O PIB avançou 1,0%, no primeiro trimestre de 2022 comparado ao trimestre anterior, na série com ajuste sazonal. O resultado veio pior que o projetado pelo mercado, que aguardava avanço de 1,2%. Os destaques positivos no trimestre ficaram com o avanço do setor de serviços e o desempenho do setor externo com as exportações. Por outro lado, tivemos surpresas negativas com os investimentos (FBKF), no setor agropecuário e na indústria extrativa.
Tivemos revisões no crescimento trimestral de 2021. A atividade no 1º trimestre de 2021 passou de 1,4% para 1,1%, no 2º trimestre de -0,3% para -0,2%, no 3º trimestre de -0,1% para 0,1% e no 4º trimestre de 0.5% para 0,7%. Com o resultado do último trimestre e com a revisão da série, o PIB se encontra 1,6% acima do nível pré pandemia, deixando um carrego estatístico de 1,5% para o ano de 2022.
Na ótica da oferta, o setor de serviços foi o grande destaque do trimestre com avanço de 1,0%. O maior crescimento ocorreu no segmento Outros Serviços (2,2%), que abarca grande parte das atividades ligadas aos serviços prestados às famílias (alojamento e alimentação), sendo beneficiados pela reabertura econômica e retomada das atividades presenciais. Outro segmento que se destacou positivamente foi o setor de Transportes (2,1%), com uma combinação do aumento dos transportes de cargas, diante do aumento do comércio eletrônico e o transporte de passageiros, com o aumento das viagens aéreas (outra demanda represada da pandemia). Além disso, o setor de comércio apresentou bom resultado (1,6%). Os únicos setores nos serviços que apresentaram recuo foram os de informação (-5,3%) e intermediação financeira (-0,7%). Apesar da forte contração do setor dos serviços de informação, o segmento se encontra 11,7% acima do período pré pandemia, tendo sido impulsionado durante a crise sanitária.
Por outro lado, o setor agropecuário (-0,9%) foi uma surpresa negativa no trimestre, apesar da disparada do preço das commodities. O setor foi impactado pela estiagem na região Sul do país, causando redução da estimativa da produção de soja.
Já a indústria ficou praticamente estagnada no período (0,1%). O maior avanço ocorreu no segmento Eletricidade, gás, água e esgoto (6,6%). Além disso, houve avanço na indústria de transformação (1,4%) e na construção civil (0,8%). Por outro lado, a indústria extrativa recuou 3,4% no período, por conta da queda da produção de minério, o que acabou equilibrando o resultado do setor industrial.
Na ótica da demanda, houve avanço de 0,7% no consumo das famílias, com o avanço de atividades de caráter presencial e o consumo do governo avançou 0,1%. Já os investimentos (FBKF) recuaram 3,5%, sendo impactados pela diminuição da produção e importação de bens de capital, apesar do setor de construção civil ter avançado no período. A taxa de investimento recuou para 18,7%, ante 19,7% no mesmo período do ano anterior. As exportações avançaram 5,0%, enquanto as importações recuaram 4,6%.
Nossa avaliação é que o PIB do 1º trimestre foi positivo, porém abaixo da nossa expectativa. O setor agropecuário e os investimentos decepcionaram, enquanto o cenário de reabertura econômica impulsionou o setor de serviços. A recuperação continuará no próximo trimestre (projetamos 0,5% t/t), beneficiada pela recuperação do emprego, da massa salarial, das políticas de estímulo a demanda e aumento das commodities. Porém, a atividade econômica será mais impactada pela política monetária contracionista ao longo do segundo semestre do ano.