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Publicado em 17 de Abril às 09:31:49

Monitor de Atividade: Setor de serviços surpreende negativamente em 2023

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Frequência Mensal – Indústria

Indústria: As montadoras de veículos do Brasil tiveram forte crescimento de venda e de produção em março. Seguindo a trajetória de recuperação, a produção nacional de autoveículos cresceu 13,2% m/m em março segundo os dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. Dessa forma, tem-se a segunda alta consecutiva na margem, com crescimento acumulado de 16% no período, o qual não é capaz de compensar totalmente a forte baixa observada na abertura do ano, com queda acumulado de 5,0% t/t no primeiro trimestre de 2023. Apesar de voltar para marca acima dos 200 mil veículos produzidos no mês, a indústria automobilística segue abaixo do desempenho observado no final de 2022. Já a análise interanual, sem ajuste sazonal, aponta forte alta de 20,0%. Dessa forma, nos primeiros três meses de 2023 a produção foi 8,0% a/a superior ao mesmo período de 2022 e, no acumulado dos últimos doze meses, tem-se alta de 12,3%.

Setor de serviços

Serviços: Em janeiro, o setor de serviços apresentou contração de 3,1% m/m frente ao mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, significativamente pior do que o consenso de mercado cuja projeção era de queda de 1,4% m/m (Broadcast+). Na comparação interanual, houve expansão de 6,1% a/a, o vigésimo terceiro avanço consecutivo nessa métrica. Com este resultado, elimina-se a o ganho acumulado observado nos meses de novembro e dezembro de 2022, evidenciando a perda de dinamismo do setor diante do cenário macroeconômico adverso, sobretudo no que diz respeito à política monetária contracionista e pela deterioração observada no mercado de crédito. Diante disso, o resultado do primeiro mês de 2023 reverteu os ganhos acumulados nos meses anteriores, surpreendendo negativamente o mercado que projetava uma contração menos pronunciada. Na nossa avaliação, o resultado reforça nosso cenário de que a conjuntura atual, marcada por uma política monetária significativamente contracionista e deterioração nos indicadores de crédito, sobretudo no que diz respeito ao crédito livre e à inadimplência das famílias, compensará os vetores positivos advindos do mercado de trabalho (baixo desemprego e expansão da massa salarial) e das políticas de transferência de renda do governo. Vale ressaltar que o resultado negativo no mês foi disseminado e caracterizou a primeira retração mensal do índice média móvel em quinze leituras. Outro ponto que merece atenção é o movimento de perda de força da métrica interanual que, apesar do avanço de 0,1 p.p. em janeiro, teve duas quedas consecutivas no final do último ano acumulando -3,7 p.p. frente a outubro. Assim, os próximos resultados do setor serão influenciados por vetores que atuarão em ambas as direções, de modo que esperamos uma leve expansão próximo à estabilidade dos Serviços em 2023.

Setor de Varejo

Varejo: Em janeiro, o volume de vendas no setor varejista avançou 3,8% m/m, vindo melhor que o consenso de mercado que aguardava por uma expansão de 3,4% m/m e próximo do teto das projeções de 3,9% m/m (Broadcast+). Vale destacar que este resultado foi o melhor para o mês de janeiro desde o início da série histórica, em 2000. Além disso, o IBGE revisou a leitura de dezembro, que passou de contração de -2,6% m/m para -2,8% m/m, puxada principalmente pelas revisões nas vendas de Tecidos, Vestuário e Calçados (de -6,1% m/m para -6,5% m/m); Combustíveis e Lubrificantes (de -1,6% m/m para 1,9% m/m); e Hiper, Supermercados (de -0,8% m/m para -0,9% m/m). Na comparação interanual, o volume de vendas do comércio varejista avançou 2,6% a/a, superando a mediana das projeções de alta de 1,5% a/a. Na nossa avaliação, embora o resultado de janeiro tenha apontado para uma significativa expansão do comércio varejista, acreditamos que trajetória dos próximos meses deve ser marcada por uma tendência de estabilidade do setor. Na comparação em trimestres móveis, o volume de vendas no varejo apresentou alta de apenas 0,1% frente ao trimestre móvel encerrado em dezembro, sendo possível observar essa tendência de estabilidade que vem se desenhando nos últimos meses. Por um lado, vemos um vetor negativo advindo do cenário macroeconômico mais adverso, diante da perspectiva de desaceleração da atividade econômica e da piora tanto do perfil de crédito dos consumidores quando da inadimplência. Em contrapartida, a expansão das políticas de transferência de renda e um mercado de trabalho ainda aquecido devem limitar o impacto dos vetores negativos sobre o setor. Dessa forma, avaliamos que o processo de contração do consumo discricionário observado nos últimos meses deve permanecer ao longo de 2023, ao contrário de consumo de bens essenciais (alimentos), que deve ser beneficiado pela agenda econômica do novo governo, limitando a contração do setor varejista no ano.

Demais indicadores

Demais Indicadores: Nesta semana será divulgado o IBC-Br de janeiro, para o qual esperamos -0,6% m/m e 2,2% a/a. Em janeiro, dentre as pesquisas promovidas pelo IBGE, apenas o setor de varejo apresentou expansão, enquanto a indústria e serviços tiveram retração. Na nossa avaliação, embora o resultado de janeiro tenha apontado para uma significativa expansão do comércio varejista, acreditamos que a trajetória dos próximos meses deve ser marcada por uma tendência de estabilidade do setor. Diante desse cenário macroeconômico adverso, com alta dos juros, da inadimplência e inércia inflacionária, seguimos com uma visão mais negativa para a atividade. A ausência de avanços na agenda de reformas estruturais, portanto, e o perfil disseminado da retração industrial demonstram que a tendência baixista do setor deve persistir nos próximos meses. Por fim, esperamos que os vetores positivos que ainda podem manter a estabilidade para serviços vêm da recuperação do mercado de trabalho do último ano, bem como das políticas públicas de incentivo à demanda.

Mercado de Trabalho

Mercado de Trabalho: Não houve divulgações.

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