Em julho, a produção industrial recuou 0,2% m/m, resultado ligeiramente pior do que o esperado pelo mercado (–0,3% m/m, Broadcast+), mas em linha com nossa projeção (–0,2% m/m). Com isso, o setor acumula três meses consecutivos sem crescimento, registrando queda de 1,5% no período das últimas quatro leituras. Na comparação interanual, houve leve expansão de 0,2% a/a, marginalmente acima do consenso e da nossa projeção (+0,1% a/a), após retração de 1,3% a/a em junho. O dado, no entanto, reforça a percepção de perda de dinamismo da indústria em um ambiente macroeconômico adverso e de elevada incerteza.
Diferentemente de junho, o resultado de julho refletiu a combinação de uma alta de 0,8% m/m na indústria extrativa, que havia recuado 1,8% m/m no mês anterior e acumula crescimento de 5,7% em 2025, com a queda de 0,1% m/m da indústria de transformação, revertendo a alta de mesma magnitude observada em junho. Com esse desempenho, a média móvel trimestral da indústria de transformação recuou 0,2%, prolongando a sequência de três quedas consecutivas e reforçando a leitura de arrefecimento do setor diante da política monetária contracionista.
O recuo da produção industrial em julho veio acompanhado de altas em duas das quatro grandes categorias e em 13 dos 25 ramos pesquisados. Os destaques positivos ficaram com os bens intermediários (+0,5% m/m), puxados por alimentos e bebidas básicos (+3,4% m/m), combustíveis e lubrificantes elaborados (+2,1% m/m) e peças e acessórios para bens de capital (+1,9% m/m); e pelos bens de consumo semi e não duráveis (+0,1% m/m), impulsionados pelos avanços em semiduráveis (+1,9% m/m) e não duráveis (+0,9% m/m). Na ponta negativa, destacaram-se as quedas em bens duráveis (–0,5% m/m), fortemente influenciados pelo recuo de 17,7% m/m na produção de equipamentos de transporte não industrial, e em bens de capital (–0,1% m/m), impactados pela contração de 3,4% m/m na produção de equipamentos de transporte industrial.
Com esse resultado de julho, a indústria agora se encontra 1,7% acima do nível pré-pandemia (fev/20) e 15,3% abaixo do nível mais elevado da série histórica registrado em maio de 2011, deixando um carrego estatístico de -0,4% para o crescimento da indústria no 3º trimestre e de 0,8% para o ano de 2025.
De maneira geral, os dados de julho seguem corroborando a nossa perspectiva de arrefecimento da atividade industrial ao longo de 2025, em função de um cenário macroeconômico que se mostra cada vez mais adverso. Apesar do mercado de trabalho e as políticas de estímulo a demanda seguirem exercendo um importante papel de impulso ao crescimento do ano, a política monetária contracionista e a elevação das incertezas devem pesar sobre a indústria, principalmente a de transformação, através do aumento do custo de financiamento e queda na intenção de investimento por parte dos empresários. Dessa forma, seguimos avaliando que a indústria deve apresentar um comportamento heterogêneo nos próximos meses, com a indústria de transformação sofrendo com o cenário econômico e uma indústria extrativa que deve seguir performando melhor devido ao seu caráter menos cíclico e condições climáticas mais favoráveis. Com o resultado de hoje, mantemos tanto a nossa projeção de crescimento do PIB no 3T25 de 0,5% t/t quanto a nossa expectativa de crescimento no ano de 2,3%.









