Pandemia e Vacinação
Na última semana, o total de doses aplicadas alcançou o patamar de 424,0 milhões, ante 421,5 milhões em nossa leitura anterior, de modo que o percentual da população vacinada com pelo menos uma dose alcançou o patamar de 83,8% da população total brasileira, um aumento de 0,1 p.p. em relação à leitura anterior. Ademais, o percentual da população com esquema vacinal completo alcançou o patamar de 77,4% da população, aumento de 0,3 p.p. em relação à semana anterior. No que diz respeito ao percentual da população que recebeu a dose de reforço, houve avanço de 0,8 p.p., alcançando o patamar de 41,5% da população brasileira.
No que diz respeito ao avanço da Covid no Brasil, na última semana, observamos um cenário de oscilação entre aumento e diminuição de casos. Nesse sentido, a média móvel de casos saiu de 13,7 mil para 14,7 mil, piora de 7,3% em 7 dias. Na mesma direção, a média móvel de óbitos teve aumento ao passar de 96 para 126, piora de 31,25% no mesmo período, a curva volta a apontar aumento após 71 dias em estabilidade ou queda. Nossa avaliação é que o significativo crescimento dos indicadores pandêmicos reflete o efeito posterior aos feriados da Semana Santa e de Tiradentes, como havíamos apontado. Além de um possível atraso nos registros desse período, com a diminuição do distanciamento social nessas festividades, os riscos de contaminação aumentam naturalmente. Estudo do Instituto Todos pela Saúde com base em amostras de laboratórios identificou aumento nos testes positivos de 6,2% para 11,7%, em um período de 15 dias. No entanto, os altos níveis de vacinação da população ainda mantêm nosso cenário positivo.
Nos últimos dias, o mundo voltou a observar um rápido aumento de casos de Covid-19 na África do Sul, um dos precursores em surtos da variante Ômicron. Dessa vez, as variantes BA.4 e BA.5 estão gerando cerca de 6 mil novos casos por dia no país em que apenas 30,9% da população está totalmente vacinada. A boa notícia é que essa quinta onda, mais uma vez, registra baixos aumentos em hospitalizações e óbitos, sinalizando que a variante não deve ser mais agressiva.
Já nos EUA, a subvariante BA.2.12.1 já é responsável por 29% das novas infecções no país, além de 58% dos contágios em NY. A diminuição dos relatórios de controle, o acompanhamento da evolução dessa nova onda tem sido pior. O aumento no número de internações ainda está bem abaixo do que foi visto em cepas anteriores, mais um indício do caráter mais contagioso e menos agressivo das novas variantes. Na última semana, houve um aumento de 66,3% na média móvel de novos casos nas últimas duas semanas, enquanto a média de mortes caiu 23% no mesmo período.
Agenda da Semana
Frequência Mensal – Indústria
Indústria: Na última semana foram divulgados os dados da Sondagem da Indústria da FGV referentes ao mês de abril. Nesse sentido, o indicador aponta para uma expansão do setor ao avançar 2,5% m/m em relação ao mês de fevereiro, rompendo com uma sequência de oito recuos consecutivos. Este resultado decorreu tanto da expansão do índice de expectativas quanto do índice da situação atual. O resultado no mês foi influenciado pela redução dos problemas com o fornecimento de insumos e do arrefecimento tanto da pandemia quanto do pessimismo com os potenciais impactos da guerra Rússia-Ucrânia. Portanto, a melhora da confiança da indústria no mês pode ser interpretada como um movimento no sentido da normalização das atividades no setor. Na próxima semana, teremos a divulgação da Pesquisa Industrial Mensal referente ao mês de março. Nesse sentido, acreditamos que o setor irá apresentar leve expansão decorrente de vetores que afetam o desempenho da indústria atuando em direções opostas. Por um lado, resultados positivos na produção de veículos, decorrente de um alívio parcial no fornecimento de semicondutores, o aumento do tráfego pesado nas rodovias e da produção de papel ondulado apontam para expansão do setor no mês. Em contrapartida, a manutenção de fundamentos contrários (inflação elevada, elevação do ciclo de juros e desemprego), limitarão o avanço do setor no mês. Dessa forma, projetamos expansão da indústria de 0,1% m/m em março.
Setor de Serviços
Serviços: Na última semana foi divulgada a Sondagem de Serviços da FGV referente ao mês de abril. Nesse sentido, os dados apontam para expansão de 4,3% m/m da confiança do setor em relação ao mês de março. Com este resultado, o Índice de Confiança de Serviços avançou pelo segundo mês consecutivo, atingindo o seu nível mais elevado desde nov/21. O número no mês, sugere o retorno à tendência de retomada que ocorreu ao longo de 2021, sendo mais influenciado pelo segmento de serviços prestados às famílias, que foi o mais afetado pela pandemia. Ademais, a melhora foi observada tanto para o indicador da situação atual quanto das expectativas. Para os próximos meses, é esperada a manutenção da trajetória de recuperação por conta do arrefecimento da pandemia, contudo o cenário macroeconômico mais adverso impõe um risco para a concretização deste evento.
Setor de Varejo
Varejo: Na última semana foi divulgada a Sondagem do Comércio da FGV referente ao mês de abril. Nesse sentido, os dados apontam para uma contração do índice de 1% m/m. Este resultado decorreu da piora da confiança do comércio pelo segundo mês consecutivo diante da piora significativa das expectativas em relação aos próximos meses por conta do cenário macroeconômico adverso de inflação elevada, ciclo de alta de juros e desemprego elevado. Soma-se a isso, o fim da pandemia que tende a beneficiar o consumo de serviços em detrimento ao de bens que adiciona um viés negativo para o setor ao longo de 2022.
Demais Indicadores
Demais Indicadores: Na última semana, tivemos a divulgação das Sondagens da Construção e do Consumidor da FGV referentes ao mês de abril. Nesse sentido, diante de uma melhora das expectativas dos empresários da construção, passando a indicar uma percepção de otimismo. Vale destacar que desde set/21, as expectativas em relação aos próximos meses têm apresentado bastante oscilação, sinalizando a dificuldade das empresas em visualizar a direção dos negócios diante de um contexto macroeconômico turbulento. Já a Sondagem do Consumidor avançou 5,1% m/m em relação ao mês de março, refletindo os efeitos positivos relacionados ao fim do surto de covid-19 e ao pacote de incentivo à demanda através da liberação de saques do FGTS, antecipação do 13º salário de aposentados e facilitação ao acesso ao crédito. Entretanto, o pessimismo em relação à inflação e os juros elevados seguem preocupando as famílias, que continuam cautelosas com relação à compras de alto valor, impactando negativamente o consumo de bens duráveis. Por fim, na próxima semana, teremos a divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) referente ao mês de fevereiro. Nesse sentido, diante da expansão do varejo e da indústria em fevereiro e da leve contração, próxima à estabilidade do setor de serviços, nossa projeção aponta para expansão do IBC-Br de 0,5% m/m. Dessa forma, o indicador se recupera parcialmente da contração observada em janeiro, decorrente da disseminação da variante Ômicron.
Mercado de Trabalho
Mercado de Trabalho: Na última semana, tivemos a divulgação dos dados da PNAD contínua e do Caged referentes ao mês de março. Nesse sentido, a taxa de desemprego foi de 11,1% no primeiro trimestre de 2022. O resultado veio melhor que a expectativa mediana de mercado de 11,4%, ficando próximo ao piso das projeções de 11,0%. Na série com ajuste sazonal, o desemprego ficou em 10,8%. O resultado para o 1º trimestre de 2022 foi muito positivo. Historicamente, por conta da sazonalidade da série, a taxa de desemprego aumenta no 1º trimestre do ano com redução da população ocupada e aumento dos desempregados. Entretanto, nesse primeiro trimestre, houve redução da população desempregada em 62 mil (historicamente ocorre aumento de 1,3 milhão de trabalhadores desempregados) e redução de 472 mil pessoas na população ocupada (em média ocorre redução de 1,1 milhão de indivíduos). Em relação ao rendimento real, houve queda de 8,6% a/a no rendimento médio, porém aumento de 0,2% a/a na massa de rendimentos (o primeiro crescimento nos últimos 7 meses). Esse cenário corrobora que apesar do salário real médio estar caindo na variação interanual, a massa de rendimentos está crescendo, salientando a retomada do emprego na economia brasileira. Por sua vez, o Caged reportou a criação líquida de 136,2 mil postos de trabalho formal em março, melhor que o esperado pelo mercado, que projetava saldo líquido de 125 mil. O resultado de março foi concentrado, novamente, pelo setor de serviços. Cerca de 78% dos postos de trabalho formal criados foram no setor de serviços, que vem sendo beneficiado pela reabertura econômica. Assim como no mês anterior, houve contribuição significativa do setor de educação, principalmente, o de educação infantil e fundamental com a retomada das aulas presenciais. Além disso, tivemos geração positiva em atividades profissionais e administrativas. Além disso, houve criação de 25 mil vagas no setor de construção civil (destaque para construção de edifícios) e 15,2 mil vagas no setor industrial, puxado pela indústria de transformação. A única atividade que apresentou queda no mês foi o setor agropecuário (-16 mil), apresentando queda até mesmo na série com ajuste sazonal.