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Publicado em 02 de Março às 13:23:27

Monitor de Atividade: PIB brasileiro deve avançar 4,7% em 2021

Resumo: O IAG recuou na sua variação diária, entretanto, devido aos resultados positivos dos últimos dias, sua média móvel segue avançando. Com este resultado o indicador se encontra 12,8 p.p. acima do nível pré-pandemia e apresenta avanço de 6,2 p.p. em relação ao número observado há 30 dias. Os indicadores que compõem o IAG tiveram resultados mistos. Por um lado, a arrecadação e a mobilidade urbana (a pé e de carro) contribuíram positivamente para o cálculo do índice. Vale destacar que o forte avanço nos indicadores de locomobilidade reflete o efeito calendário do carnaval, portanto, acreditamos que nos próximos dias devemos observar a queda destes números com o fim do efeito sazonal. Em contrapartida, o consumo de energia e o número de voos domésticos recuaram na margem.

Pandemia e Vacinação

Na última semana, o total de doses aplicadas alcançou o patamar de 387,9 milhões, ante 380,3 milhões em nossa leitura anterior, de modo que o percentual da população vacinada com pelo menos dose alcançou o patamar de 81,6% da população total brasileira, um aumento de 0,8 p.p. em relação à leitura anterior. No que lhe concerne, a média móvel (MM7D) de doses aplicadas recuou ao passar de 1051,8 mil para 812,2 mil. Ademais, o percentual da população com esquema vacinal completo alcançou o patamar de 73,2% da população, um aumento de 0,7 p.p. em relação à semana anterior. Por fim, o total da população com esquema vacinal de reforço atingiu 30,7% da população, avançando 2,0 p.p. em relação ao número da semana anterior. Nossa avaliação é que, a desaceleração da campanha de vacinação, sobretudo das doses de reforço, reflete o efeito calendário do carnaval, portanto, nos próximos dias, devemos observar a aceleração desses indicadores.

No que diz respeito ao avanço da pandemia no Brasil, na última semana, observamos a manutenção da trajetória de queda no número de casos pela terceira semana consecutiva. Este diagnóstico reforça a avaliação de que o pico de transmissão de Covid por conta da variante Ômicron foi superada, de modo que, nas próximas semanas devemos continuar observando uma melhora deste indicador. A média móvel de novos casos saiu de 106 mil para 61,4 mil, melhora de cerca de 42,1% em relação à leitura anterior. Na mesma direção, a média móvel de novos óbitos também melhorou em relação à nossa leitura anterior ao passar de 835 para 560, recuando 32,9% no mesmo período. Ademais, os indicadores para o Estado de São Paulo reforçam nossa visão de que entramos em uma trajetória de arrefecimento da pandemia, visto que tanto a média móvel de novas internações quanto de internados em leitos de UTI se mantiveram em tendência decrescente pela terceira semana consecutiva. Para o primeiro, tivemos que a média móvel saiu de 667 para 436, uma melhora de cerca de 34,6%. Já a média móvel de internados em leitos de UTI saiu de 2688 para 1890, uma melhora de 29,7% em relação à última leitura.

A média móvel de casos no Brasil se encontra em trajetória de queda desde o trigésimo dia após o início da nova onda causada pela variante Ômicron. Nesse contexto, nossa avaliação é que seguindo na atual tendência de arrefecimento, o número de casos retornará ao patamar observado no período pré-Ômicron no início de abril. Entretanto, avaliamos que a forte queda observada nos últimos dias reflete o efeito calendário do carnaval, portanto, acreditamos que nos próximos dias os indicadores da pandemia devem apresentar um leve recrudescimento devido ao fim do efeito sazonal.

Nesse contexto, nossa avaliação é que o recrudescimento da pandemia no Brasil por conta da variante Ômicron não refletiu em um aumento de mesma magnitude no número de óbitos, tampouco na sobrecarga do sistema de saúde, por conta da proteção fornecida pela ampla vacinação da população brasileira. Portanto, acreditamos que a ampla disponibilidade de vacinas e o avanço da aplicação de doses de reforço são fatores-chave que permitem que continuemos nesta trajetória de arrefecimento que vinha sendo observada até dez/21. Nosso cenário econômico é baseado no avanço da vacinação ao longo de 2022 e da proteção sanitária e econômica fornecida pelas vacinas que permitirá com que os setores mais dependentes da interação entre pessoas (serviços) retornem aos níveis observados durante o pré-pandemia, sendo um importante fator de crescimento do PIB em 2022.

Agenda da Semana

Frequência Mensal – Indústria

Indústria: Na última semana, tivemos a divulgação da Sondagem da Indústria da FGV referentes ao mês de fevereiro. Nesse sentido, o indicador recuou 1,7% m/m, mantendo a trajetória de queda que vem sendo observada há 7 meses. Com este resultado, o índice atingiu o menor nível desde julho de 2020, refletindo o aumento dos casos de Covid iniciados em jan/22, persistência dos gargalos nas cadeias globais de produção, elevado nível inflacionário e aumento dos custos de produção. No mês, tivemos piora tanto das avaliações sobre a situação atual quanto das perspectivas futuras. Além disso, o nível de utilização da capacidade instalada recuou 0,3% em relação à média de 2019.

Setor de Serviços

Serviços: Na última semana, tivemos a divulgação da Sondagem de Serviços e do Índice de Confiança Empresarial da FGV referentes ao mês de fevereiro. Nesse sentido, a sondagem do setor recuou 2,2% m/m, atingindo o menor nível desde maio de 2021. Com este resultado, o indicador segue em trajetória de queda pelo quarto mês consecutivo, refletindo a piora da percepção sobre o volume de serviços no período e das expectativas para os próximos meses, diante do surto de Covid causado pela variante Ômicron; elevado nível inflacionário e de desemprego; e da confiança do consumidor em patamar baixo.  Além disso, o índice de confiança empresarial apresentou recuo de 0,5% m/m, a quarta queda consecutiva para o menor nível desde abril/21. Este resultado decorreu do impacto da Ômicron sobre os setores da economia, sobretudo, das atividades presenciais e aponta para recuo da atividade econômica no primeiro bimestre do ano.

Setor de Varejo

Varejo: Na última semana, foram divulgados os dados da sondagem do comércio da FGV referentes ao mês de fevereiro. Nesse sentido, o indicador apresentou alta de 2,5% m/m, rompendo com a sequência de três meses consecutivos de queda. O resultado reflete a melhora das expectativas, entretanto, vale destacar que o setor enfrenta desafios que vêm atrapalhando sua recuperação (inflação, desemprego, ciclo de alta de juros, substituição de consumo de bens para serviços e escassez de produtos) impondo uma perspectiva negativa para os próximos meses. 

Demais Indicadores

Demais Indicadores: Na próxima semana teremos a divulgação do PIB do quarto trimestre de 2021. Nesse contexto, diante das surpresas positivas nos principais indicadores de atividade, sobretudo, de serviços nos últimos dois meses do ano ao acumular avanço de 4,1% m/m, beneficiado pelo arrefecimento da pandemia no período. Além disso, os resultados positivos no varejo ampliado, diante da breve recuperação da produção automobilística, também impõem uma perspectiva positiva para o crescimento do PIB no último trimestre. Nesse sentido, nossas projeções apontam para um crescimento de 0,2% t/t e 1,5% a/a. Com este resultado, o PIB deve avançar 4,7% no ano, principalmente, puxado pelos serviços e beneficiado pelo efeito base baixo do segundo trimestre de 2020.

Mercado de Trabalho

Mercado de Trabalho: Na última semana, tivemos a divulgação da PNAD contínua referente ao trimestre encerrado em dezembro. Nesse sentido, a taxa de desemprego ficou em 11,1%, melhor que a expectativa mediana de mercado de 11,3%. Houve queda de 3,0 p.p. em relação ao mesmo período do ano passado e -1,5 p.p. em relação ao terceiro trimestre de 2021. Com este resultado, o resultado para o mercado de trabalho em 2021 foi muito positivo, com a taxa de desemprego recuando de 14,2% para 11,1%, com elevação da força de trabalho em 6,1 milhões de indivíduos diante do crescimento da ocupação em 8,5 milhões de trabalhadores e redução de 2,4 milhões de desempregados. Vale destacar que a população ocupada e o número de desempregados já retornaram para patamares similares ao observado no período pré-pandemia. Em relação ao rendimento real, tivemos redução de 3,6% no rendimento médio habitual em comparação ao trimestre encerrado em setembro e de -10,8% na variação interanual. Já a massa de rendimentos, apresentou leve queda de 0,6% em relação ao mesmo período. Nossa projeção preliminar para o próximo mês aponta para uma taxa de desocupação de 11,3%, aumento decorrente da sazonalidade do indicador. Para 2022, projetamos uma taxa de desemprego de 10,8% ao final do ano.

Sobre o IAG

O Índice de Atividade da Genial (IAG) é um indicador de frequência diária que tem como objetivo monitorar o ritmo de recuperação da atividade econômica brasileira.

Esse índice diário não se propõe a ser uma proxy do PIB, ou seja, não substitui o modelo de projeção de PIB da Genial (o qual inclui muitas outras variáveis econômicas de frequência mensal).  Dessa forma, um indicador não substitui o outro, são duas formas complementares de acompanhar a retomada do nível de atividade. O IAG tem frequência diária e se propõe a acompanhar a evolução da velocidade da retomada da atividade no dia a dia, enquanto a nossa projeção de PIB dá uma ideia do cenário como um todo, e é calibrado para gerar estimativas para os trimestres à frente.

O IAG tem alta correlação com índices mensais de atividade e possui alto poder preditivo sobre as variações mensais do IBC-BR (indicador mensal de atividade divulgado pelo Bacen).

O IAG é construído por uma média ponderada dos seguintes dados de frequência diária: consumo de energia elétrica, indicadores de mobilidade urbana da Apple, emissão de notas fiscais eletrônicas no estado do Rio Grande do Sul e número de voos diários no Brasil.[1]

O índice é construído de forma que toma o valor de 100 para o nível de atividade médio antes do surto de COVID-19 (entre 1º de janeiro e 15 de março). Dessa forma, o IAG representa o nível de atividade corrente em relação ao período pré-surto.


[1] Os valores defasados do IAG podem mudar em decorrência de alterações na divulgação de dados da Apple, ONS, Fenabrave ou Air Radar. É natural que haja revisão de dados das fontes citadas, por isso o IAG defasado pode ter alterações. Também pode haver alterações devido a divergências no horário de divulgação dessas diferentes fontes. Contudo, as alterações tendem a ser pequenas, de forma que não influenciam a tendência 10-15 dias do índice.

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