Em agosto, a produção industrial recuou 0,6% m/m frente o mês de julho (série com ajuste sazonal), resultado levemente melhor que a expectativa mediana do mercado (-0,7%, Broadcast). Nesse mês, houve queda tanto na indústria de transformação (-0,2%) quanto na extrativa mineral (-3,6%).
Na variação interanual, o setor avançou 2,8%, acumulando queda de 1,3% no ano e de 2,7% nos últimos doze meses. Com mais uma queda na comparação mês a mês, a produção industrial acumula 3 taxas negativas no ano, fazendo com que permaneça 1,5% abaixo do nível pré-pandemia. Com o resultado do mês, o carrego estatístico para o ano de 2022 fica em -0,4% e em 0% para o 3º trimestre do ano.
No mês de agosto, embora a queda tenha vindo em linha com a expectativa, a retração da produção industrial foi bastante concentrada em poucas atividades, com uma taxa de difusão elevada. Das 26 atividades, apenas 8 apresentaram queda, sendo coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,2%), produtos alimentícios (-2,6%) e indústrias extrativas (-3,6%) as que mais contribuíram para a queda. Deve-se destacar que as três categorias, em conjunto, representam 36% de toda a produção industrial. Entretanto, entre elas, a primeira é a única que se encontra acima do nível pré-pandemia, em 2,2%.
Por outro lado, os destaques positivos ficaram com os segmentos veículos automotores, reboques e carrocerias (10,8%), máquinas e equipamentos (12,4%) e outros produtos químicos (9,4%). O desempenho do segmento de máquinas e equipamentos está intimamente ligado com a própria dinâmica do setor industrial, isto é, com a dinâmica de investimentos em capacidade produtiva, e já se encontra 19,1% acima do nível pré-pandemia.
Entre as categorias econômicas, bens de consumo semi e não duráveis apresentaram queda de 1,4% na comparação com o mês imediatamente anterior, bem como bens intermediários. Por outro lado, os bens de consumo duráveis apresentaram um forte crescimento de 6,1%, movimento semelhante aos dos bens de capital, que avançaram 5,2%. Deve-se destacar, entretanto, que bens de consumo duráveis se encontra 16,6% abaixo do nível pré-pandemia, ao passo que bens de capital ocupa o lado oposto, em 14,1% acima.
Durante o mês de agosto, observamos um crescimento disseminado entre os segmentos industriais, haja vista a queda da produção industrial reflete o desempenho negativo de apenas 8 das 26 atividades. Aqueles segmentos mais sensíveis à dinâmica do mercado de commodities foram mais impactadas no período, em linha com a correção nos preços do petróleo. Acreditamos que o principal destaque foi o crescimento dos bens de capital, tanto em relação ao mês anterior quanto ao mesmo mês do ano passado. Há uma forte correlação entre a produção de bens de capital e a formação bruta de capital fixo, o que pode levar a um nível de investimento maior no terceiro trimestre do ano. Em relação às expectativas, a produção de veículos – que justificava nossa visão um pouco mais otimista para o setor industrial em agosto – cresceu 2,4% no mês e a confiança medida pela FGV havia avançado. Por outro lado, tanto a utilização da capacidade instalada quanto o PMI apontavam para uma retração.