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Publicado em 04 de Julho às 09:00:41

Monitor de Atividade: taxa de desemprego recua a 9,8% puxado pela volta as aulas

Pandemia e Vacinação

Na última semana, o total de doses aplicadas alcançou o patamar de 450,8 milhões, ante 446,3 milhões em nossa leitura anterior, de modo que o percentual da população vacinada com pelo menos uma dose teve aumento de 0,1 p.p para o patamar de 84,7% da população total brasileira. Ademais, o percentual da população com esquema vacinal completo alcançou o patamar de 79,9% da população, aumento de 0,3 p.p. em relação à semana anterior. No que diz respeito ao percentual da população que recebeu a dose de reforço, houve avanço de 1,8 p.p., alcançando o patamar de 50,8% da população brasileira.

As médias móveis de casos e mortes em decorrência da Covid-19 seguem em disparada no Brasil, com a média móvel de novos casos avançando 65% em duas semanas. Neste contexto, a curva de infecções no país segue numa crescente há 10 dias consecutivos, atingindo médias próximas às registradas na terceira onda da doença, no início deste ano. Com média móvel de 212,7 óbitos e variação de 55% na comparação com as duas semanas anteriores, a curva de novas mortes está no patamar mais alto desde março e também segue subindo há 10 dias, apesar de, proporcionalmente ao número de casos, os índices estarem abaixo da média das outras ondas da pandemia, devido à eficácia da vacinação contra a letalidade do vírus.

Um boletim da Organização Mundial de Saúde divulgado na última quarta-feira apontou que o Brasil está há 8 semanas entre os 5 países com mais mortes pela Covid-19 no mundo. O país também aparece há 4 semanas entre os que têm maior número de casos. Durante todo esse período, os Estados Unidos foram os que registraram a maior quantidade de óbitos. China, Rússia e Itália também estiveram entre os 5 países com mais mortes nas cinco últimas semanas. Na semana de 20 a 26 de junho, foram registrados 1.313 óbitos pela doença no Brasil, segundo o monitoramento da OMS. O número corresponde a cerca de 15% dos mais de 8,5 mil óbitos registrados em todo o mundo na última semana, segundo a OMS.

O número de novos casos de covid-19 no mundo aumentou 18% na última semana, com mais de 4,1 milhões de casos registrados, segundo a OMS. O maior aumento semanal de novos casos de covid-19 aconteceu no Oriente Médio, que registrou crescimento de 47%. As infecções aumentaram cerca de 32% na Europa e no Sudeste Asiático e cerca de 14% nas Américas. A agência de saúde disse que o número mundial de mortes permaneceu relativamente igual ao da semana anterior. As mortes relacionadas à covid-19 aumentaram no Oriente Médio, Sudeste Asiático e Américas.

Cidades do leste da China apertaram as restrições contra a Covid-19 neste domingo depois que surgiram novos grupos de pessoas contaminadas pelo coronavírus, representando uma nova ameaça à recuperação econômica da China sob a rígida política de Covid zero implementada pelo governo. Wuxi, um centro fabril no delta do rio Yangtze, na costa central, interrompeu as operações em muitos locais públicos, e serviços de refeições em restaurantes foram suspensos com o governo aconselhando as pessoas a trabalharem de casa. Yiwu, capital de exportação de pequenas commodities na China, cancelou voos para a capital Pequim por um período não especificado, disse a TV estatal, citando medidas de prevenção contra o vírus. Yiwu relatou três casos de Covid na semana passada. Xangai, o centro financeiro mais populoso da China, relatou um caso de coronavírus fora das áreas de quarentena da cidade, disseram as autoridades em uma coletiva de imprensa.

Os últimos dados mostram que o número de pessoas infectadas no Reino Unido mais que dobrou desde o começo de junho, com mais de 2 milhões de testes positivos. As variantes da Ômicron BA.4 e BA.5 são as responsáveis por essas infecções. A agência responsável reportou um aumento no número de hospitalizações, ainda consideravelmente menor que o experimentado nas ondas anteriores.

Agenda da Semana

Frequência Mensal – Indústria

Indústria: Na última semana, foi divulgada a Sondagem da Indústria da FGV referente ao mês de junho. Nesse sentido, o indicador apresentou expansão de 1,5% m/m na margem, mantendo a trajetória ascendente pelo terceiro mês consecutivo. Com este resultado o indicador atingiu o nível mais elevado desde novembro de 2021 e decorreu da melhora da satisfação tanto da situação atual quanto das expectativas futuras de negócios para o setor, com destaque para o bom momento dos segmentos de consumo não durável e intermediários. Entretanto, para horizontes mais longos, as previsões dos entrevistados se tornam mais pessimistas decorrente da preocupação com o elevado nível inflacionário e da taxa de juros em território contracionista com impacto significativo na atividade econômica. Ademais, na próxima semana, teremos a divulgação da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE referente ao mês de maio. Diante do bom desempenho dos indicadores antecedentes do setor, sobretudo da produção de veículos que avançou 12% m/m na comparação mensal, refletindo uma melhora pontual no fornecimento de insumos (semicondutores), e das políticas fiscais de impulso à demanda que adicionam um viés positivo para o setor, projetamos a expansão de 0,4% m/m do segmento no mês. Entretanto, diante da elevada incerteza, principalmente por conta da continuidade dos gargalos nas cadeias globais de produção, acreditamos que o bom desempenho que o setor vem apresentando ao longo do início de 2022 não deva prevalecer no segundo semestre por conta do elevado nível inflacionário e da taxa de juros em território significativamente contracionista.

Setor de Serviços

Serviços: Na última semana, tivemos as divulgações do Índice de Confiança Empresarial e da Sondagem de Serviços, ambas da FGV. Nesse contexto, ambos os indicadores apontaram para a expansão do setor de serviços no mês de junho, o primeiro avançou 1,4% m/m em relação ao mês anterior. Por sua vez, o indicador de confiança do setor avançou 0,4% m/m na margem, atingindo o maior nível desde outubro de 2021, refletindo a continuidade da melhora das perspectivas para o setor, entretanto, em menor magnitude se comparada aos três meses anteriores. O número positivo de junho foi influenciado pela melhora das expectativas futuras diante da recuperação do setor, beneficiado pela reabertura da economia. Além disso, as políticas de estímulo fiscal focados em estimular a demanda adicionam um viés positivo para o setor. Entretanto, o elevado nível inflacionário, que corrói o poder de compra das famílias, e a elevada taxa de juros, que encarece a obtenção de crédito, impõem risco à continuidade do bom desempenho do setor observado nos últimos dois meses.

Setor de Varejo

Varejo: Na última semana tivemos a divulgação da Sondagem do Comércio da FGV referente ao mês de junho. O indicador apresentou expansão de 4,9% m/m, alcançando o maior nível registrado desde agosto de 2021. O resultado no mês reflete a melhora tanto dos indicadores que medem a situação atual do setor, decorrente dos bons resultados acumulados desde fevereiro de 2022, quanto das expectativas futuras. Nossa avaliação é que o setor vem se beneficiando do aumento dos estímulos fiscais de demanda por parte do governo, que impulsionam as vendas no setor. Além disso, as recentes propostas de novos estímulos via zeragem e aumento do Auxílio Brasil, do benefício fornecido à caminhoneiros e da redução dos impostos sobre o consumo de bens essenciais tendem a beneficiar o setor, principalmente as vendas em Hipermercados e Supermercados. Além disso, a forte recuperação do mercado de trabalho com forte queda da taxa de desemprego e da expansão da massa de rendimentos contribuem para uma perspectiva mais positiva.  Entretanto, o alto grau de incerteza econômica decorrente do elevado nível inflacionário e o encarecimento do crédito impõem considerável risco para o bom desempenho do setor, sobretudo ao longo do segundo semestre de 2022 devido ao efeito defasado da política monetária na economia real.

Demais Indicadores

Demais Indicadores: Não houve divulgações na última semana.

Mercado de Trabalho

Mercado de Trabalho: Na última semana, tivemos as divulgações da PNAD contínua e do Caged do mês de maio. Nesse sentido, no mês foi registrada a criação líquida de 277 mil postos de trabalho formal, resultado bem melhor que o esperado pelo consenso de mercado, que projetava saldo líquido de 181 mil. O resultado de maio foi puxado novamente pelo setor de serviços, com 118 mil vagas líquidas geradas (43% do total), porém foi menos concentrado que nos meses anteriores, com importante contribuição de outras quatro atividades: comércio (47,5 mil), indústria de transformação (42 mil), Construção civil (35,4 mil) e agropecuária (26,7 mil). No setor de serviços, que vem sendo o principal setor de crescimento do emprego, os destaques foram: informação, comunicação e atividades profissionais (49 mil); Administração pública, educação e saúde (24,8 mil); alojamento e alimentação (21,3 mil); transportes e armazenagem (14,8 mil) e outros serviços (10 mil). Esse setor ainda vem sendo beneficiado pela reabertura econômica (escolas, bares e restaurantes) e novos padrões de consumo pós pandemia (comércio eletrônico). Por sua vez, a PNAD contínua apontou para uma forte queda na taxa de desemprego que alcançou o nível de 9,8%, melhor que a expectativa mediana do mercado e ficando abaixo do piso das projeções 9,9%. Na série com ajuste sazonal, o desemprego se encontra em 9,6%, o menor valor desde novembro de 2015. O resultado do mês foi muito positivo, com significativo aumento da população ocupada e disseminado entre as categorias, em conjunto com a queda da população desocupada. Além de disseminada, a geração de empregos vem acelerando entre os trabalhadores com carteira assinada. Além disso, a taxa de participação e a massa de rendimentos apresentaram crescimento. Em particular, a população ocupada (97,5 mi) é a maior para a série histórica, enquanto a população desocupada (10,6 mi) é a menor desde fevereiro de 2016. Entre as atividades econômicas, houve crescimento disseminado em diversas categorias, com destaque para administração pública, educação e saúde (466 mil). Com o retorno das aulas presenciais, vem ocorrendo uma recomposição do emprego, não só com a contratação de professores, mas também trabalhadores ligados à prestação de serviços e infraestrutura dos estabelecimentos de ensino. Em relação ao rendimento real, houve queda de 7,2% a/a no rendimento médio, porém aumento de 3,0% a/a na massa de rendimentos. Na margem, o salário médio cresceu 0,7%, enquanto a massa de rendimentos avançou 3,2%. Nossa avaliação é que o bom desempenho do mercado de trabalho marcado pela forte queda na taxa de desemprego e da expansão da massa de rendimentos impõem um viés positivo para o consumo das famílias em 2022, sendo o principal driver de crescimento do PIB pela ótica da demanda em 2022.

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