Resumo: O IAG avançou 0,05 p.p. na sua variação diária. Com este resultado, o indicador se encontra 14,8 p.p. acima do nível pré-pandemia e apresenta recuo de 1,6 p.p. em relação ao número observado há 30 dias. Os indicadores que compõem o IAG apresentaram resultados mistos. Por um lado, a mobilidade urbana e a emissão de notas fiscais contribuíram positivamente para o cálculo do índice. Em contrapartida, o consumo de energia e o número de voos domésticos recuaram na margem.
Genial nas Eleições
Na última semana tivemos a divulgação da pesquisa eleitoral Genial-Quest do mês de abril. Nesse sentido, os dados apontam para a melhora tanto da intenção de votos quanto da avaliação do presidente Bolsonaro. Em contrapartida, Lula segue estável em relação às leituras anteriores, sugerindo que o seu “teto” das intenções de voto foi atingido. Em primeiro lugar, a avaliação positiva do atual presidente atingiu 26 pontos percentuais, mesmo nível observado no início das pesquisas, se recuperando sistematicamente desde nov/21. Este movimento reflete o aumento da avaliação positiva, sobretudo entre aqueles que votaram em Bolsonaro nas eleições de 2018, ou seja, reflete a volta do eleitor bolsonarista para “casa”.
Além disso, vemos substancial melhora da avaliação do governo nas regiões Norte, Sul e Centro-Oeste. Na direção oposta, o Nordeste apresenta piora da avaliação. Já a região Sudeste se mostra estável desde dez/21, com a avaliação positiva oscilando entre 23% e 26%. No que diz respeito à popularidade por faixa de renda, a pesquisa aponta para a melhora da popularidade do atual governo entre os respondentes de renda mais baixa (até dois salários-mínimos). O Auxílio-Brasil começa a refletir na melhora da popularidade do Bolsonaro, visto que sua avaliação negativa caiu expressivamente entre aqueles que estão recebendo o benefício.
Além disso, observamos que as recentes movimentações dos candidatos João Dória e Sérgio Moro tiveram efeito negativo sobre os eleitores da terceira via. Reflexo disso pôde ser observado na melhora da popularidade do atual presidente. Pela primeira vez na pesquisa a preferência que Bolsonaro vença superou o patamar de 30% dos entrevistados (31%), este resultado decorreu do forte recuo dos “nem-nem”, refletindo a migração dos votos que iriam para o candidato Sergio Moro.
No que diz respeito ao voto espontâneo, a distância entre Lula e Bolsonaro alcançou o menor patamar da série histórica, com o atual presidente avançando (a diferença caiu pela metade se comparada à fevereiro). Na mesma direção, a média de intenção de votos entre os cenários de primeiro turno aponta para estabilidade do ex-presidente, enquanto Bolsonaro crescendo mês-à-mês. Do ponto de vista prático, não houve mudança dos lulistas para o bolsonarismo, a recente melhora reflete a saída do Moro impulsionando a intenção de votos do atual presidente. Figura similar é observada para o segundo turno, com Bolsonaro atingindo o melhor patamar de intenção de votos da série histórica.
Em relação aos principais problemas e percepções, observamos forte queda da preocupação com saúde e pandemia (menor nível da série histórica), enquanto a economia segue como principal problema, puxado pela inflação que assume o papel de principal problema econômico. Nesse sentido, avaliamos que a economia, sobretudo o controle do elevado nível inflacionário será fundamental para ditar o resultado da eleição. O fim da pandemia e as políticas de impulso fiscal (saque do FGTS, antecipação do 13º salário de aposentados e Auxílio-Brasil, por exemplo) devem desempenhar um importante papel na melhora da popularidade do atual presidente nos próximos meses, acirrando a disputa entre os principais candidatos.
Pandemia e Vacinação
Na última semana, o total de doses aplicadas alcançou o patamar de 415,7 milhões, ante 411,5 milhões em nossa leitura anterior, de modo que o percentual da população vacinada com pelo menos dose alcançou o patamar de 83,4% da população total brasileira, um aumento de 0,2 p.p. em relação à leitura anterior. Ademais, o percentual da população com esquema vacinal completo alcançou o patamar de 76,5% da população, aumento de 0,5 p.p. em relação à semana anterior. No que diz respeito ao percentual da população que recebeu a dose de reforço, houve avanço de 1,5 p.p., alcançando o patamar de 39% da população brasileira.
No que diz respeito ao avanço da Covid no Brasil, na última semana, observamos a manutenção da trajetória de arrefecimento da pandemia. Nesse sentido, a média móvel de casos recuou ao sair de 22,3 mil para 21,6 mil, melhora de 3,1% em 7 dias. Na mesma direção, a média móvel de óbitos teve queda ao passar de 189 para 158, melhora de 16,4% no mesmo período, o menor nível de 16 de janeiro, período marcado pelo início da onda causada pela variante Ômicron. Nossa avaliação é que a elevada taxa de vacinação da população brasileira promove uma importante proteção sanitária com importantes efeitos sobre a economia. O avanço do processo vacinal foi fundamental para a recuperação das atividades mais dependentes da mobilidade e interação entre as pessoas. Acreditamos que o retorno dos indicadores da pandemia ao patamar observado antes da onda causada pela Ômicron combinado com políticas de estímulo econômico serão um importante driver de crescimento para economia brasileira neste ano.
Agenda da Semana
Frequência Mensal – Indústria
Indústria: Na última semana, tivemos a divulgação da produção de veículos da Anfavea e do tráfego pesado nas rodovias da ABCR referentes ao mês de março. Nesse sentido, ambos indicadores apontaram para expansão do setor no mês de março. O primeiro avançou 5,0% m/m em relação a fevereiro, entretanto, recuou na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Embora, o resultado aponte expansão da produção no mês, as 184,8 mil unidades fabricadas no mês representam o menor volume registrado para o mês desde março de 2003. Este resultado refletiu a continuidade da escassez de componentes para fabricação de automóveis (semicondutores), que gerou paralização de fábricas; e da queda da demanda por automóveis diante da elevada inflação e aumento do custo de financiamento. Já o tráfego pesado nas rodovias avançou 0,5% m/m e 2,2% a/a.
Setor de Serviços
Serviços: Na próxima semana, teremos a divulgação da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE referente ao mês de fevereiro. Nesse sentido, diante da reversão da trajetória de aumento dos casos de Covid observados no período, que de acordo com nossos indicadores de alta frequência, resultaram no aumento da mobilidade urbana, acreditamos que os serviços prestados às famílias e atividades relacionadas ao turismo devem ser beneficiados. Além disso, o avanço do setor industrial no mês deve refletir em expansão dos serviços por transporte. Portanto, projetamos expansão de 0,8% m/m do setor no mês e 9,4% a/a na comparação interanual. Ademais, tivemos a divulgação do PMI de março que ficou 8,1 pontos acima do nível neutro (50), apontando para uma expressiva expansão do setor no mês, refletindo a trajetória de arrefecimento da pandemia.
Setor de Varejo
Varejo: Na próxima semana, teremos a divulgação da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) referente ao mês de fevereiro. Nesse sentido, para o mês observamos fatores que atuam em diferentes direções influenciando o desempenho do setor. Por um lado, o elevado nível inflacionário, que limita o poder de compra das famílias, segue como principal limitante de recuperação do setor. Além disso, o encarecimento do crédito e o elevado desemprego são fatores adicionais que impactam negativamente o desempenho do setor. Em contrapartida, a trajetória de arrefecimento da pandemia e o pagamento do Auxílio Brasil devem atuar impulsionando o setor. Dessa forma, projetamos expansão de 0,3% m/m do varejo restrito. Já o varejo no conceito ampliado deve apresentar avanço mais substancial diante da recuperação das vendas de veículos no mês, nossos modelos apontam para expansão de 1,6% m/m.
Demais Indicadores
Demais Indicadores: Não houve divulgações na última semana.
Mercado de Trabalho
Mercado de Trabalho: Não houve divulgações na última semana.
Sobre o IAG
O Índice de Atividade da Genial (IAG) é um indicador de frequência diária que tem como objetivo monitorar o ritmo de recuperação da atividade econômica brasileira.
Esse índice diário não se propõe a ser uma proxy do PIB, ou seja, não substitui o modelo de projeção de PIB da Genial (o qual inclui muitas outras variáveis econômicas de frequência mensal). Dessa forma, um indicador não substitui o outro, são duas formas complementares de acompanhar a retomada do nível de atividade. O IAG tem frequência diária e se propõe a acompanhar a evolução da velocidade da retomada da atividade no dia a dia, enquanto a nossa projeção de PIB dá uma ideia do cenário como um todo, e é calibrado para gerar estimativas para os trimestres à frente.
O IAG tem alta correlação com índices mensais de atividade e possui alto poder preditivo sobre as variações mensais do IBC-BR (indicador mensal de atividade divulgado pelo Bacen).
O IAG é construído por uma média ponderada dos seguintes dados de frequência diária: consumo de energia elétrica, indicadores de mobilidade urbana da Apple, emissão de notas fiscais eletrônicas no estado do Rio Grande do Sul e número de voos diários no Brasil.[1]
O índice é construído de forma que toma o valor de 100 para o nível de atividade médio antes do surto de COVID-19 (entre 1º de janeiro e 15 de março). Dessa forma, o IAG representa o nível de atividade corrente em relação ao período pré-surto.
[1] Os valores defasados do IAG podem mudar em decorrência de alterações na divulgação de dados da Apple, ONS, Fenabrave ou Air Radar. É natural que haja revisão de dados das fontes citadas, por isso o IAG defasado pode ter alterações. Também pode haver alterações devido a divergências no horário de divulgação dessas diferentes fontes. Contudo as alterações tendem a ser pequenas, de forma que não influenciam a tendência 10-15 dias do índice.