereiro, atingindo 84,5 pontos, menor nível desde agosto de 2022, uma variação de -1,5% m/m e 8,5% a/a. Esse resultado se deve à percepção de piora da situação atual, principalmente entre as famílias de menor renda. O Índice de Situação Atual (ISA), que mede a percepção dos consumidores sobre o momento presente, caiu 1,8 ponto em fevereiro, para 69,3 pontos, pior resultado desde maio de 2022 (69,1). Já o Índice de Expectativas (IE), indicador do sentimento sobre os próximos meses, perdeu 0,9 ponto, para 95,8 pontos. Com a deterioração do contexto econômico das famílias, diante de maior endividamento, taxas de juros elevadas, desaceleração da atividade e elevada incerteza, o ano de 2023 deve ter a confiança em patamares baixos.
Mercado de Trabalho
Na próxima semana será divulgada a PNAD de dezembro, para a qual projetamos uma taxa de desemprego em 7,9%. Esperamos que o mercado de trabalho siga sua trajetória positiva, ainda que em menor ritmo, como já foi sinalizado pelo Caged do final de 2022 e pelos demais indicadores de atividade. Vale lembrar que, em sua última leitura, a população ocupada renovou outra vez sua máxima histórica, chegando a 99,7 milhões, bem como a massa de rendimento que está em seu maior patamar (R$ 273 bilhões). Assim, diante de um cenário macroeconômico mais adverso, a atividade econômica terá um desempenho cada vez menos positivo nos próximos meses, o que vai se refletir nos indicadores do mercado de trabalho após essa forte recuperação ao longo de 2022.