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Publicado em 03 de Outubro às 14:26:19

PIM (Ago/25): Indústria avança apesar do cenário econômico adverso

Em agosto, a produção industrial avançou 0,8% m/m, resultado que veio significativamente melhor do que o esperado pelo mercado (0,3% m/m, Broadcast+) e do que a nossa projeção para o mês (0,1% m/m). Com este resultado, o setor reverte o recuo de 0,1% m/m observado no mês imediatamente anterior, interrompendo uma sequência de dois meses consecutivos de resultados próximos à estabilidade. Na comparação interanual, houve recuo de 0,7% a/a, vindo melhor do que o projetado pelo mercado (-1,2% a/a, Broadcast+) e do que a nossa projeção para o período (-1,9% a/a). O desempenho acima do esperado corrobora a leitura de que, apesar do ambiente macroeconômico mais desafiador, o processo de desaceleração da economia deve ocorrer de forma gradual ao longo dos próximos trimestres.

Diferentemente de julho, o resultado no mês refletiu a combinação entre a alta de 0,6% m/m da indústria de transformação, que reverteu a queda de 0,1% m/m registrada no mês imediatamente anterior, e do recuo de 0,3% m/m da indústria extrativa, que compensou parcialmente a alta de 1,2% m/m de julho. Com este resultado, a indústria de transformação registrou expansão de 0,2% na média móvel trimestral, compensando o recuo de mesma magnitude no mês imediatamente anterior, ao passo em que a indústria extrativa saiu de uma alta de 0,1% para um recuo de 0,3% nesta mesma métrica.

O desempenho positivo no mês foi derivado das altas em três das quatro grandes categorias e 16 dos 25 ramos pesquisados. Entre os destaques, a produção de bens intermediários avançou 1,0% m/m, dando sequência a seis meses consecutivos de alta, refletindo, em grande parte, o aumento de 2,1% m/m na fabricação de peças e acessórios para bens de capital e de 2,0% m/m nos insumos industriais básicos. A produção de bens de consumo semiduráveis e não duráveis também apresentou bom desempenho, com alta de 0,9% m/m, puxada principalmente pela elevação de 4,0% m/m nos bens não duráveis. Já a produção de bens de consumo duráveis subiu 0,6% m/m, com destaque para o expressivo avanço de 18,6% m/m nos equipamentos de transporte não industrial. Por outro lado, a única contribuição negativa no mês veio da produção de bens de capital, que recuou 1,4% m/m, pressionada pela queda de 5,2% m/m nos equipamentos de transporte industrial. Esse resultado sugere que o aperto monetário em curso, somado ao aumento das incertezas, continua pesando sobre os investimentos produtivos.

Com o resultado de agosto, a indústria agora se encontra 1,7% acima do nível pré-pandemia (fev/20), com as indústrias de transformação e extrativa 1,0% e 12,6% acima do patamar pré-pandemia, respectivamente, e 14,4% abaixo do nível mais elevado já registrado em sua série histórica (mai/11). Dessa forma, a atividade industrial deixa um carrego estatístico de 0,3% para o crescimento no 3º trimestre e de 1,3% para o ano de 2025.

De maneira geral, os dados de agosto seguem corroborando as nossas expectativas de arrefecimento da atividade industrial ao longo dos próximos meses, refletindo um cenário macroeconômico que tende a se manter adverso. Apesar do mercado de trabalho resiliente e as medidas de estímulo à demanda seguirem exercendo um importante papel de impulso ao crescimento no ano, a política monetária contracionista e a elevação das incertezas devem pesar de maneira mais significativa sob a indústria, principalmente a de transformação, através do aumento do custo de financiamento e a queda na intenção de investir por parte dos empresários. Nesse cenário, seguimos projetando um desempenho heterogêneo entre os segmentos industriais. Enquanto a indústria de transformação deve seguir pressionada pelo ambiente econômico adverso, a indústria extrativa tende a apresentar performance mais favorável, sustentada por seu caráter menos cíclico e por condições climáticas mais benignas. Com o resultado de agosto, mantemos nossa projeção de crescimento do PIB em 0,4% t/t no terceiro trimestre e de 2,3% para o acumulado de 2025.

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