Home > Macroeconomia Brasil > PIB (4º tri/21): Economia brasileira avança 4,6% em 2021

Publicado em 04 de Março às 13:00:26

PIB (4º tri/21): Economia brasileira avança 4,6% em 2021

O PIB avançou 0,5%, no quarto trimestre de 2021 comparado ao trimestre anterior, na série com ajuste sazonal. O resultado veio melhor que o projetado pelo mercado, que aguardava avanço de 0,2%, ficando no teto das expectativas. Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, o PIB avançou 1,6% a/a. O resultado no último trimestre do ano passado foi influenciado, na ótica da oferta, pelo avanço do setor de serviços (0,5%) e agropecuário (5,8%).

Tivemos algumas revisões na série do PIB. A atividade no 1º trimestre de 2021 passou de 1,3% para 1,4%, no 2º trimestre de -0,4% para -0,3%, com o 3º trimestre se mantendo em -0,1%. Com o resultado do último trimestre e com a revisão da série, o PIB avançou 4,6% em 2021, recuperando as perdas do ano anterior, encontrando-se 0,5% acima do nível pré pandemia. (em relação ao 4º tri de 2019), porém ainda está 2,8% abaixo do nível mais alto da série (1º tri de 2014).

Apesar do forte crescimento no setor agropecuário no quarto trimestre, o fator determinante para o crescimento foi o avanço no setor de serviços, que têm um peso muito mais relevante na economia. Dentro do setor de serviços, os destaques no trimestre foram os mesmos que avançaram no ano: informação e comunicação (3,4%), transportes (2,6%) e outros serviços (2,1%), que possuem diversas atividades de caráter presencial que estão se beneficiando com a reabertura da economia.  Por outro lado, o setor de comércio foi o destaque negativo no trimestre, recuando 2,0%, em um contexto de aceleração inflacionária com a corrosão do poder de compra real das famílias, além do encarecimento de produtos diante da desvalorização cambial.

O setor industrial apresentou recuo de 1,2%, com a contração da indústria de transformação (-2,5%), em especial na atividade de bens de consumo duráveis. Além disso, tivemos recuo da indústria extrativa (-2,4%) e eletricidade, gás, água e esgoto (-0,2%). O único grupo que avançou no trimestre foi a construção (1,5%). 

Pela ótica da demanda os resultados foram: Formação Bruta de Capital Fixo (0,4% t/t), a Despesa de Consumo das Famílias (0,7% t/t), a Despesa de Consumo do Governo (0,8% t/t), Exportações (-2,4% t/t) e Importações (0,5% t/t).

Ano de 2021

O PIB avançou 4,6% em 2021, após recuar 3,9% no ano anterior. O resultado no ano foi puxado pela alta no setor de serviços (4,7%) e indústria (4,5%). Já o setor agropecuário apresentou contração de -0,2%. Na ótica da demanda, houve avanço no consumo das famílias (3,6%), consumo do governo (2,0%), Formação Bruta de capital fixo (17,2%), exportações (5,8%) e importações (12,4%).

No setor agropecuário, as contribuições positivas vieram da produção de soja (11%), trigo (25,8%) e arroz (5,2%). Por outro lado, diante da estiagem prolongada e de geadas, houve contração de importantes culturas como o café (-21,1%), milho (-15%), cana de açúcar (-10,1%) e o desempenho fraco da pecuária ocorreu pela queda da produção de bovinos e leite.

O setor de serviços, por sua vez, apresentou crescimento em todas as atividades, com destaque para o setor de transportes (11,4%). O transporte de passageiros avançou significativamente, principalmente, ao final do ano com o aumento das viagens. Outros serviços também tiveram contribuição expressiva no ano (7,6%), sendo atividades ligadas aos serviços presenciais, que apresentaram boa recuperação ao longo de 2021 com o arrefecimento da pandemia. Além disso, o setor de informação e comunicação avançou 12,3%, puxado pelo avanço da internet e desenvolvimento de sistemas, setores que já vinham crescendo, mas foram impulsionados pela pandemia.

Dois importantes setores de serviços ainda não recuperaram o nível pré pandemia: outros serviços (1,4% abaixo) e serviços públicos (-1,7%). Juntos essas duas atividades correspondem por mais de 30% do PIB. Avaliamos que uma normalização desses setores pode contribuir com aproximadamente 0,5 p.p. no PIB de 2022.

Na indústria, o destaque vai para o setor de construção (9,7%), que apresentou crescimento de 13,8% na ocupação. Além disso, tivemos contribuição positiva da indústria de transformação (4,5%), com o maior peso no setor, que foi puxada pelo aumento da produção de máquinas e equipamentos, metalurgia, indústria automotiva, equipamentos de transporte e produtos minerais não metálicos. Já a indústria extrativa avançou 3,0% com a alta da extração de minério de ferro. A contribuição negativa advém da produção e distribuição de eletricidade, gás e água.

Com esse resultado, em 2022 teremos uma herança estatística de 0,3%. Ou seja, caso a atividade se mantenha constante (crescimento trimestral zero), o PIB anual avançará 0,3%. Nossa projeção é de 0,6%, sendo beneficiada pela produção agropecuária voltada para exportação, normalização de segmentos no setor de serviços e pelos investimentos, principalmente públicos. Com a elevação na arrecadação, entes subnacionais estão com elevado saldo em caixa que deve ser direcionado, em parte, para investimentos em um cenário de ano eleitoral. Além disso, apesar da política monetária avançar em território contracionista, vemos apetite por investimentos em alguns setores como: Energia, Saneamento, Logística e Óleo e Gás. Por outro lado, teremos um cenário de política monetária em patamar extremamente contracionista, com taxas de juros reais muito altas próximas de 7% a/a, impactando diretamente o consumo, via redução do crédito e maior endividamento das famílias.

Acesse o disclaimer.

Leitura Dinâmica

Recomendações

    Vale a pena conferir