Pandemia
No Brasil, na última sexta-feira, a média móvel de mortes causadas pela covid-19 no Brasil ficou em 86, uma variação de 138% em comparação a 14 dias atrás e a maior marca em 54 dias. Todas as regiões do país acompanham a tendência nacional de alta na média móvel de mortes: Centro-Oeste (230%), Nordeste (270%), Norte (41%), Sudeste (105%) e Sul (207%). Além disso, a taxa de positividade dos testes apresentou aumento de 110% na última semana e está há três semanas em alta e, como consequência já é o 8º dia seguido em que a média de casos conhecidos está acima de 20 mil novos casos diários.
A China informou que está otimizando e refinando sua resposta ao novo surto de covid-19 no país, à medida em que a patogenicidade da variante Ômicron enfraquece, o que está sendo chamado de “nova fase” exatamente três anos depois que o primeiro doente de covid-19 foi identificado em Wuhan.
Na quarta-feira (30), foram confirmados 4.080 casos de covid-19 transmitidos localmente na China continental e outros 31.720 casos informados de infecções assintomáticas. Os distritos de Haizhu, Tianhe, Panyu e Liwan em Guangzhou, capital da província de Guangdong, no sul da China, suspenderam todas as medidas temporárias de controle na terça-feira. Desde ontem, medidas diferenciadas de controle foram adotadas para a retomada ordenada da vida normal e da produção em quatro distritos, uma zona de desenvolvimento de alta tecnologia e um parque industrial em Shijiazhuang, capital da província de Hebei, no norte do país. Na capital também houve amenização das medidas de em complexos residenciais determinados e foi permitido que os supermercados em áreas com relatos de casos reabrissem, após um fechamento de um dia.
As atividades industriais tentam também voltar à normalidade. O jornal South China Morning Post, de Hong Kong, informou que startup Nio, de carros elétricos, conseguiu reduzir de 23 semanas para um prazo de 13 a 15 semanas as entregas de seus veículos. A unidade fabril localizada em Hefei teve cinco paralisações neste ano – a mais recente em outubro – tanto pelas medidas quanto pela fala de componentes para a montagem. Os distritos de Tianhe, Haizhu e Liwan, em Guangzhou, anunciaram a reabertura de restaurantes, cinemas e outros locais fechados e semifechados desde quarta-feira. Muitas empresas de catering também retomaram os serviços de jantar, enquanto alguns centros de fitness e natação também reabriram.
Atividade – Produto Interno Bruto
O PIB brasileiro avançou 0,4% t/t no terceiro trimestre de 2022 comparado ao trimestre imediatamente anterior, na série com ajusta sazonal, ficando no patamar mais elevado da série histórica. O resultado veio pior do que o projetado pelo mercado que tinha como expectativa um avanço de 0,6% t/t. No acumulado no ano, o PIB avançou 3,2% frente ao mesmo período de 2021. Com a divulgação dos números do terceiro trimestre e as revisões nos trimestres anteriores, o produto se encontra 4,5% acima do patamar pré-pandemia, deixando um carrego estatístico de 3,1% para o ano de 2022.
Os destaques ficaram por conta do bom desempenho do setor de serviços que se expandiu 1,1% t/t na margem, o nono trimestre consecutivo de avanço na margem, em linha com os números observados na Pesquisa Mensal de Serviços que apontou para uma significativa expansão do setor (3,2% t/t) no mesmo período. Por sua vez, a indústria apresentou alta de 0,8% t/t, refletindo o sólido desempenho do setor de construção civil. Pelo lado da demanda, tivemos um bom desempenho do consumo das famílias com alta de 1,0% t/t, ante 2,1% t/t no trimestre imediatamente anterior refletindo os efeitos de uma política monetária mais contracionista que atua limitando os efeitos positivos da recuperação do mercado de trabalho e da aprovação de medidas de impulso à demanda.
Além disso, vale destacar o bom desempenho nos investimentos (formação bruta de capital fixo) que avançaram 2,8% t/t, que se encontra 20% acima do nível pré-pandemia, impactados positivamente pelas altas da construção, desenvolvimento de softwares e pela importação de bens de capital. Por fim, a taxa de investimento como proporção do PIB avançou para 19,6%, sendo o maior nível desde o terceiro trimestre de 2014. Na nossa avaliação esse fato reflete os impactos positivos das reformas microeconômicas aprovadas nos últimos anos que pavimentaram um ambiente favorável para a expansão do investimento privado em diversas áreas. Na média móvel de 4 trimestres, a taxa de investimento atingiu o patamar de 18,8% do PIB, enquanto isso a taxa de poupança recuou para 16,8% do PIB, refletindo os efeitos da política monetária contracionista.
Com este resultado, de forma preliminar, projetamos expansão do PIB de 0,1% t/t no quarto trimestre, de modo que, o PIB deve crescer 3,0% em 2022. Acreditamos que a desaceleração no último trimestre refletirá os impactos da política monetária que já pode ser observado nas desacelerações na margem das pesquisas setoriais de frequência mensal, limitando os ganhos potenciais da recuperação do mercado de trabalho e das medidas de impulso à demanda aprovadas nos últimos meses. Para 2023, devido ao elevado grau de incerteza em torno da política econômica a ser adotada pelo próximo governo, sobretudo no que diz respeito ao arcabouço fiscal e da agenda de reformas, mantemos a projeção de crescimento de 0,8% com viés de baixa.
Agenda da Semana
Frequência Mensal – Indústria
Indústria: Na última semana, tivemos a divulgação da Sondagem da Indústria da FGV referente ao mês de novembro e da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE referente ao mês de outubro. O indicador registrou contração de 3,8% m/m na passagem de outubro para novembro, alcançando o patamar de 92,1 pontos, o pior resultado desde jul/20. Este foi o terceiro resultado negativo consecutivo e reflete a piora disseminada entre os segmentos pesquisados. Houve deterioração tanto das percepções sobre a situação atual decorrente de uma piora da demanda quanto das expectativas para os próximos meses, relacionada a um cenário macroeconômico adverso para o Brasil no próximo ano. Já o índice de atividade do IBGE registrou expansão de 0,3% m/m, em linha com o consenso de mercado, o resultado decorreu da expansão de 0,6% m/m da indústria extrativa, após recuo de 1,4% m/m em setembro e da estabilidade na indústria de transformação (0,0% m/m). Dentre os destaques positivos no mês estão os produtos alimentícios (4,8% m/m) e metalurgia (4,6% m/m). Na variação interanual, o setor acumulou alta de 1,7% a/a, acumulando quedas de 0,8% no ano e de 1,4% nos últimos 12 meses. Com este resultado, o setor industrial se encontra 2,1% abaixo do patamar pré-pandemia (fev/20) e 18,4% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011. Em termos de nível de produção, o resultado de outubro é equivalente à de janeiro de 2009. O carrego estatístico para o ano de 2022 ficou em -0,7%, enquanto para o último trimestre ficou em -0,4%. Embora o resultado de outubro tenha interrompido com uma sequência de duas contrações consecutivas da atividade industrial, a alta concentrada em apenas 7 dos 26 ramos pesquisados sinaliza a perda de dinamismo da indústria frente ao cenário macroeconômica mais adverso. Acreditamos que a combinação de uma política monetária contracionista marcada por uma forte elevação da taxa de juros; o elevado nível de inadimplência; e a normalização do perfil de consumo de bens para serviços limitarão o desempenho do setor nos próximos meses. Além disso, setores mais sensíveis à dinâmica de atividade global seguem pressionando a atividade industrial para baixo, diante do aumento do risco de uma desaceleração mais acentuada. Soma-se a isso, as incertezas em torno da política econômica a ser adotada pelo próximo governo que pode impactar os setores mais sensíveis ao investimento privado (bens de capital). Para o próximo mês, o conjunto de indicadores antecedente apontam para um desempenho negativo, haja vista a contração de 14% m/m da Sondagem da Indústria da CNI e de -3,8% m/m da Sondagem da Indústria da FGV.
Setor de Serviços
Serviços: Na última semana, foram divulgados a Sondagem de Serviços e o Índice de Confiança Empresarial da FGV referentes ao mês de novembro. Nesse contexto, o primeiro apresentou forte contração na margem ao recuar 5,4% m/m, atingindo o patamar de 93,7 pontos e acumula perda de 8,0 pontos nos últimos dois meses, retornando ao menor nível desde mar/22. Este resultado reflete o elevado grau de incerteza sobre as políticas a serem adotadas nos próximos meses como o principal fator limitador de expansão do setor, elevando as incertezas do cenário de curto prazo e gera um ambiente macroeconômico mais delicado em 2023. Na mesma direção, o índice de Confiança Empresarial registrou contração de 6,8% m/m, ficando em 91,5 pontos, o menor nível desde fev/22. Este resultado reflete a percepção da desaceleração do nível de atividade corrente e da perspectiva de manutenção desta trajetória nos próximos meses. A elevação do pessimismo também parece envolver as incertezas em relação à política econômica a ser implementada no próximo governo.
Setor de Varejo
Varejo: Na última semana, tivemos a divulgação da Sondagem do Comércio da FGV referente ao mês de novembro. Nesse sentido, o indicador registrou forte contração de 11,0% m/m, atingindo o nível de 87,2 pontos, o menor patamar desde abr/22. A deterioração da confiança do comércio chama atenção pela intensidade de sua queda. Esta reflete a percepção da desaceleração da atividade econômica corrente que deve ser manter nos próximos meses, em linha com um cenário mais restritivo de política monetária e inflação elevada. Soma-se a este cenário, as incertezas em torno da política econômica do próximo governo, limitando a melhora dos negócios nos próximos meses. Na próxima semana, teremos a divulgação da Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE referente ao mês de outubro. Nesse sentido, diante da deterioração dos indicadores antecedentes que vem apontando para uma desaceleração do setor diante da elevação do custo do crédito e do nível de inadimplência, acreditamos que os ventos favoráveis (recuperação do mercado de trabalho e expansão do Auxílio Brasil) terão efeitos limitados sobre a demanda por bens. Além disso, a normalização do padrão de consumo de bens para serviços é um fator adicional limitante para o desempenho do setor. Nossas projeções apontam para uma expansão de 0,3% m/m do varejo no conceito restrito e de 0,6% m/m no conceito ampliado.
Demais Indicadores
Demais Indicadores: Na última semana, tivemos a divulgação das Sondagens da Construção e do Consumidor da FGV referentes ao mês de novembro. Nesse contexto, o primeiro registrou uma forte contração no mês (-5,3% m/m), a maior queda na margem desde abril de 2020 e o menor nível desde março de 2022. Este resultado refletiu a piora da percepção em relação a demanda para os próximos meses, que pode estar associado aos resultados das eleições, sobretudo das incertezas em relação à política econômica do próximo governo. Na mesma direção, a Confiança do Consumidor recuou 3,7% m/m, o segundo mês consecutivo de contração, ficando no menor nível desde agosto. Este resultado foi reflexo do aumento do pessimismo das famílias sobre a saúde financeira nos próximos meses, refletindo o encarecimento do custo do crédito e a elevação no nível de inadimplência. Na próxima semana, teremos a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado pelo IBGE referente ao terceiro trimestre de 2022. Nesse sentido, diante do bom desempenho dos indicadores mensais, sobretudo de serviços (3,2% t/t) e do índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br), o PIB deve registrar avanço pelo terceiro trimestre consecutivo em 2022. Além disso, diante da forte trajetória de expansão do mercado de trabalho e da aprovação de medidas de impulso à demanda, acreditamos que, pelo lado da demanda, a absorção interna deve registrar expansão no período, com destaque para a formação bruta de capital fixo, que deve contribuir positivamente para o crescimento no trimestre. Nossos modelos apontam para expansão do PIB de 0,7% t/t e de 4,0% a/a, sendo este resultado consistente com uma projeção de crescimento do PIB de 3,0% em 2022.
Mercado de Trabalho
Mercado de Trabalho:Na última semana, tivemos a divulgação dos dados do mercado de trabalho da PNAD contínua e de criação de empregos formais (Caged) referentes ao mês de outubro. De acordo com o IBGE, no trimestre móvel encerrado em outubro a taxa de desemprego ficou em 8,3%. Desse modo, o resultado veio melhor do que as expectativas do mercado, cuja mediana mostrava 8,5% (Broadcast+). Tal resultado corresponde a uma queda de 0,8 p.p. em relação ao trimestre anterior (maio a julho) e de 3,8 p.p. em relação com o mesmo período de 2021. Por mais um mês consecutivo o mercado de trabalho mostrou sua força. Tanto o rendimento real habitual como a massa salarial mostraram ganhos significativos. De modo semelhante, a população ocupada atingiu novamente o recorde da série histórica e a taxa de informalidade caiu. Além disso, a taxa de ocupação avançou por mais um mês e a taxa composta de subutilização ficou em 19,5%, o menor patamar desde o trimestre móvel encerrado em janeiro de 2016, ao passo que a população subutilizada caiu 6,7% (menos 1,6 milhão) no trimestre e 24,2% (menos 7,2 milhões) no ano. No que se refere à força de trabalho, esta se manteve próxima da estabilidade ao avançar apenas 0,1% em relação ao trimestre móvel imediatamente anterior (mais 136 mil pessoas). Contudo, se expandiu 1,7% (correspondendo a 1,8 milhão de pessoas) frente ao mesmo período de 2021, alcançando 108,7 milhões de pessoas. Já a população ocupada avançou 1% na mesma base de comparação e 6,1% no ano, haja vista que mais 5,7 milhões de pessoas agora compõem a população ocupada. Além disso, houve uma redução de 859 mil pessoas na população desocupada, o que representa uma queda de 8,7% em relação ao trimestre móvel findo em julho. No que se refere ao rendimento médio e à massa salarial, houve um crescimento de 2,9% e 4%, respectivamente, na comparação trimestre a trimestre. Já na comparação ano a ano, houve um crescimento de 4,7% do rendimento real habitual (o qual somou R$ 2,754 mil) e de 11,5% da massa salarial (R$ 269,5 bilhões). Por sua vez, os dados do Caged apontaram para geração líquida de 159,5 mil postos de trabalho formal, resultado pior que o esperado pelo mercado, que projetava saldo líquido de 210 mil (Bloomberg). Houve admissão de 1,79 milhões e demissão de 1,63 milhão de trabalhadores no período. Na variação interanual, o saldo líquido foi menor em 93 mil vagas (de 252,5 mil para 159,5 mil), principalmente impactado pelo desempenho mais fraco do setor de serviços (-55,9 mil) e do comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (-20,6 mil). No ano, foram geradas 2,320 milhão de vagas, ante 2,756 milhões no mesmo período do ano passado. No acumulado em 12 meses, entre os maiores grupos econômicos, é possível perceber uma desaceleração disseminada no saldo acumulado de empregos formais. O setor industrial e o comércio já vêm apresentando perda de dinamismo há alguns meses, diante do contexto macroeconômico mais adverso e da normalização do perfil de consumo no pós-pandemia que beneficia o setor de serviços. Na mesma direção, o setor de serviços segue apresentando perda de dinamismo, com cinco recuos consecutivos na criação de vagas de emprego no acumulado em 12 meses, na passagem de setembro para outubro, esta queda foi de 4,1% m/m.