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Publicado em 07 de Fevereiro às 11:59:16

Monitor de Atividade: Número de novos casos dá sinais de que o pico de infecção pela Ômicron já foi superado

Resumo: O IAG avançou na sua variação diária, entretanto, segue em trajetória de queda na sua MM7D. Com este resultado, o indicador se encontra 6,8 p.p. acima do nível pré-pandemia e apresenta recuo de 8,2 p.p. em relação há um mês. Os indicadores que compõem o IAG apresentaram resultados mistos. Por um lado, o consumo de energia, a emissão de notas fiscais e os índices de mobilidade urbana contribuíram positivamente para o cálculo do IAG. Em particular, com os últimos avanços, a mobilidade através de transporte público retornou para a região acima do nível observado antes da crise sanitária. Em contrapartida, apenas o número de voos domésticos recuou na margem.

Pandemia e Vacinação

Na última semana, o total de doses aplicadas alcançou o patamar de 313 milhões, ante 309,7 milhões em nossa leitura anterior, de modo que o percentual da população vacinada com pelo menos dose alcançou o patamar de 78,9% da população total brasileira, um aumento de 1 p.p. No que lhe concerne, a média móvel (MM7D) de doses aplicadas apresentou leve avanço ao passar de 424,7 mil para 472,1 mil. Ademais, o percentual da população com esquema vacinal completo alcançou o patamar de 71,2% da população, um aumento de 0,5 p.p. em relação à semana anterior. A aceleração na aplicação da primeira dose em comparação à segunda, reflete a campanha de vacinação de crianças de 5 a 11 anos. Por fim, 24,3% da população foi vacinada com a dose de reforço, que segundo estudos é fundamental para minimizar o número de casos graves de Covid-19 decorrentes da variante Ômicron.

No que diz respeito ao avanço da pandemia no Brasil, na última semana, observamos a reversão na trajetória de alta no número de casos que vinha sendo observada nas últimas semanas devido à variante Ômicron. A média móvel de novos casos saiu de 189 mil para 175 mil, entretanto, a média móvel de óbitos seguiu avançando ao sair de 527 para 745, um aumento de 41,4%. Este fato aponta para a possibilidade de que o pico de novos casos tenha sido superado, portanto, é esperado que nas próximas semanas, a pandemia apresente uma forte trajetória de queda, assim como observado nos países que tiveram o surto antes do Brasil. Na mesma direção, os indicadores da pandemia para o Estado de São Paulo dão sinais de arrefecimento, visto que a média móvel de novas internações saiu de 1502 para 1229, uma queda de 18,2%. Já a MM7D do número de internados em leito de UTI saiu de 3959 para 3863. Especialistas apontam que a taxa de transmissão de Covid-19 começou a desacelerar na cidade de São Paulo, entretanto, mesmo diante da melhora no indicador, o número de novos casos segue bastante elevado, portanto, a pressão no sistema de saúde deve continuar intensa nas próximas semanas.

A Ômicron é responsável por metade das infecções por Covid-19 em todo o mundo. Países na Ásia e na Europa têm registrado nos últimos dias um aumento no número de casos causados pela subvariante BA.2. Segundo a OMS, esta tem se tornado dominante nas Filipinas, Nepal, Catar, Índia e Dinamarca. Na Inglaterra, mais de mil casos dessa nova variante foram identificados, entretanto, não há dados que sugiram que ela leve a uma doença mais grave do que as subvariantes anteriores da Ômicron. Nesse contexto, nossa avaliação é que o recrudescimento da pandemia no Brasil por conta de novas variantes altamente transmissíveis acende um alerta para o risco de sobrecarga do sistema de saúde brasileiro. Diante das evidências de que a vacinação é fundamental para evitar o desenvolvimento de casos graves da doença, acreditamos que a vacinação segue como a principal medida de proteção sanitária e econômica. Portanto, diante do processo de vacinação com doses de reforço que ainda se encontra em estágio inicial e do forte aumento no número de casos, o risco de sobrecarregamento do sistema saúde não pode ser descartado.

Agenda da Semana

Frequência Mensal – Indústria

Indústria: Na última semana foram divulgados os dados da Pesquisa Industrial Mensal referentes ao mês de dezembro. Nesse sentido, foi observado um avanço de 2,9% m/m na margem, melhor que o projetado pelo mercado, que aguardava avanço de 1,6% m/m. Esse foi o primeiro resultado positivo após uma sequência de seis taxas negativas consecutivas. No mês o destaque vai para a produção de veículos e produção de alimentos que avançaram 12,2% e 2,9%, respectivamente. O primeiro vem apresentando recuperação nos últimos 4 meses, devido a gradual recuperação do fornecimento de semicondutores, acumulando alta de 17,4% no período. Já a produção de alimentos foi positivamente impactada pela produção de açúcar e pela volta das exportações de carne bonina para China. Com o resultado de dezembro, a indústria apresenta crescimento de 3,9% no ano, porém é relativamente baixo diante da base de comparação deprimida em 2020. Para janeiro, o PMI industrial apresentou recuo de 2 pontos em relação ao mês anterior, se mantendo pelo terceiro mês consecutivo abaixo do nível neutro (50), indicando recuo do setor no mês. Este foi o pior resultado para o indicador em 20 meses e reflete o avanço da Ômicron que impactaram a produção e a carteira de pedidos negativamente. Soma-se a isso a manutenção dos custos de produção em patamar bastante elevado, que gera uma perspectiva negativa para o setor nos próximos meses.

Setor de Serviços

Serviços: Na última semana foram divulgados os dados do PMI de serviços que ficou 2,8 p.p. acima do nível neutro (50), indicando continuidade da expansão do setor no mês de janeiro, entretanto, desacelerou em relação aos meses anteriores em 0,8 p.p. refletindo os impactos do recrudescimento da pandemia no mês. Nesta semana, teremos a divulgação da Pesquisa Mensal de Serviços referentes ao mês de dezembro. Nesse sentido, devido a trajetória de arrefecimento da pandemia observada no mês e do efeito calendário das festas de fim de ano, que devem ter impulsionado a recuperação do segmento de serviços prestados às famílias, nossas projeções apontam para expansão de 1,5% m/m e 10,6% a/a.

Setor de Varejo

Varejo: Na última semana foi divulgada as Consultas à Inadimplência que avançaram 5% m/m em relação ao mês imediatamente anterior. Já a variação interanual avançou 6,4% a/a em relação a janeiro de 2021. Ademais, nesta semana teremos a divulgação dos dados da Pesquisa Mensal do Comércio referentes ao mês de dezembro. Nesse sentido, diante do cenário de elevado nível inflacionário, de uma taxa de desemprego que se encontra em um patamar alto, do encarecimento de crédito devido ao ciclo de aperto de política monetária e da substituição do consumo de bens por serviços com o arrefecimento da pandemia. Nossas projeções apontam para um recuo de -0,7% m/m do varejo restrito (excluí vendas de veículos e material de construção) na comparação mensal e de -3,5% a/a no interanual. Por outro lado, para o conceito ampliado, acreditamos que o setor apresentará uma expansão de 0,7% m/m, refletindo a recuperação da produção de veículos observada nos últimos meses. Entretanto, devido ao efeito base bastante depreciado, o indicador deve recuar -2,0% a/a em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Demais Indicadores

Demais Indicadores: Na próxima semana teremos a divulgação do índice de atividade do Banco Central (IBC-Br). Nesse sentido, diante da surpresa positiva do resultado da indústria no mês e a expectativa de um avanço significativo do setor de serviços no período, nossas projeções apontam para um avanço de 0,4% m/m e 0,8% a/a.

Mercado de Trabalho

Mercado de Trabalho: Na última semana, tivemos a divulgação dos dados do Caged para o mês de dezembro em que foi registrado a destruição líquida de 265,8 mil postos de trabalho formal, resultado pior que o esperado pelo mercado, que projetava um saldo liquide negativo de -171 mil. Vale destacar que o mês de dezembro, por conta da sazonalidade do mercado de trabalho, costuma apresentar saldo líquido negativo. No mês apenas o setor de comércio apresentou criação líquida em dezembro (9 mil). O destaque negativo vai para a indústria de transformação em que houve destruição de 88 mil postos de trabalho. Com este resultado, no ano de 2021, foram criadas 2,7 milhões de postos de trabalho formal, ante destruição de 191,4 mil em 2020. Com destaque para o setor de serviços (1,2 milhão) e de comércio (643,7 mil). O salário médio real de admissão ficou em R$ 1.793, um aumento real de 0,1% em relação ao mês anterior, porém, no ano, apresentou queda real de 6,1%.

Sobre o IAG

O Índice de Atividade da Genial (IAG) é um indicador de frequência diária que tem como objetivo monitorar o ritmo de recuperação da atividade econômica brasileira.

Esse índice diário não se propõe a ser uma proxy do PIB, ou seja, não substitui o modelo de projeção de PIB da Genial (o qual inclui muitas outras variáveis econômicas de frequência mensal).  Dessa forma, um indicador não substitui o outro, são duas formas complementares de acompanhar a retomada do nível de atividade. O IAG tem frequência diária e se propõe a acompanhar a evolução da velocidade da retomada da atividade no dia a dia, enquanto a nossa projeção de PIB dá uma ideia do cenário como um todo, e é calibrado para gerar estimativas para os trimestres à frente.

O IAG tem alta correlação com índices mensais de atividade e possui alto poder preditivo sobre as variações mensais do IBC-BR (indicador mensal de atividade divulgado pelo Bacen).

O IAG é construído por uma média ponderada dos seguintes dados de frequência diária: consumo de energia elétrica, indicadores de mobilidade urbana da Apple, emissão de notas fiscais eletrônicas no estado do Rio Grande do Sul e número de voos diários no Brasil.[1]

O índice é construído de forma que toma o valor de 100 para o nível de atividade médio antes do surto de COVID-19 (entre 1º de janeiro e 15 de março). Dessa forma, o IAG representa o nível de atividade corrente em relação ao período pré-surto.


[1] Os valores defasados do IAG podem mudar em decorrência de alterações na divulgação de dados da Apple, ONS, Fenabrave ou Air Radar. É natural que haja revisão de dados das fontes citadas, por isso o IAG defasado pode ter alterações. Também pode haver alterações devido a divergências no horário de divulgação dessas diferentes fontes. Contudo as alterações tendem a ser pequenas, de forma que não influenciam a tendência 10-15 dias do índice.

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