Resumo: O IAG avançou tanto na sua variação diária, quanto na média móvel de 7 dias. Com este resultado, o indicador se encontra 14,6 p.p. acima do nível pré-pandemia e apresenta avanço de 6,1 p.p. em relação ao número observado há 30 dias. Os indicadores que compõem o IAG apresentaram resultados mistos. Por um lado, contribuições positivas foram observadas no consumo de energia, na mobilidade urbana e no número de voos domésticos. Em contrapartida, a arrecadação recuou na margem, retornando ao patamar abaixo do observado antes do início da pandemia.
Pandemia e Vacinação
Na última semana, o total de doses aplicadas alcançou o patamar de 397,5 milhões, ante 390,5 milhões em nossa leitura anterior, de modo que o percentual da população vacinada com pelo menos dose alcançou o patamar de 82,5% da população total brasileira, um aumento de 0,7 p.p. em relação à leitura anterior. No que lhe concerne, a média móvel (MM7D) de doses aplicadas avançou ao passar de 525,8 mil para 979,6 mil. Ademais, o percentual da população com esquema vacinal completo alcançou o patamar de 74,4% da população, um aumento de 0,9 p.p. em relação à semana anterior. Por fim, o total da população com esquema vacinal de reforço atingiu 33,2% da população, avançando 1,7 p.p. em relação ao número de 7 dias atrás. Nossa avaliação é que a aceleração dos avanços na campanha de vacinação reflete o fim do efeito calendário do carnaval, que por conta do feriado reduz a aplicação de novas doses. Diante do retorno à normalidade, acreditamos que nas próximas semanas o número de doses aplicadas deve permanecer estável no patamar atual.
No que diz respeito ao avanço da pandemia no Brasil, na última semana, observamos uma leve piora na média móvel de novos casos, refletindo o fim do efeito calendário do carnaval e a divulgação de dados represados. Mesmo diante da piora deste indicador, a pandemia segue em trajetória de queda, reforçando a avaliação de que o pico da transmissão de Covid por conta da variante Ômicron foi superada, de modo que, nas próximas semanas devemos continuar observando a melhora deste indicador. Por um lado, a média móvel de novos casos saiu de 40,7 mil para 45,6 mil, uma piora de 12,1% em relação à semana passada. Na mesma direção, a média móvel de óbitos ficou próxima à estabilidade ao passar de 426 para 429, também influenciada pela divulgação de dados represados. Com o fim do efeito calendário e a normalização da divulgação de dados referentes a novos casos e mortes, acreditamos que nas próximas semanas, devido à proteção fornecida pelas vacinas, os indicadores da pandemia deverão se manter em trajetória de rápido arrefecimento, se aproximando dos patamares observados antes do surto causado pela Ômicron. Ademais, os indicadores para o Estado de São Paulo seguem apontando para o arrefecimento da pandemia no Estado, visto que a média móvel de novas internações segue recuando e já se encontra no patamar observado no período pré-Ômicron ao passar de 337 para 285, uma melhora de 15,4% em relação à semana anterior. Já a média móvel de internados em leitos de UTI saiu de 1585 para 1108, recuando 30% em 7 dias.
Embora os indicadores tenham apresentado uma leve piora na última semana, acreditamos que a trajetória de arrefecimento da pandemia será mantida nas próximas semanas, assim como observado no resto do mundo. Nesse sentido, diversos Estados vêm estudando a retirada da obrigatoriedade do uso de máscaras, além disso, o Ministério da Saúde parece estar próximo de rebaixar o status da Covid-19 de pandemia para endemia, isto é, reconhecer que a enfermidade estará presente no Brasil permanentemente, com números constantes por vários anos. Dessa forma, avaliamos que nas próximas semanas devemos observar o fim das medidas restritivas adotas para combater a pandemia graças à proteção sanitária decorrente da ampla campanha vacinal. Além disso, os indicadores de atividade econômica apontam para recuperação a partir do mês de fevereiro, e devem se manter nesta trajetória acompanhando o arrefecimento da pandemia, ficando em linha com nosso cenário de recuperação dos segmentos mais dependentes de interação entre as pessoas ao longo de 2022.
Agenda da Semana
Frequência Mensal – Indústria
Indústria: Na última semana tivemos a divulgação dos dados da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE referentes ao mês de janeiro. Nesse sentido, a produção industrial recuou 2,4% m/m, pior que o projetado pelo mercado, que aguardava contração de 1,8% m/m. O destaque foi a queda na produção de veículos e a indústria extrativa que contraíram 17,4% m/m e 5,2% m/m, respectivamente. O primeiro foi afetado pela intensificação dos desarranjos nas cadeias globais de produção diante do impacto da variante Ômicron e da dificuldade da obtenção de insumos (semicondutores). Já a atividade extrativa foi impactada pelas fortes chuvas ocorridas em Minas Gerais que provocaram a paralisação de alguns dias na produção de minério de ferro durante o mês. A indústria apresentou queda em nove dos últimos treze meses. Os últimos meses foram marcados pelo desarranjo das cadeiras produtivas globais que provocaram forte escassez de matéria primas, por exemplo, semicondutores para indústria automotiva, tendo sido frequente a paralisação das plantas industriais ao longo do ano por falta de insumos importantes. A previsão de normalização para esses componentes (chips), que anteriormente era estimada ao final de 2022, pode ser postergada pelo início do conflito entre a Rússia e Ucrânia. Esses dois países são importantes produtores de paládio e gás neônio, insumos fundamentais para produção de chips. Ademais, tivemos divulgação dos dados da produção de veículos e tráfego pesado nas rodovias referentes ao mês de fevereiro. Ambos os indicadores apontam para uma recuperação do setor no mês com avanço de 8,1% m/m e 1,1% m/m.
Setor de Serviços
Serviços: Na última semana tivemos a divulgação do PMI de serviços do mês de fevereiro que ficou 4,7 pontos acima do nível neutro (50) pelo nono mês consecutivo, apontando para expansão do setor no mês. O resultado decorre das expansões mais fortes reportadas pelas empresas, diante do arrefecimento da pandemia ao longo do mês. Entretanto, as empresas seguiram apontando para aumentos das despesas operacionais em fevereiro, pressionadas pela inflação, sobretudo com os preços da energia, combustível e escassez de insumos, repassados aos consumidores. Na próxima semana, teremos a divulgação da pesquisa mensal de serviços referentes ao mês de janeiro. Nesse sentido, por conta do recrudescimento da pandemia no mês e da forte queda da produção industrial no período, que reduz a demanda por serviços de transportes de cargas, acreditamos que o índice apresentará desaceleração após dois meses de significativa expansão. Entretanto, devido ao bom desempenho da criação de vagas de emprego formal e da inflação de serviços, o setor apresentará um leve avanço de 0,4% m/m.
Setor de Varejo
Varejo: Na última semana tivemos a divulgação dos dados da pesquisa mensal do comércio do IBGE referentes ao mês de janeiro. Nesse sentido, o volume de vendas do varejo surpreendeu positivamente o mercado com avanço de 0,8% m/m, entretanto, este resultado foi influenciado pela forte revisão para o número de dezembro que passou de recuo de 0,1% m/m para -1,9% m/m, portanto colaborando com a expansão no mês por conta do efeito base. O varejo se encontra 1,0% abaixo do nível pré-pandemia, enquanto o varejo ampliado (incluí vendas de veículos e de material de construção) se encontra 1,6% abaixo. Embora o resultado tenha sido positivo no mês, cinco das oito atividades pesquisadas apresentaram baixas. O destaque no mês foi o forte avanço dos artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria que apresentaram expansão de 3,8% m/m e outros artigos de uso pessoal e doméstico com avanço de 9,4% m/m. Por sua vez, o volume de vendas do varejo ampliado recuou 0,3% m/m, vindo melhor que o consenso de mercado que era de contração de 1,2% m/m. Contribuíram para este resultado os recuos de 1,9% m/m e 0,3% m/m na atividade de veículos e de material de construção, respectivamente. Nossa avaliação é que o comércio enfrenta um cenário econômico adverso diante do ciclo de alta de juros, elevada inflação e taxa de desemprego, além do arrefecimento da pandemia que tende a beneficiar o consumo de serviços em detrimento ao de bens. Portanto, diante dos problemas citados e do conflito entre a Rússia e a Ucrânia que deve piorar os desarranjos nas cadeias globais de produção, acreditamos que o setor apresentará uma performance negativa ao longo do ano, porém próxima à estabilidade.
Demais Indicadores
Demais Indicadores: Na próxima semana, teremos a divulgação do índice de atividade do Banco Central (IBC-Br) referentes ao mês de janeiro. Nesse sentido, devido ao desempenho negativo da indústria e do varejo ampliado ao longo do mês e da nossa expectativa de leve expansão do setor de serviços, acreditamos que o índice ficará próximo à estabilidade com recuo de 0,1% m/m, refletindo os problemas que vêm afetando os principais setores que compõem o indicador. Ademais, tivemos a divulgação do índice de confiança do consumidor da Fecomercio para o mês de fevereiro que recuou pelo quinto mês consecutivo (-5,6% m/m), refletindo os impactos da elevada inflação, taxa de desemprego, aumento da inadimplência e do custo do crédito.
Mercado de Trabalho
Mercado de Trabalho: Na última semana, tivemos a divulgação da criação de empregos formais (Caged) do mês de janeiro. Nesse sentido, foi registrado geração líquida de 155,2 mil postos de trabalho, resultado levemente melhor que o esperado pelo mercado (150 mil). O resultado foi impulsionado pelo setor de serviços, responsável pela criação de 100,8 mil vagas, além da indústria e construção que geraram 48,8 mil e 36,8 mil vagas, respectivamente. Em contrapartida, o único setor que apresentou queda foi o comércio com a destruição de 60,1 mil postos de trabalho, porém por características sazonais do setor, que costuma apresentar resultados fracos no mês. Na próxima semana, teremos a divulgação da PNAD contínua referente ao mês de janeiro. Nesse sentido, a taxa de desemprego deve apresentar pequena expansão para 11,3% no trimestre encerrado em janeiro, diante do efeito da sazonalidade no mês e do recrudescimento da pandemia que deve limitar a recuperação que vinha sendo observado nas leituras anteriores.
Sobre o IAG
O Índice de Atividade da Genial (IAG) é um indicador de frequência diária que tem como objetivo monitorar o ritmo de recuperação da atividade econômica brasileira.
Esse índice diário não se propõe a ser uma proxy do PIB, ou seja, não substitui o modelo de projeção de PIB da Genial (o qual inclui muitas outras variáveis econômicas de frequência mensal). Dessa forma, um indicador não substitui o outro, são duas formas complementares de acompanhar a retomada do nível de atividade. O IAG tem frequência diária e se propõe a acompanhar a evolução da velocidade da retomada da atividade no dia a dia, enquanto a nossa projeção de PIB dá uma ideia do cenário como um todo, e é calibrado para gerar estimativas para os trimestres à frente.
O IAG tem alta correlação com índices mensais de atividade e possui alto poder preditivo sobre as variações mensais do IBC-BR (indicador mensal de atividade divulgado pelo Bacen).
O IAG é construído por uma média ponderada dos seguintes dados de frequência diária: consumo de energia elétrica, indicadores de mobilidade urbana da Apple, emissão de notas fiscais eletrônicas no estado do Rio Grande do Sul e número de voos diários no Brasil.[1]
[1] Os valores defasados do IAG podem mudar em decorrência de alterações na divulgação de dados da Apple, ONS, Fenabrave ou Air Radar. É natural que haja revisão de dados das fontes citadas, por isso o IAG defasado pode ter alterações. Também pode haver alterações devido a divergências no horário de divulgação dessas diferentes fontes. Contudo as alterações tendem a ser pequenas, de forma que não influenciam a tendência 10-15 dias do índice.