Pandemia e Vacinação
Na última semana, o total de doses aplicadas alcançou o patamar de 456,2 milhões, ante 453,1 milhões em nossa leitura anterior, de modo que o percentual da população vacinada com pelo menos uma dose permaneceu estável. Ademais, o percentual da população com esquema vacinal completo alcançou o patamar de 80,1% da população, aumento de 0,1 p.p. em relação à semana anterior. No que diz respeito ao percentual da população que recebeu a dose de reforço, houve avanço de 1,3 p.p., alcançando o patamar de 53,0% da população brasileira.
Em 17 dias, julho já acumula quase 4 mil óbitos em decorrência da Covid-19: são 3.934 no total, uma média de 231 vítimas fatais por dia. Apesar de estarmos ainda na metade do mês, os números já superam o total registrado em todo o mês de abril (3.740) e maio (3.179). Com isso, a média móvel de mortes nos últimos 7 dias é de 250, figurando entre as três maiores desde o final de março, e completando duas semanas com o indicador acima de 200. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de 17%, indicando tendência de alta. Isso mostra que mesmo com o avanço da vacinação, o coronavírus segue sendo muito mais letal do que os vírus que causam gripe, que já circulam no mundo há mais tempo. Agora, essa letalidade está concentrada em grupos específicos: idosos, pessoas imunossuprimidas, crianças menores do que 1 ano e aqueles que, por qualquer motivo, não se vacinaram. Já o número de casos aponta para a desaceleração da curva de disseminação do coronavírus no país: há variação de apenas de 1,7% na comparação da média móvel deste domingo com os dados de duas semanas atrás, o que indica estabilidade.
Pelo menos cinco capitais brasileiras devem iniciar a imunização contra a Covid-19 de crianças de 3 a 4 anos com a vacina Coronavac a partir de hoje. São elas: Salvador, Fortaleza, Boa Vista, Manaus e Belém, segundo levantamento feito pela imprensa. As demais capitais ainda aguardam orientação do Ministério da Saúde, que prepara uma nota técnica orientando as secretarias de Saúde dos Estados a iniciarem a vacinação com a Coronavac para essa faixa etária.
O número de novos casos de covid-19 no mundo aumentou pela quinta semana consecutiva, segundo alertou a Organização Mundial da Saúde. Apesar da alta, o número de mortes permaneceu estável no período. A OMS informou que na semana passada foram registrados 5,7 milhões de novos casos da doença no mundo, um aumento de 6% em relação aos sete dias anteriores. Já o número de mortes no período foi de 9,8 mil, número próximo ao do período anterior. Nas últimas duas semanas, os casos relatados à OMS aumentaram 30%, impulsionados por duas subvariantes da Ômicron, que estão mostrando alta capacidade de reinfecção em pessoas vacinadas ou que se recuperaram da covid.
O aumento de novos casos de covid-19 pode ter gerado uma nova mutação da subvariante ômicron. Ela pode ser ainda mais infecciosa do que seu tipo original e começa a ganhar terreno na Índia e em outros países. Os cientistas dizem que a nova variante, chamada BA.2.75, pode se espalhar rapidamente e contornar a imunidade de vacinas e infecções anteriores. Não está claro se ela pode causar formas mais graves da doença em relação a outras variantes da ômicron, incluindo a BA.5, que já se espalhou mundialmente. A nova mutação foi detectada em vários Estados distantes da Índia e parece estar se espalhando mais rapidamente do que outras variantes lá, informaram as autoridades. A nova variante foi detectada em cerca de 10 outros países, incluindo Austrália, Alemanha, Reino Unido e Canadá. Dois casos foram identificados recentemente na costa oeste dos EUA.
Centenas de milhares de pessoas entraram em confinamento em uma pequena cidade da China na última terça-feira após a detecção de um caso de Covid-19, em mais uma demonstração de que Pequim prossegue com a estratégia de tolerância zero aos contágios. Também nessa semana, três novas cidades entraram em lockdowns parciais, com paralisação das atividades não essenciais e testes em massa. Juntas, Xi’an, Lanzhou e Haikou, abrigam aproximadamente 19 milhões de habitantes. No total, onze cidades chinesas estão com restrições à mobilidade totais ou parciais, a boa notícia é que já há sinais de um afrouxamento da rigidez dessas medidas. Menor rigor para classificação de risco das cidades, quarentenas mais curtas e uso de testes rápidos são algumas das mudanças que têm sido implementadas na nova fase da política de “Covid Zero”.
Agenda da Semana
Frequência Mensal – Indústria
Indústria: Na última semana, foram divulgados os dados de Produção de Papel Ondulado e Consumo de Cimento referentes ao mês de junho. Nesse sentido, foi observado expansão de 0,7% m/m da produção de papel ondulado no mês, encerrando o trimestre com três altas. Na comparação com o trimestre anterior, registra-se expansão do segmento de 5,0%. Além disso, na comparação interanual, o crescimento de 0,5% a/a interrompeu uma sequência de dez contrações consecutivas. Por sua vez, o consumo de cimento recuou 1,8% a/a, o terceiro recuo consecutivo na comparação interanual. Na mesma direção, a Sondagem da Indústria da CNI recuou 3,5% na passagem de junho para julho, apontando para contração da indústria no início do terceiro trimestre. Para os próximos meses, avaliamos que o desempenho do setor deverá ser limitado pela desaceleração das principais economias globais, decorrentes do ciclo de aperto monetário e da manutenção da política de zero-Covid na China. Além disso, no front doméstico, o elevado nível da inflação e da taxa de juros devem desestimular a aquisição de bens por parte das famílias e o investimento por parte das firmas, impactando negativamente a indústria.
Setor de Serviços
Serviços: Na última semana, tivemos a divulgação da Pesquisa Mensal de Serviços referente ao mês de maio. Nesse sentido, o setor de serviços registrou expansão de 0,9% m/m, vindo melhor que a expectativa mediana do mercado que aguardava por um avanço de 0,2% m/m e da nossa projeção de 0,8% m/m. Na comparação interanual, houve crescimento de 9,2% a/a. O bom desempenho do setor no mês, refletiu altas bastante disseminadas entre as atividades econômicas, com crescimento de todos os cinco grandes grupos pesquisados. Os serviços de TI e o transporte de cargas impulsionaram o setor de serviços no mês. O transporte de cargas avançou 1,8% m/m, a oitava taxa positiva consecutiva, em especial pelo contexto do aumento da demanda pelo comércio eletrônico e no setor agropecuário. Além disso, o transporte de cargas vem sendo importante para a indústria (bens de capital e intermediários). Já o setor de TI avançou 0,9% m/m. As companhias, em especial as de desenvolvimento de aplicativos e ferramentas de busca na internet, vem aproveitando oportunidades criadas no período pós pandemia. Ademais, após um primeiro bimestre com taxas negativas, os serviços prestados às famílias apresentaram o terceiro crescimento positivo consecutivo, avançando 1,9% em maio. O setor acumula alta de 8,1% nos últimos três meses. Esse setor foi o mais afetado pela política de restrição a mobilidade urbana. Com isso, essas atividades (hotéis, restaurantes, academias) vem recuperando as grandes perdas. Apesar do avanço recente, esse segmento é o único que ainda não recuperou o nível pré pandemia, estando 7,0% abaixo. Vale destacar que as políticas em discussão/aprovadas no Congresso Nacional (redução ICMS e PEC do Benefícios) darão impulso adicional para o segmento de serviços, uma vez que aumentam a renda disponível das famílias para consumir. A redução do ICMS de itens essenciais combinada com elevação do Auxílio Brasil e da inclusão de mais beneficiários no programa auxiliará as famílias no consumo de bens e serviços. Em linha com a forte recuperação do mercado de trabalho, a inflação de serviços continuará pressionando o IPCA. Nossa projeção para o PIB de 2022 é de 2,1%.
Setor de Varejo
Varejo: Na última semana, tivemos a divulgação da Pesquisa Mensal do Comércio referente ao mês de maio. Nesse sentido, o varejo registrou expansão no volume de vendas pelo quinto mês consecutivo. Entretanto, este ritmo de alta apresenta desaceleração, sinalizando arrefecimento do bom desempenho do setor. Em maio, as vendas aumentaram em 0,1% m/m frente abril, resultado pior que a projeção mediana do mercado (0,9% m/m, Broadcast). Na comparação com o mesmo mês do ano anterior o volume de vendas apresentou recuo de -0,2% a/a. No mês, o resultado mais fraco que o projetado pelo mercado decorre da queda no grupo de Móveis & Eletrodomésticos (-3,0% m/m), com recuo de -6,2% em eletrodomésticos e de -4,0% em Móveis. Esse segmento após uma queda abrupta no início da pandemia, apresentou um forte crescimento, diante do aumento do consumo de bens (comércio eletrônico). Entretanto, com a aceleração inflacionária, ruptura das cadeias globais de produção e elevação dos juros, o cenário para o segmento se deteriorou, sendo o grupo varejista mais distante do nível pré pandemia (13,9% abaixo). Esse é um setor mais sensível ao crédito, em que perde ritmo num contexto de elevação das taxas de juros. Além disso, cabe destacar o desempenho negativo dos outros artigos de uso pessoal, que recuaram 2,2% m/m. Entre os destaques positivos para maio, cabe destacar o desempenho dos Artigos farmacêuticos & Perfumaria (3,6%) e Tecidos (3,5%). No âmbito dos artigos farmacêuticos, o crescimento do volume decorreu mais na indústria farmacêutica e menos na perfumaria. Já o segmento de tecidos, o destaque vai para o setor de calçados e tênis esportivos. Além disso, houve avanço de 2,1% em Combustíveis & Lubrificantes e 1,0% em Hipermercados & Supermercados. O volume de vendas no varejo ampliado (inclui as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção) avançou 0,2% m/m. Houve recuo na atividade de Veículos (-0,2% m/m) e em Material de Construção (-1,1% m/m). Na nossa avaliação, as políticas de estímulo do governo com aumento da renda disponível das famílias devem atenuar desaceleração do setor varejista no 2º semestre. O aumento de renda das famílias com a combinação da redução do ICMS em itens essenciais e elevação das transferências de renda (PEC dos benefícios), deve ser convertido não só na quitação de dívidas com também direcionada ao consumo.
Demais Indicadores
Demais Indicadores: Na última semana, foi divulgado o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) referente ao mês de maio. Nesse sentido, pelo segundo mês consecutivo, houve recuo no índice de atividade econômica do Banco Central. Em maio, o IBC-Br recuou 0,11% em relação ao mês anterior, pior que o esperado pelo mercado (projeção de 0,10% m/m, Broadcast). Na comparação interanual houve crescimento de 3,7%. Houve revisão no mês anterior (abril), passando de -0,4% para – 0,6%. Com o resultado de maio e as revisões na série, a atividade econômica brasileira se encontra 1,0% acima do nível pré pandemia, deixando carrego de 0,2% para o 2º trimestre. Vale destacar que a métrica mais importante do IBC-Br para antecipar o PIB é a comparação interanual dos trimestres, que apresenta alta de 2,9% a/a, próxima da nossa projeção de expansão do PIB do 2T22, de 0,8% t/t e 2,7% a/a. O resultado do mês vai no sentido contrário dos dados de atividade setoriais divulgados pelo IBGE. O setor de serviços foi o grande destaque do mês, com resultado forte e acima das expectativas (avançou 0,9% m/m). Por outro lado, a indústria e o varejo decepcionaram, vindo mais fracos que o esperado, porém ainda apresentando crescimento. A indústria avançou 0,3%, enquanto o varejo ficou praticamente estável (0,1%). Ademais, o destaque para a atividade nos últimos meses vem sendo a recuperação do mercado de trabalho, com a forte queda na taxa de desemprego. Na última leitura, além da queda do desemprego, houve aumento da ocupação disseminado entre as atividades econômicas, e elevação da taxa de participação e da massa de rendimentos. Os dados do CAGED também mostram uma dinâmica muito positiva para o mercado de trabalho formal. Por fim, nossa avaliação é que os estímulos fiscais (redução do ICMS em itens essenciais e PEC dos benefícios) darão impulso econômico adicional para o 2º semestre do ano, postergando os impactos mais significativos da política monetária sobre a atividade. As políticas fiscal e monetária andam em direções opostas: enquanto o Banco Central busca arrefecer a economia com uma taxa de juro real elevada, a política fiscal é estimulativa dando sustentação a demanda no curto prazo.
Mercado de Trabalho
Mercado de Trabalho:Não houve divulgações na última semana.