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Publicado em 01 de Junho às 12:46:19

PIB (1º tri/ 2023): PIB surpreende o mercado com o avanço de 21,6% da agropecuária

O PIB registrou alta de 1,9% t/t, no primeiro trimestre de 2023 comparado ao trimestre anterior, na série com ajuste sazonal, resultado veio significativamente melhor do que a estimativa mediana de mercado de 1,2% t/t (Broadcast+). Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, a expansão foi de 4,0% a/a, também significativamente acima do consenso de mercado que projetava alta de 3,1% a/a (Broadcast+).

Tivemos revisões mistas no crescimento dos trimestres de 2022. A atividade no 1º trimestre foi de 1,3% t/t para 1,0% t/t, no 2º trimestre o crescimento foi revisado de 0,9% t/t para 1,1% t/t, no 3º trimestre passou de 0,3% t/t para 0,5% t/t, e no 4 º foi de -0,2% t/t para -0,1% t/t. Com o resultado do primeiro trimestre de 2023 e as revisões no ano anterior, o PIB se encontra 6,4% acima do patamar pré-pandemia e deixa um carrego estatístico de 2,4% para o crescimento do ano.

Pela ótica da oferta, o grande destaque ficou por conta da Agropecuária que avançou 21,6% t/t frente ao último trimestre de 2022. Vale destacar que o ano de 2022 foi marcado por evento climáticos que impactaram negativamente a agropecuária no período. Nesse sentido, o efeito base depreciado somado a uma expectativa de supersafra de soja, que representa cerca de 70% da lavoura no trimestre, explicam o desempenho exuberante nesse início de ano. Por sua vez, o setor de Serviços, que possui o maior peso no PIB, avançou 0,6% t/t, com destaque para as atividades de Transporte, armazenagem e correio (1,2% t/t); Intermediação financeira e seguros (1,2% t/t); e Administração, saúde e educação pública (0,5% t/t). Em contrapartida, os destaques negativos ficaram por conta das quedas em Informação e comunicação (-1,4% t/t), sendo explicada principalmente por uma base de comparação elevada diante da expansão registrada nos últimos anos; e Outros serviços (-0,5% t/t). Por fim, a Indústria registrou contração próxima a estabilidade (-0,1% t/t), com destaque negativo para os desempenhos da Construção (-0,8% t/t); e Indústrias de transformação (-0,6% t/t), influenciada pelas quedas na produção de Bens de capital e de Bens intermediários. A contração de ambos os grupos se deve ao cenário macroeconômico adverso marcado por uma política monetária significativamente contracionista. Ainda sobre a Indústria, na ponta positiva, podemos destacar o desempenho das Indústrias extrativas (2,3% t/t); e Eletricidade e gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos (1,7% t/t).

Na ótica da demanda, houve moderada expansão de 0,2% t/t do Consumo das famílias, a taxa mais baixa desde o segundo trimestre de 2021, sinalizando os efeitos da política monetária contracionista sobre a decisão de consumo das famílias, ainda que o mercado de trabalho tenha se mostrado mais resiliente do que o antecipado nas últimas leituras. Por sua vez, o Consumo do governo avançou 0,3% t/t, enquanto a Formação bruta de capital fixo recuou 3,4% t/t, em linha com o cenário de perda de dinamismo da economia e de elevação das incertezas políticas e econômicas nos últimos meses. O grande destaque positivo ficou por conta do setor externo, haja vista a queda de 0,4%t/t das Exportações de bens e serviços terem sido compensados por uma forte queda das Importações (-7,1% t/t). Embora o resultado da balança comercial tenha sido o principal vetor altista do PIB pela ótica de demanda, vale ressaltar que a forte queda das Importações sinaliza uma demanda interna mais fraca que se mostra impactada pelo ciclo de aperto monetário.

Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, o PIB registrou alta de 4,0% a/a, refletindo o forte avanço da Agropecuária (18,8% a/a), resultante do bom desempenho da lavoura nesse primeiro trimestre, sobretudo da soja que apresentou um crescimento expressivo na produção anual (24,7% a/a) de acordo com a LSPA. Por sua vez, os Serviços avançaram 2,9% a/a, registrando alta em todas as suas atividades, com destaque para: Informação e comunicação (6,8% a/a); e Transporte, armazenagem e correio (5,1% a/a). Já a indústria registrou alta de 1,9% a/a, diante da alta de 7,7% a/a das Indústrias extrativas, beneficiadas pelas altas na extração tanto do petróleo e gás como de minério de ferro; e na atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (6,4% a/a), com a melhoria das condições hídricas que permitiram reduzir custos de produção de energia elétrica com o desligamento de usinas termoelétricas. Por fim, a taxa de investimento como proporção do PIB saiu de 18,4% do PIB no primeiro trimestre de 2022 para 17,7% do PIB no 1T23, sinalizando que o ciclo de aperto monetária combinado com o elevado grau de incerteza presente na economia brasileira vem impactando a decisão de investimento dos empresários.

Nossa avaliação é que a leitura do PIB do 1º trimestre foi mista, apesar o resultado acima do esperado pelo consenso de mercado. Esta percepção deriva do fato de que a forte alta no início do ano ficou concentrada em setores menos sensíveis ao ciclo de aperto monetário, sobretudo a Agropecuária. Em contrapartida, sinais negativos podem ser extraídos dos componentes mais sensíveis a alta de juros. Destacamos aqui os desempenhos mais próximos à estabilidade dos Serviços e da Indústria pelo lado da oferta e do Consumo das famílias, Formação bruta de capital fixo e Importações pelo lado da demanda. Dessa forma, a sustentação do crescimento apenas sobre o setor da Agropecuária pelo lado da oferta ao passo em que observamos desaceleração da demanda interna nos leva a enxergar um cenário prospectivo de desaceleração da economia nos próximos trimestres, fazendo com que o crescimento no ano venha abaixo do carrego estatístico deixado pelo desempenho do primeiro trimestre (2,4%). Nesse cenário, nossa projeção preliminar aponta para um crescimento de 0,2% t/t no segundo trimestre e revisamos nossa projeção de crescimento do ano de 1,0% para 1,6%.

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