O PIB avançou 1,2%, no segundo trimestre de 2022 comparado ao trimestre anterior, na série com ajuste sazonal. O resultado veio melhor que o projetado pelo mercado, que aguardava avanço de 0,9%. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, houve crescimento de 3,2% a/a.
Os destaques do PIB do 2º trimestre vão para o setor de serviços (1,3%), com a normalização das atividades presenciais; para o consumo das famílias (2,6%), com a melhora do mercado de trabalho e com o impacto dos estímulos fiscais; além da recuperação acima do esperado no setor industrial (2,2%) sendo generalizada, com desempenho sólido da indústria de transformação e acima do esperado na construção civil e extrativa; e o avanço nos investimentos (4,8%), com contribuição da construção e do setor de informação & comunicação.
Tivemos revisões positivas no crescimento dos trimestres anteriores. A atividade no 1º trimestre de 2022 passou de 1,0% para 1,1% e no 4º trimestre de 2021 de 0,7% para 0,8%. Com o resultado do último trimestre e com a revisão da série, o PIB se encontra 3,0% acima do nível pré pandemia, deixando um carrego estatístico de 2,6% para o ano de 2022.
Na ótica da oferta, o setor de serviços foi novamente o grande destaque do trimestre com avanço de 1,3%, com resultado positivo e acima do esperado disseminado entre os subgrupos. Assim como no trimestre anterior, o maior crescimento ocorreu no segmento Outros Serviços (3,3%), que abarca grande parte das atividades ligadas aos serviços prestados às famílias de caráter presencial (bares, restaurantes, hotéis), que vem sendo beneficiados pela reabertura econômica. Outro segmento que se destacou positivamente foi o setor de Transportes (3,0%), com uma combinação do aumento dos transportes de cargas, diante do aumento do comércio eletrônico e o transporte de passageiros, com o aumento das viagens aéreas (outra demanda represada da pandemia).
Além disso, o setor de comércio apresentou bom resultado (1,7%), impactado pelo aumento no consumo das famílias, diante da combinação do mercado de trabalho mais forte, com aumento da ocupação e do crescimento da massa salarial, além do impulso fiscal no trimestre (liberação do FGTS e antecipação dos 13º salários dos aposentados). Por fim, outro destaque no setor de serviços foi o setor de informação e comunicação (2,9%).
O setor agropecuário avançou 0,5% no 2º trimestre. No semestre o setor vem apresentando contração, puxado pelo recuo da soja. A projeção da LSPA é de queda de 12% para soja. Por outro lado, a produção do café apresentou aumento em sua expectativa de crescimento para 8,6%. No segundo trimestre, o resultado reflete um maior peso da produção de café, que apresenta crescimento, e um peso menor da produção de soja que vem em queda.
A indústria apresentou crescimento de 2,2% no segundo trimestre, disseminado em todos os subsetores. O maior avanço ocorreu no segmento Eletricidade, gás, água e esgoto (3,1%), sendo beneficiado pelo desligamento das usinas térmicas. Além disso, houve avanço na construção civil (2,7%), que vem sendo um dos setores destaque nos últimos trimestres, estando 12,5% acima do nível pré pandemia. Também houve crescimento da indústria extrativa mineral (2,2%) e de 1,7% na indústria de transformação.
Na ótica da demanda, houve avanço de 2,6% no consumo das famílias, impulsionados pela melhora no mercado de trabalho e pelos estímulos fiscais e avanço de 4,8% nos investimentos (FBKF), com destaque para o setor de construção e no desenvolvimento de software. Houve contribuição negativa do setor externo, com recuo de 2,5% nas exportações e aumento de 7,6% nas importações. Esse forte avanço nas importações foi puxado por produtos intermediários (insumos para indústria), refletindo o processo de normalização das cadeias produtivas. A taxa de investimento ficou em 18,7% do PIB no 2º tri e em 18,9% do PIB na média móvel de quatro meses.
Nossa avaliação é que o PIB do 2º trimestre foi positivo, não só pelo valor acima do esperado, mas também pela disseminação de resultados positivos entre diversos subgrupos. Com isso, revisamos de forma preliminar nossa projeção do PIB em 2022 de 2,5% para 2,8%.