Resumo: O IAG recuou 0,3 p.p. na sua variação diária. Com este resultado, o indicador se encontra 14,8 p.p. acima do nível pré-pandemia e apresenta avanço de 3,5 p.p. em relação ao número observado há 30 dias. Os indicadores que compõem o IAG apresentaram resultados mistos. Por um lado, apenas o número de voos domésticos contribuiu positivamente para o cálculo do índice. Em contrapartida, os demais indicadores recuaram na margem. Em especial, a mobilidade urbana que segue em tendência de queda desde o fim do efeito calendário do carnaval.
Pandemia e Vacinação
Na última semana, o total de doses aplicadas alcançou o patamar de 411,4 milhões, ante 406,4 milhões em nossa leitura anterior, de modo que o percentual da população vacinada com pelo menos dose alcançou o patamar de 83,2% da população total brasileira, um aumento de 0,2 p.p. em relação à leitura anterior. No que lhe concerne, a média móvel (MM7D) de doses aplicadas avançou ao passar de 585,8 mil para 704,8 mil. Ademais, o percentual da população com esquema vacinal completo alcançou o patamar de 76% da população, aumento de 0,5 p.p. em relação à semana anterior. Por fim, o total da população com esquema vacinal de reforço atingiu 37,5% da população, avançando 1,6 p.p. em relação ao número de 7 dias atrás.
No que diz respeito ao avanço da Covid no Brasil, na última semana, observamos a manutenção da trajetória de arrefecimento da pandemia. Nesse sentido, a média móvel de casos recuou ao sair de 30,5 mil para 22,3 mil, melhora de 27% em 7 dias. Na mesma direção, a média móvel de óbitos teve queda ao passar de 236 para 189, melhora de 20% no mesmo período. Os indicadores se aproximam dos números observado em dezembro de 2021, marcado pelo menor nível tanto de casos quanto de óbitos desde o início da pandemia em março de 2020. Nossa avaliação é que o sucesso da campanha vacinal promove uma importante proteção sanitária e econômica, fundamental para a recuperação das atividades mais dependentes da mobilidade e da interação entre as pessoas. Esse fator, combinado às políticas de estímulo econômico (redução de impostos e a liberação de saque ao FGTS) será um importante driver de crescimento para o PIB brasileiro deste ano. Contudo, os efeitos positivos da recuperação dos setores devem se limitar ao primeiro semestre devido aos efeitos da política monetária a partir de então.
Agenda da Semana
Frequência Mensal – Indústria
Indústria: Na última semana, tivemos a divulgação da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE. Nesse sentido, os dados apontaram para expansão de 0,7% do setor no mês de fevereiro, surpreendendo o mercado que aguardava uma expansão mais tímida de 0,4%. O resultado decorreu da expansão em todas as quatro grandes categorias econômicas estudadas, com destaque para a indústria extrativa (5,3%), que se recuperou após fortes chuvas terem impactado o desempenho no mês anterior, e de produtos alimentícios (2,5%). Embora o setor tenha expandido na margem, vale destacar que o setor segue pressionado devido à quebra nos elos das cadeias globais de produção, que tem inflado os custos, além de dificultado, ou mesmo impossibilitado, a obtenção de insumos. Este problema tem sido intensificado nas últimas semanas por conta da invasão da Rússia à Ucrânia e dos lockdowns resultantes da política zero-Covid do governo chinês. No cenário doméstico, fatores como a política monetária contracionista, elevada inflação e desemprego acima no nível médio histórico, contribuem para perspectivas mais negativas para o setor. Para o próximo mês, os indicadores antecedentes da indústria mostram cenários distintos. Ao passo que a sondagem da indústria da CNI (Confederação Nacional da Indústria) avançou 3,5% em sua última leitura e o PMI ficou em 52,3 pontos (nível expansionista), a sondagem da FGV mostrou uma queda de 1,8%.
Setor de Serviços
Serviços: Na última semana foram divulgados a Sondagem de Serviços e o Índice de Confiança Empresarial da FGV referentes ao mês de março. Nesse contexto, ambos indicadores apontam para a expansão do setor de serviços no período. O primeiro avançou 3,4% m/m chegando a 92,2%, rompendo com uma sequência de quatro quedas consecutivas. Este resultado decorreu tanto da melhora do Índice da Situação Atual quanto do Índice de Expectativas, beneficiado pelo arrefecimento da pandemia e a redução das restrições sanitárias. Já a confiança empresarial avançou 0,8% m/m, também beneficiado pela melhora dos indicadores pandêmicos.
Setor de Varejo
Varejo: Na última semana, tivemos a divulgação da Sondagem do Comércio da FGV referente ao mês de março. Nesse sentido, o indicador setorial recuou 0,2% m/m, ficando em 86,8 pontos. A performance no mês derivou de a forte queda do Índice de Expectativas ter sido parcialmente compensada pelo Índice da Situação Atual. Com este resultado, a confiança do comércio segue em um patamar historicamente baixo, que decorre do elevado processo inflacionário, ciclo de alta de juros, incertezas em torno da Guerra na Ucrânia e os gargalos nas cadeias globais de produção.
Demais Indicadores
Demais Indicadores: Na última semana tivemos a divulgação da Sondagem da Construção da FGV referente ao mês de março. Nesse sentido, o indicador recuou 0,9% m/m, revertendo a expansão do mês de fevereiro. O resultado decorreu da queda do Índice de Expectativas, enquanto o Índice de Situação Atual avançou para um patamar próximo do seu melhor resultado desde o início da pandemia.
Mercado de Trabalho
Mercado de Trabalho:Na última semana, foram divulgados os dados da PNAD contínua e de criação líquida de vagas de emprego formal (Caged) referentes ao mês de fevereiro. Nesse sentido, os dados apontaram para estabilidade na taxa de desemprego na passagem do trimestre móvel encerrado em janeiro para o de fevereiro. Em relação ao trimestre encerrado em novembro, a taxa de desemprego recuou 0,4 p.p. A série com ajuste sazonal apontou para recuo de 0,2 p.p. em relação à última leitura ao sair de 11,6% para 11,4%. Em relação ao trimestre anterior, houve aumento de 1,1% da população ocupada com carteira, entretanto, houve queda dos trabalhadores por conta própria (-1,9%). Em relação ao mesmo período do ano passado, dos 7,9 milhões de indivíduos a mais ocupados, 62% advêm de trabalhadores no setor privado, sendo que 2,9 milhões com carteira assinada. Enquanto isso, apenas 25% do aumento foi por conta dos trabalhadores por conta própria. Por sua vez, o Caged registrou criação líquida de 328,5 mil posto de trabalho formal, superando o consenso de mercado de 225 mil. O resultado foi impulsionado pelo setor de serviços 203,7 mil vagas, beneficiado pelo retorno as atividades presenciais escolares com o arrefecimento da pandemia (66,5 mil vagas no setor da educação). Dessa forma, nos últimos 12 meses, foram gerados 2,6 milhões de vagas de trabalho formal.
Sobre o IAG
O Índice de Atividade da Genial (IAG) é um indicador de frequência diária que tem como objetivo monitorar o ritmo de recuperação da atividade econômica brasileira.
Esse índice diário não se propõe a ser uma proxy do PIB, ou seja, não substitui o modelo de projeção de PIB da Genial (o qual inclui muitas outras variáveis econômicas de frequência mensal). Dessa forma, um indicador não substitui o outro, são duas formas complementares de acompanhar a retomada do nível de atividade. O IAG tem frequência diária e se propõe a acompanhar a evolução da velocidade da retomada da atividade no dia a dia, enquanto a nossa projeção de PIB dá uma ideia do cenário como um todo, e é calibrado para gerar estimativas para os trimestres à frente.
O IAG tem alta correlação com índices mensais de atividade e possui alto poder preditivo sobre as variações mensais do IBC-BR (indicador mensal de atividade divulgado pelo Bacen).
O IAG é construído por uma média ponderada dos seguintes dados de frequência diária: consumo de energia elétrica, indicadores de mobilidade urbana da Apple, emissão de notas fiscais eletrônicas no estado do Rio Grande do Sul e número de voos diários no Brasil.[1]
O índice é construído de forma que toma o valor de 100 para o nível de atividade médio antes do surto de COVID-19 (entre 1º de janeiro e 15 de março). Dessa forma, o IAG representa o nível de atividade corrente em relação ao período pré-surto.
[1] Os valores defasados do IAG podem mudar em decorrência de alterações na divulgação de dados da Apple, ONS, Fenabrave ou Air Radar. É natural que haja revisão de dados das fontes citadas, por isso o IAG defasado pode ter alterações. Também pode haver alterações devido a divergências no horário de divulgação dessas diferentes fontes. Contudo as alterações tendem a ser pequenas, de forma que não influenciam a tendência 10-15 dias do índice.