Dados de Frequência Diária
Agenda da Semana
Frequência Mensal – Indústria
Em janeiro, a Produção Industrial variou -0,3% m/m, na série com ajuste sazonal, retração maior que a esperada pelo mercado. Na variação interanual, houve expansão de 0,3% a/a, e no acumulado em doze meses houve recuo de 0,2%, reduzindo a intensidade da contração frente aos meses anteriores. O resultado foi composto por uma forte recuperação da Indústria Extrativa Mineral (1,8% m/m), e uma piora da retração da Indústria de Transformação (-0,8% m/m). Com isso, a indústria se encontra 18,8% abaixo do nível recorde de maio de 2011 e 2,3% abaixo do patamar pré-pandemia. Vale ressaltar que o grupo de Bens de Capital tiveram a segunda queda consecutiva, e a mais intensa entre as categorias analisadas, puxado pela contração na produção de Veículos automotores, reboques e carrocerias, que correspondem a um quarto da categoria de Bens de Capital e acumularam contração de 25% no mês. Diante disso, com a expectativa de manutenção da taxa Selic em 13,75%, setores industriais ligados ao crédito continuarão sendo fortemente penalizados pelas altas taxas de juros e aumento gradativo da inadimplência tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. Na nossa avaliação, a desaceleração da economia nos próximos meses somada à elevação da incerteza impactará, principalmente, os grupos de Bens de Capital e Bens Duráveis, que devem continuar apresentando resultados negativos nas próximas leituras. Ademais, nosso viés negativo para a indústria também é reforçado pela expectativa de desaceleração global.
O Índice de Confiança da Indústria (ICI) calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV subiu 2,4 pontos (2,6% m/m) em março, para 94,4 pontos, maior nível desde outubro de 2022. Em médias móveis trimestrais, após cinco meses de queda consecutiva e um de estabilidade, esse é o primeiro resultado positivo, variando 0,4 ponto, para 93,2 pontos. Após dois meses em queda, a confiança da indústria voltou a subir em março, influenciada pela melhora das expectativas em relação aos próximos meses. O Índice Situação Atual (ISA) recuou 1,3 ponto, para 91,5 pontos, menor nível desde junho de 2020 (89,1 pontos). Já o Índice de Expectativas (IE) avançou 6,1 pontos para 97,5 pontos, maior nível desde setembro de 2022 (98,0 pontos).
Setor de Serviços
O Índice de Confiança de Serviços (ICS), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV, subiu 2,6 pontos em março, para 91,7 pontos, maior nível desde dezembro de 2022 (92,2 pontos). Em médias móveis trimestrais, o índice ficou relativamente estável ao ceder 0,2 ponto. Após cinco meses de quedas consecutivas, a confiança do setor de serviços voltou a subir, apesar de ter recuperado apenas cerca de 20% do que foi perdido nos últimos meses. Os efeitos da desaceleração econômica ainda se mantém presentes, com um nível de atividade ainda mais fraco da atividade influenciado pela manutenção das elevadas taxas de juros, resistência da inflação e incerteza político econômica. A alta do ICS em março foi influenciada tanto pela melhora da percepção dos empresários sobre a situação corrente quanto pelas expectativas para os próximos meses. O Índice de Situação Atual (ISA-S) subiu 2,1 pontos, para 93,1 pontos, interrompendo a tendência de queda observada nos últimos cinco meses. Mesmo com esse último resultado positivo, o primeiro trimestre da confiança de serviços foi negativo, com queda marginal. Apesar de ser um setor que demorou mais a se recuperar e a sentir a desaceleração da economia, esse já é o segundo trimestre de queda na confiança do setor e de forma disseminada, reforçando o cenário de atividade mais fraca para o setor.
Setor de Varejo
O Índice de Confiança do Comércio (Icom) calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV subiu 1,1 ponto em março para 86,9 pontos, registrando a segunda alta consecutiva. Na métrica de médias móveis trimestrais houve virtual estabilidade, com variação de -0,1 ponto. Depois de uma virada de ano negativa, a confiança do comércio voltou a subir pelo segundo mês consecutivo. O Índice de Situação Atual (ISA-COM) variou 0,3 ponto para 86,9 pontos, pelo segundo mês consecutivo, enquanto o Índice de Expectativas (IE-COM) que tinha caído em fevereiro, voltou a subir 1,6 ponto, para 87,3 pontos. Apesar da recuperação da confiança nos últimos dois meses, o patamar médio do primeiro trimestre de 2023 ficou abaixo do final do ano passado, mantendo a trajetória negativa pelo segundo trimestre consecutivo. A continuidade desse cenário desfavorável foi mais influenciada pela piora na percepção da situação atual, que registrou queda de 9,1 pontos na passagem trimestral, enquanto o IE-COM caiu 1,9 ponto. Esse resultado reforça o cenário de desaceleração do setor em 2023, especialmente pela queda mais acentuada nos indicadores do presente, sugerindo demanda ainda em ritmo fraco.
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) recuou 1,6% em março, perante o mês anterior, para 112,3 pontos. Na comparação com março de 2022, a queda foi de 4,9%. Além de conduzir o índice à menor pontuação desde julho de 2021, foi a quarta queda consecutiva do indicador, influenciada por sinais de desaceleração na atividade econômica e deterioração no mercado de crédito. Na passagem de fevereiro para março, dois dos três tópicos tiveram queda. É o caso dos recuos em condições atuais (-7,6%) e intenções de investimentos (-0,7%), sendo que, no caso de condições atuais, foi a mais intensa retração apontada desde julho de 2020. Por sua vez, expectativas subiram apenas 0,1%, no mesmo período de comparação. Tendo em vista esse contexto, a pretensão de investir no capital físico e na expansão dos negócios, entre os varejistas pesquisados pela CNC, é a menor em 18 meses (98,7 pontos), com 49,9% dos tomadores de decisão no setor, no Icec de março, afirmando que reduzirão esses investimentos.
Demais Indicadores
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV subiu 2,5 pontos em março, para 87 pontos. Em médias móveis trimestrais, o índice ainda se mantém em queda pelo quarto mês consecutivo, ao recuar 0,3 ponto, para 85,8 pontos. Após dois meses em queda, a confiança dos consumidores sobe em março influenciada por uma melhora da percepção da situação atual e das expectativas para os próximos meses. No entanto ainda não é uma melhora generalizada, com fortes diferenciações quando se distinguem faixas de renda. Em março, a alta da confiança foi influenciada tanto pela melhora das avaliações sobre o momento quanto das perspectivas para os próximos meses. O Índice de Situação Atual (ISA) avançou 2,7 pontos, para 72 pontos, o melhor resultado desde outubro de 2022 (74,5 pontos), enquanto o Índice de Expectativas (IE) subiu 2,2 pontos, para 98 pontos.
Já o Índice de Confiança da Construção (ICST) calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV acomodou em março ao se manter em 94,4 pontos, patamar de moderado pessimismo. Pelo segundo mês, a perspectiva em relação à demanda dos próximos meses melhorou. No entanto, uma percepção mais negativa sobre a tendência do ambiente de negócios contaminou o indicador de expectativas, que fechou o primeiro trimestre sem recuperar a queda recente, apontando um pessimismo moderado do setor. A estabilidade do ICST foi resultado das variações opostas dos dois componentes do índice. O Índice de Situação Atual (ISA-CST) subiu 0,3 ponto, para 93,7 pontos, após quatro meses seguidos de queda. A alta do ISA-CST se deve exclusivamente à melhora na percepção dos empresários sobre o indicador de situação atual dos negócios, que aumentou 0,5 ponto, para 92,2 pontos.
Mercado de Trabalho
Em fevereiro, houve criação líquida de 241,785 mil postos de trabalho formal, resultado melhor que o esperado pelo mercado. No acumulado em 12 meses, o saldo total de vagas contraiu 4,5% m/m, o décimo mês consecutivo de queda desta métrica, com desaceleração de sete dos oito subgrupos. Embora o número de criação de vagas tenha sido próximo do teto das expectativas, tal resultado está associado ao menor número demissões em vez de um maior número de contratações, corroborando a desaceleração do mercado de trabalho. Vale ressaltar que a criação de vagas foi liderada pelo setor de serviços, que apresenta maior inércia inflacionária, indicando que os juros devem permanecer altos por um longo período.
De acordo com o IBGE, no trimestre móvel encerrado em fevereiro, a taxa de desemprego ficou em 8,6% da força de trabalho, configurando a segunda alta consecutiva da taxa de desemprego, ante dez recuos consecutivos ao longo de 2022. Esta foi a menor taxa para o trimestre encerrado em fevereiro desde 2015 (7,5%). Assim, após a forte trajetória de recuperação do mercado de trabalho ao longo do último ano, os sinais de uma perda de tração já estão gerando um aumento da taxa de desemprego, o que deve continuar nas próximas leituras. Vale destacar que a queda da força de trabalho observada desde setembro de 2022, quando atingiu a máxima da série histórica, vinha colaborando para a queda da taxa de desemprego. Na mesma direção, a taxa de participação (61,7%) segue em contração, o que, na nossa visão, reflete os efeitos da expansão das políticas de transferência de renda.