Resumo: O IAG recuou tanto em sua variação diária quanto na média móvel de 7 dias. Com este resultado, o índice se encontra 7,75 p.p. acima do nível pré-covid e teve baixa de 5,8 p.p. em relação ao número observado há 7 dias. Os indicadores que compõem o IAG tiveram resultados mistos. Por um lado, a mobilidade urbana (transporte público) e o número de voos domésticos ficaram estáveis em relação à leitura anterior. Em contrapartida, os demais indicadores seguem em trajetória de queda.
Genial nas Eleições
Na última semana tivemos a divulgação dos resultados mensais da pesquisa eleitoral Genial-Quaest referentes ao mês de janeiro. Nesse sentido, a pesquisa apontou para estabilidade na avaliação do atual governo em relação à pesquisa do mês de dezembro. Em suma, a avaliação negativa permaneceu em 50, a regular recuou 1 p.p. ficando em 25% dos entrevistados e a avaliação positiva aumentou em 1 p.p. atingindo o patamar de 22% dos entrevistados. Portanto, a avaliação do governo entra em 2022 no mesmo patamar observado nos meses anteriores e pela primeira vez há um descasamento entre a avaliação dos homens e mulheres sobre o atual presidente. Por um lado, o sexo feminino rejeita mais, visto que este grupo demonstra mais preocupação no que diz respeito à pandemia. Enquanto isso, o sexo masculino segue mais preocupado com a economia. Há um aumento da frustração com o governo (55% acreditam que está sendo pior que o esperado), inclusive entre os que votaram no atual presidente em 2018, com 36% avaliando de maneira ruim.
O presidente entra no ano eleitoral com o pior nível de avaliação entre os últimos presidentes, refletindo a percepção negativa que dos respondentes em torno do combate à inflação, à pandemia. Em contrapartida, respondentes avaliam de maneira mais positiva a sua pauta de combate à corrupção.
Já para a intenção de votos espontânea, a pesquisa aponta para uma redução no número de indecisos para 52% (-2 p.p.), nos votos brancos/nulos/não pretende votar que ficou em 3% com o recuo de 1 p.p., e na intenção de votos no candidato Sergio Moro que também recuou 1 p.p. e retornou ao patamar de jul/21 em que tinha 1% das intenções de voto espontâneas. A capitalização destes votos ocorreu pelos principais candidatos. Por um lado, o ex-presidente Lula ganhou 4 p.p. em relação à pesquisa anterior alcançando 27% das intenções de votos espontâneos. Já o presidente Bolsonaro teve aumento de 1 p.p. ficando com 16% das intenções, entretanto, abaixo do nível observado no início das pesquisas (18%), refletindo a piora da avaliação do governo por parte dos respondentes.
Analisando os dados da pesquisa estimulado de primeiro turno, os resultados ficaram estáveis em relação à pesquisa anterior com o ex-presidente aparecendo em primeiro lugar, na média dos diferentes cenários, com 45% das intenções de voto. Logo em seguida, aparece o Bolsonaro que possui 23% das intenções de voto no primeiro turno. Os candidatos Sergio Moro e Ciro Gomes aparecem em terceiro e quarto lugar com 9% e 5% dos votos, respectivamente. Quando perguntados sobre a segunda opção de voto, vemos uma clara preferência dos eleitores do Lula em votarem no Ciro Gomes (28%) como segunda opção, enquanto isso, os eleitores do atual presidente optariam por votar no ex-ministro Sergio Moro (24%). Vale destacar que grande parte destes eleitores, caso não possam votar nos dois principais candidatos, possuem ampla preferência por votar branco/nulo/não votar, ou seja, há um forte fator de polarização nessa campanha eleitoral que dificultará ainda mais o surgimento de um candidato de 3ª via.
Para o segundo turno, também observamos estabilidade quando comparado à pesquisa de dezembro, com o ex-presidente com intenção de voto oscilando entre 50% e 57%, o pior cenário contra o ex-ministro Sergio Moro. Na disputa direta com Lula, Bolsonaro possui 30% dos votos de segundo turno, isto é, a mesma performance obtida pelo ex-ministro em um confronto direto com o candidato do PT. Entretanto, no confronto direto entre os dois, vemos vitória do candidato do Podemos com 36% das intenções de voto, enquanto o atual presidente ficaria com 30%. Uma análise mais detalhada mostra que Bolsonaro só derrota Lula para os eleitores que acham que a corrupção é o maior problema do país. Além disso, os dados apontam que 72% dos respondentes são favoráveis à vacinação das crianças contra Covid, portanto, outro ponto de desconexão entre os eleitores e Bolsonaro.
Por fim, no que tange à opinião pública em relação a problemas e percepções, os entrevistados seguem apontando a pauta econômica como o principal problema do país, entretanto, diante do avanço da variante Ômicron, que tem feito o número de casos subir de maneira expressiva, o tema da saúde/pandemia vem ganhando destaque. No âmbito da economia, a principal preocupação é em torno do desemprego onde 17% dos entrevistados apontam que este é o principal problema do Brasil, seguido do crescimento econômico (10%) e inflação (9%). Nossa avaliação é que a variante Ômicron terá efeitos transitórios, visto que os primeiros países afetados por esta cepa já mostram sinais de rápido arrefecimento, de modo que, a pauta econômica será a principal protagonista destas eleições, sobretudo, o elevado nível de desemprego e o controle do processo inflacionário serão peças-chaves para as eleições.
Pandemia e Vacinação
Na última semana, o total de doses aplicadas alcançou o patamar de 303,5 milhões, ante 301,1 milhões em nossa leitura anterior, de modo que o percentual da população vacinada com pelo menos dose alcançou o patamar de 76,6% da população total brasileira, um aumento de 0,2 p.p. Por sua vez, a média móvel (MM7D) de doses aplicadas apresentou leve avanço ao passar de 187,4 mil para 335,2 mil. Acreditamos que o significativo aumento no número de doses aplicadas reflete a divulgação de dados represados por conta das festas de fim de ano. Ademais, o percentual da população com vacinação completa alcançou 69,1% da população, um aumento de 0,9 p.p. em relação à semana anterior.
No que diz respeito ao avanço da pandemia no Brasil, na última semana observamos uma significativa piora do quadro da pandemia no Brasil com a piora nas médias móveis de novos casos e óbitos. O primeiro apresentou substancial piora em 7 dias, ao sair de 29986 para 68021, o maior valor desde o fim da segunda onda no primeiro semestre de 2021. Por outro lado, seguindo a tendência observada nos demais países que enfrentam um surto causado pela variante Ômicron, a variante dominante no mundo, o número de óbitos não seguiu na mesma tendência explosiva que o número de novos casos, visto que a MM7D saiu de 120 para 147. Na mesma direção, o Estado de São Paulo apresentou piora nos indicadores da pandemia, visto que o número de novas internações saiu de 784 para 1099 enquanto o número de internados em leito de UTI saiu de 1519 para 2365. Acreditamos que este recrudescimento da pandemia reflete o avanço da variante Ômicron, que vem se mostrando menos grave que as cepas anteriores para os indivíduos que possuem esquema vacinal completo.
Ademais, o Reino Unido, um dos primeiros países a ser atingidos pela onda causada pela Ômicron, começa apresentar sinais de arrefecimento da pandemia. A média móvel de 7 dias de novos casos apresenta uma forte trajetória de queda, desde o pico alcançado há uma semana. Em contrapartida, ainda não observamos a mesma tendência para o número de novos óbitos, porém este, desde o início dessa nova onda, não apresentou sinais de aceleração explosiva, fato que corrobora com os estudos que apontam para um menor grau de severidade se comparado a variantes anteriores. Vale destacar que o baixo número de óbitos também se deve ao processo vacinal que minimiza a probabilidade de se desenvolver um quadro mais severo. Em contrapartida, os números nos EUA seguem apontando para uma piora do quadro pandêmico, entretanto, com primeiros sinais de desaceleração. A média móvel de novos casos saltou de 701 mil para 808 mil em 7 dias, já a de óbitos apresentou uma elevação de 1603 para 1776.
Nesse contexto, nossa avaliação é que, o recrudescimento da pandemia no Brasil por conta da nova variante acende um alerta por conta do ainda inicial processo de vacinação com doses de reforço, que segundo estudos se mostra fundamental para mitigar os efeitos dessa cepa. Portanto, acreditamos que em face ao forte aumento do número de casos o risco de sobrecarregamento do sistema de saúde não pode ser descartado, tampouco o risco de adoção de novas ou prolongamento das atuais medidas restritivas como forma de conter este avanço deve ser desconsiderado.
Agenda da Semana
Frequência Mensal – Indústria
Indústria: Na última semana foram divulgados os dados de produção de papel ondulado e tráfego de veículos pesados nas rodovias. Nesse sentido, observamos avanço de 1,9% m/m na produção de papel, se recuperando após duas baixas consecutivas e retornando ao nível observado em ago/21. Já o tráfego de veículos pesados avançou 2,8%, acumulando uma sequência de três altas consecutivas. Já para o mês de janeiro, a sondagem da indústria da CNI aponta para um recuo do setor de -1,4% m/m que segue bastante impactado pelo elevado processo inflacionário; os gargalos nas cadeias globais de produção, que tendem a ser agravados pela Ômicron; e por uma menor demanda de bens por conta da recuperação do setor de serviços. Diante disso, acreditamos que o setor continuará apresentando desempenho próximo à estabilidade como consequência destes obstáculos.
Setor de Serviços
Serviços: Na última semana foram divulgados os dados da pesquisa mensal de serviços de novembro. Nesse sentido, observou um avanço de 2,4% m/m na comparação com o mês de outubro, melhor que a expectativa mediana de mercado que aguardava um avanço mais modesto de 0,1% (Broadcast). Houve avanços em quatro das cinco atividades, com destaque para a expansão dos serviços de informação e comunicação (+5,4% m/m); transportes (+1,8% m/m); e serviços prestados às famílias (2,8% m/m). Este resultado contrasta com os números observados para o mês anterior em que tivemos contração bastante disseminada entre os grupos, com destaque positivo apenas para os serviços prestados às famílias. O resultado de novembro rompe com a tendência de queda observada nos dois meses anteriores, revertendo a perda acumulada de 2,2% no bimestre anterior. Com isso, o setor encontra-se 4,5% acima do período pré pandemia e está 7,3% abaixo do recorde histórico da série (novembro de 2014). Apesar do setor de serviços já ter retornado ao patamar pré surto, algumas atividades ainda não conseguiram se recuperar como os serviços prestados às famílias (11,8% abaixo), serviços profissionais e administrativos (4,2% abaixo) e outros serviços (2,5% abaixo). Para dezembro, os indicadores antecedentes mostram resultados mistos para o setor. A sondagem dos serviços da FGV recuou 1,3% m/m e o índice de confiança empresarial da FGV recuou 1,9% m/m. Já o PMI ficou em 53,6, indicado expansão do setor.
Setor de Varejo
Varejo: Na última semana foram divulgados os dados da pesquisa mensal do comércio referentes ao mês de novembro. Nesse sentido, o volume de vendas do varejo cresceu 0,6% m/m em novembro frente a outubro, resultado melhor que a projeção mediana do mercado (0,0% m/m, Broadcast). Na comparação com o mesmo mês do ano anterior o volume de vendas apresentou variação negativa de 4,2% a/a. Embora o varejo tenha avançado no mês, cinco das oito atividades pesquisadas apresentaram taxas negativas. Este resultado decorreu, principalmente, pelo crescimento do segmento de hipermercados e supermercados (0,9% m/m), o maior grupo do índice. Além disso, contribuições positivas também foram observadas nos grupos de artigos farmacêuticos (1,2% m/m) e outros artigos de uso pessoal (2,2% m/m). Em contrapartida, houve recuos em: móveis e eletrodomésticos (-2,3% m/m), tecidos e vestuário (-1,9% m/m), combustíveis e lubrificantes (-1,4% m/m), livros e papelaria (-1,4% m/m), e material de escritório (-0,1% m/m). Além disso, houve avanço na receita nominal do setor (1,3% m/m), em especial no setor de combustíveis (5,0% m/m), indicando que o processo inflacionário vem impactando o volume de vendas. A aceleração da inflação vem sendo o principal vilão do setor, uma vez que diminui o poder de compra das famílias. O volume de vendas no varejo ampliado (inclui as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção) avançou 0,5% m/m (expectativa era de -0,6%, Broadcast), rompendo com a sequência de três meses seguidos de queda. Houve avanços na atividade de Veículos (0,7% m/m) e Material de Construção (0,8% m/m). Para dezembro, os indicadores antecedentes mostram resultados mistos para o setor. A sondagem do comércio da FGV recuou 3,1% m/m e as consultas à inadimplência -4,0% m/m. Em contrapartida, o indicador de confiança do consumidor da FGV avançou 0,8% m/m. Além disso, o elevado nível inflacionário, que deteriora o poder de compra do consumidor, continua sendo o principal desafio para o setor atualmente.
Demais Indicadores
Demais Indicadores: Na próxima semana teremos a divulgação do índice de atividade do Banco Central (IBC-Br). Nesse sentido, diante do forte avanço do setor de serviços e uma performance acima do esperado tanto do varejo ampliado quanto restrito, acreditamos que o IBC-Br avançará 0,82% m/m, rompendo com a sequência de 4 quedas consecutivas no índice. No interanual, projetamos avanço de 0,9% a/a.
Mercado de Trabalho
Mercado de Trabalho: Não houve divulgações na última semana.
Sobre o IAG
O Índice de Atividade da Genial (IAG) é um indicador de frequência diária que tem como objetivo monitorar o ritmo de recuperação da atividade econômica brasileira.
Esse índice diário não se propõe a ser uma proxy do PIB, ou seja, não substitui o modelo de projeção de PIB da Genial (o qual inclui muitas outras variáveis econômicas de frequência mensal). Dessa forma, um indicador não substitui o outro, são duas formas complementares de acompanhar a retomada do nível de atividade. O IAG tem frequência diária e se propõe a acompanhar a evolução da velocidade da retomada da atividade no dia a dia, enquanto a nossa projeção de PIB dá uma ideia do cenário como um todo, e é calibrado para gerar estimativas para os trimestres à frente.
O IAG tem alta correlação com índices mensais de atividade e possui alto poder preditivo sobre as variações mensais do IBC-BR (indicador mensal de atividade divulgado pelo Bacen).
O IAG é construído por uma média ponderada dos seguintes dados de frequência diária: consumo de energia elétrica, indicadores de mobilidade urbana da Apple, emissão de notas fiscais eletrônicas no estado do Rio Grande do Sul e número de voos diários no Brasil.[1]
O índice é construído de forma que toma o valor de 100 para o nível de atividade médio antes do surto de COVID-19 (entre 1º de janeiro e 15 de março). Dessa forma, o IAG representa o nível de atividade corrente em relação ao período pré-surto.
[1] Os valores defasados do IAG podem mudar em decorrência de alterações na divulgação de dados da Apple, ONS, Fenabrave ou Air Radar. É natural que haja revisão de dados das fontes citadas, por isso o IAG defasado pode ter alterações. Também pode haver alterações devido a divergências no horário de divulgação dessas diferentes fontes. Contudo as alterações tendem a ser pequenas, de forma que não influenciam a tendência 10-15 dias do índice.