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Publicado em 16 de Maio às 10:22:00

Monitor de Atividade: Serviços e Varejo avançam forte no 1º trimestre de 2022

Pandemia e Vacinação

Na última semana, o total de doses aplicadas alcançou o patamar de 430,0 milhões, ante 426,8 milhões em nossa leitura anterior, de modo que o percentual da população vacinada com pelo menos uma dose alcançou o patamar de 84,0% da população total brasileira, um aumento de 0,1 p.p. em relação à leitura anterior. Ademais, o percentual da população com esquema vacinal completo alcançou o patamar de 78,0% da população, aumento de 0,3 p.p. em relação à semana anterior. No que diz respeito ao percentual da população que recebeu a dose de reforço, houve avanço de 0,9 p.p., alcançando o patamar de 43,5% da população brasileira.

No que diz respeito ao avanço da Covid no Brasil, na última semana, observamos um cenário de estabilização no aumento do número de novos óbitos. Apesar disso, a média móvel de mortes está no maior patamar em 30 dias. A média móvel de novos casos também registra aumento, saindo de 15,8 mil para 16,8 mil, piora de 6,4% em 7 dias. Na mesma tendência, a média móvel de óbitos passou de 88 para 105, piora de 19,4% no mesmo período. O Brasil registrou, neste sábado, 90 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, totalizando 664.920 desde o início da pandemia. A vigilância genômica da RedeVírus MCTI detectou, em Belo Horizonte, três infecções pela linhagem BA 2.12.1 da Ômicron predominante nos Estados Unidos. Esses são os primeiros casos da subvariante no Brasil. Diante disso, com as taxas de hospitalização ainda baixas e estáveis, e com a boa cobertura vacinal da população, nossa avaliação é de que o cenário da pandemia no Brasil ainda é positivo.

O número de casos de covid-19 no mundo continua a cair, apesar de altas nas Américas e na África, diz a Organização Mundial da Saúde. Em relatório semanal divulgado nesta quinta-feira, a agência da ONU registrou 3,5 milhões de novos casos e 25 mil mortes no mundo nos últimos sete dias. No entanto, a OMS alerta que muitos países abandonaram planos de testagem em massa, fazendo com que seja difícil fazer uma estimativa exata do número de contágios.

Depois de relatar o primeiro caso de Covid-19 na última quinta-feira, a Coreia do Norte relatou mais 21 mortes e 174.440 novos “casos de febre” na sexta-feira, de acordo com a mídia estatal KCNA, embora não tenha especificado quantas das mortes e casos estavam ligados ao vírus. Dado o isolamento do país, é difícil saber a verdadeira situação do contágio, além de ser um país com um dos sistemas de saúde pública mais frágeis do mundo e uma população em grande parte não vacinada.

Nos Estados Unidos, embora a média móvel de mortes por covid tenha diminuído 46,23% na última semana, a média de casos apresentou aumento de 16,16%, ainda que esse aumento esteja desacelerando. O aumento no número de internações ainda está bem abaixo do que foi visto em cepas anteriores, mais um indício do caráter mais contagioso e menos agressivo das novas variantes. Além disso, a maioria absoluta dos óbitos têm ocorrido em indivíduos não vacinados.

Genial nas Eleições

Na última semana, tivemos a divulgação da pesquisa eleitoral Genial-Quaest do mês de maio. Nesse sentido, os dados apontam para estabilidade na avaliação do atual governo, rompendo com a tendência de melhora observada na última pesquisa.  Houve queda de 1 p.p. tanto da avaliação negativa (47%) quanto da avaliação positiva (25%), que beneficiou o avanço de 2 p.p. da avaliação regular.  Este resultado decorreu da queda considerável da avaliação negativa nas regiões Nordeste e Centro-Oeste ter sido capturada por um aumento na avaliação regular. Vale destacar que na região Nordeste, onde há uma forte influência do ex-presidente Lula, houve uma melhora considerável (4 p.p.) da avaliação positiva do governo Bolsonaro. Ademais, houve queda na avaliação negativa entre os eleitores que votaram no Haddad ou Branco/Nulo em 2018 de 2 p.p. e 4 p.p., respectivamente.

Além disso, vemos substancial melhora da avaliação do governo entre as faixas de renda entre 2 e 5 salários-mínimos e acima de 5 salários-mínimos. Com destaque para os eleitores da maior faixa de renda em que se registrou o menor nível de avaliação negativa desde ago/21, ao passo que a avaliação positiva saltou 8 p.p., superando o patamar de 30% entre os que recebem mais de 5 salários-mínimos (36%). Por fim, também foi observada melhora da avaliação de Bolsonaro entre os evangélicos com a alta de 3 p.p. na avaliação positiva do atual governo e queda de mesma magnitude da negativa.

No que diz respeito ao voto espontâneo, a distância entre Lula e Bolsonaro ficou estável em relação à pesquisa de abril, se mantendo na menor distância registrada (6 p.p.) na série histórica. Já para a intenção de votos estimulada, o ex-presidente Lula segue na liderança com as intenções de voto oscilando entre 46% e 51%. Bolsonaro vem em secundo lugar com as intenções de voto oscilando entre 29% e 32%. Vale destacar que os cenários estimulados apontam para uma tendência de migração dos votos de terceira via para o atual presidente, o que tende a acirrar a disputa eleitoral neste ano. Na mesma direção, a intenção de votos para presidente no segundo turno ficou estável em relação à pesquisa anterior, com liderança do Lula com 54% das intenções de voto. Por outro lado, os dados vem apontando para uma tendência de queda na rejeição eleitoral do atual presidente que saiu de 66% em fevereiro para 59% na pesquisa de maio, enquanto isso, observamos a estabilização da rejeição do candidato do PT em 43% desde dez/21.

Em relação aos principais problemas e percepções, metade dos respondentes (50%) seguem apontando que a economia como principal problema do país e que a mesma piorou no último ano, mas a expectativa segue sendo de que a mesma vai melhorar nos próximos 12 meses (52%). A crise econômica e a inflação seguem como os principais motivos de preocupação para os respondentes. Nossa avaliação é que o elevado nível inflacionário e o forte ciclo de alta de juros que se estendem desde meados de 2021 começam a cada vez mais pesar nos orçamentos das famílias. Nesse sentido, acreditamos que o desempenho da economia nos próximos meses, sobretudo o controle do nível inflacionário, será fundamental para definir o resultado das eleições. O fim da pandemia e as políticas de impulso à demanda através de políticas fiscais (FGTS, antecipação do 13º salário de aposentados e Auxílio-Brasil) devem desempenhar um importante papel na melhora do atual presidente, acirrando a disputado entre os principais candidatos.

Agenda da Semana

Frequência Mensal – Indústria

Indústria: Na última semana foram divulgados dados do Consumo de Cimento, Produção de Veículos, Tráfego Pesado nas Rodovias e Produção de Papel Ondulado referentes ao mês de abril e da Sondagem da Indústria da CNI para o mês de maio. Nesse sentido, os indicadores antecedentes para o mês de abril apontam para ambas as direções. Por um lado, a produção de papel ondulado avançou 2,5% m/m, entretanto, recuou 5,9% na comparação interanual devido ao efeito base. Em contrapartida, o tráfego pesado nas rodovias e a produção de veículos recuaram na margem, ambos rompendo com a sequência de altas consecutivas observadas nos dois meses imediatamente anteriores. O destaque vai para o recuo de 5,7% m/m na produção de veículos, puxado pelos desempenhos negativos de -4,1% na produção de automóveis e -33,3% na produção de caminhões em abril. A queda mais que compensou o avanço de março, fazendo com que a produção de veículos retornasse para o patamar abaixo do observado no mês de fevereiro. De modo geral, o resultado no mês decorre da deterioração da crise no fornecimento global de insumos, sobretudo de semicondutores. Além disso, o cenário macroeconômico doméstico mais adverso, diante da elevada inflação e do ciclo de aperto monetário, que encarece a obtenção de financiamentos, impõe um viés negativo adicional para o setor nos próximos meses. Por fim, em maio, a confiança da indústria avançou 1,0% m/m em relação ao mês anterior, permanecendo acima do nível neutro de 50 pontos, apontando para uma maior confiança no mês. Com este resultado, a confiança da indústria segue acima da sua média histórica e em um nível superior ao registrado durante todo o primeiro trimestre de 2022.

Setor de Serviços

Serviços: Na última semana foi divulgada a Pesquisa Mensal de Serviços referente ao mês de março. Nesse sentido, o setor de serviços avançou 1,7% m/m, resultado melhor que a expectativa mediana do mercado que aguardava um avanço de 0,8% m/m. No interanual, houve crescimento de 11,4% a/a. Com o resultado de março, o segmento avançou 1,8% no primeiro trimestre em relação ao trimestre anterior, deixando um carrego estatístico de 1,3% para o próximo trimestre e de 5,7% para 2022. De modo geral, o setor se encontra 7,2% acima do nível pré-pandemia, sendo os serviços prestados às famílias o único grupo que ainda não se recuperou, estando 12% abaixo do nível observado em fevereiro de 2020. As altas no mês foram bastante disseminadas, com crescimento em todas as cinco atividades pesquisadas. O maior impacto positivo ocorreu no setor de Transportes (2,7%), em especial, o rodoviário de cargas (2,3%), principalmente ligado ao comércio eletrônico e ao agronegócio. Além disso, tivemos contribuição positiva do transporte aéreo (15,6%), impulsionado pela queda do preço das passagens aéreas no mês. Houve crescimento de 2,4% nos serviços prestados às famílias, com destaque para atividades relacionadas a restaurantes, hotéis e serviços de bufê, sendo serviços sensíveis a mobilidade urbana que vem sendo beneficiados pela reabertura econômica, por exemplo no caso da retomada das aulas presenciais. Além disso, tivemos crescimento dos serviços profissionais e administrativos (1,5%) e outros serviços (1,6%). O setor de serviços vem apresentando desempenho positivo nas últimas leituras, com crescimento robusto e disseminado pelas atividades. Avaliamos que essa tendência, diante de dados preliminares, deve permanecer no 2º trimestre do ano, com uma desaceleração da atividade econômica ao longo do 2º semestre, quando os efeitos da política monetária contracionista ficarem mais evidentes. Com este resultado, elevamos nossa projeção de crescimento do PIB de 1,1% para 1,4% em 2022.

Setor de Varejo

Varejo: Na última semana, tivemos a divulgação dos dados da Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE referentes ao mês de março. Nesse contexto, pelo terceiro mês consecutivo, houve crescimento no volume de vendas no setor, situação que não ocorria desde 2020. Em março, o setor avançou 1,0% m/m em relação ao mês anterior, melhor que a projeção mediana de mercado de 0,4% m/m. Com este resultado, o varejo apresentou expansão de 1,9% no primeiro trimestre de 2022, estando 2,6% acima do nível pré-pandemia, embora esta recuperação não tenha ocorrido de maneira homogênea entre os setores analisados. Setores como o de Combustíveis, Tecidos e Móveis/eletrodomésticos ainda se encontram significativamente abaixo do nível pré pandemia. As categorias com o maior peso na pesquisa (Supermercados, Combustíveis, Móveis/eletrodomésticos e tecidos) ficaram próximos da estabilidade no mês de março. As maiores influências positivas vieram dos grupos Material de escritório (13,9%), livros e papelaria (4,7%) e outros artigos de uso pessoal (3,4%). No mês houve boa contribuição das lojas de departamento, com as grandes varejistas apresentando retomada nas lojas físicas, principalmente na região Norte e Nordeste do país. Em relação aos materiais de escritório e informática, esse setor é mais sensível a taxa de câmbio e como houve forte valorização do real no período (8,16%), o preço dos produtos se tornou mais atrativo aos consumidores ajudando nas vendas. O volume de vendas no varejo ampliado (inclui as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção) avançou 0,7% m/m (expectativa era de 0,1%, Broadcast). Houve recuo na atividade de Veículos (-0,1% m/m) e crescimento no Material de Construção (2,2% m/m).  O setor varejista apresentou relativa recuperação no primeiro trimestre, deixando um carrego estatístico de 1,1% para o próximo trimestre. O primeiro semestre do ano deve ser positivo, com políticas de sustentação da demanda (liberação do saldo do FGTS, antecipação do 13º salário, correção do salário-mínimo e de salários de servidores estaduais, benefício social (Auxílio Brasil) mais robusto que programa anterior) ajudando a mitigar efeitos adversos da alta dos preços e da atividade econômica menos robusta. Entretanto, nossa avaliação é que o 2º semestre do ano apresentará um arrefecimento mais significativo com os impactos da política monetária sobre a atividade econômica se tornando mais evidentes.

Demais Indicadores

Demais Indicadores: Não houve divulgações na última semana.

Mercado de Trabalho

Mercado de Trabalho: Não houve divulgações na última semana.

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