Em abril, a produção industrial avançou 0,1% m/m frente março (série com ajuste sazonal), resultado levemente pior que a expectativa mediana do mercado, que esperava um avanço de 0,2% m/m (Broadcast). Vale destacar a revisão ocorrida no mês anterior (março) de crescimento de 0,3% para 0,6%. Houve crescimento de 0,4% da indústria extrativa e 0,1% na indústria de transformação.
Na variação interanual, o setor recuou 0,5%, com queda acumulada no ano de 3,4% e de 0,3% nos últimos doze meses. Apesar da indústria apresentar 5 taxas positivas nos últimos 6 meses, ainda não conseguiu recuperar o nível pré pandemia, estando 1,5% abaixo. Com o resultado do mês, o carrego estatístico para o ano de 2022 é de -0,5%.
O setor apresentou aumento em 16 das 26 atividades pesquisadas. O maior impacto decorre da produção de derivados de petróleo (4,6%), em seguida, Bebidas (5,2%), outros produtos químicos (2,8%) e produtos farmacêuticos (4,8%). Por outro lado, os destaques negativos ficaram com os produtos alimentícios (-4,1%) e veículos automotores (-4,2%). A queda nos produtos alimentícios decorre, principalmente, das dificuldades na produção de açúcar, enquanto o setor automotivo enfrenta dificuldades relacionados ao desarranjo das cadeias globais de suprimentos (lockdown na China) e encarecimento de insumos de produção.
Entre as categorias econômicas, houve avanço em duas das quatro: bens de consumo semi e não duráveis (2,3%) e bens intermediários (0,8%). Porém, a contração da produção de veículos no mês impactou negativamente os bens de capital (-9,2%) e os bens de consumo duráveis (-5,5%). O forte recuo dos bens de capital decorre da menor produção de equipamentos de transporte industrial (-10,3%), em especial a produção de caminhões. Apesar da forte contração, a categoria se encontra 7,1% acima do nível pré pandemia. Já nos bens de consumo duráveis, o destaque negativo decorre da produção de automóveis para passageiros (-7,5%), que se encontra 29,6% abaixo do nível pré pandemia em um contexto adverso para o setor automotivo global (escassez de componentes e encarecimento de produtos).
O destaque para o mês de abril foi o fraco desempenho dos bens de capital, logo após o PIB reportar uma queda dos investimentos (FBKF) no 1º trimestre do ano. Importante monitorar se esse arrefecimento será uma tendência, ou advém de uma combinação conjuntural de curto prazo. Nossa avaliação é que o 2º semestre será positivo para o setor industrial. O PMI industrial de maio reportou 54,2, salientando o aumento da produção e do emprego industrial no próximo mês. Entretanto, as dificuldades globais permanecem no contexto de volatilidade de preços de energia, lockdown na China e a Guerra na Ucrânia, aumentando substancialmente o preço dos insumos e dos custos de produção.