Em maio, a produção industrial avançou 0,3% m/m frente abril (série com ajuste sazonal), resultado pior que a expectativa mediana do mercado, que esperava um avanço de 0,5% m/m (Broadcast). Houve queda de 5,6% da indústria extrativa, porém crescimento de 0,8% na indústria de transformação.
Na variação interanual, o setor cresceu 0,5%, com queda acumulada no ano de 2,6% e de -1,9% nos últimos doze meses. Apesar da indústria apresentar 6 taxas positivas nos últimos 7 meses, ainda não conseguiu recuperar o nível pré pandemia, estando 1,1% abaixo. Com o resultado do mês, o carrego estatístico para o ano de 2022 é de -0,2% e de 1% para o 2º trimestre do ano.
No mês de maio, apesar do resultado mais fraco que o esperado, houve disseminação do crescimento entre as atividades, com aumento em 19 das 26 atividades pesquisadas. A taxa de difusão ficou em 74,3% (acima da média para o mês de maio em 61%). O maior impacto decorreu do avanço em máquinas e equipamentos (7,5%), com o comportamento positivo em máquinas para indústria, agricultura e construção, setores que vem apresentando bom desempenho no âmbito dos investimentos. Além disso, outro destaque positivo ficou com o setor de veículos automotores (3,7%), com desempenho positivo em automóveis, caminhões e autopeças.
Por outro lado, as maiores influências negativas ficaram com a indústria extrativa (-5,6%), com queda nos itens de petróleo, gás e minério. Além disso, houve contração no setor de outros produtos químicos (-8,0%). Esses dois setores já vinham de uma base de comparação mais elevada.
Entre as categorias econômicas, houve avanço nos Bens de capital (7,4%) e nos bens de consumo (0,2%), com destaque para os bens duráveis (3,0%). O único grupo que apresentou contração foi o de bens intermediários (-1,3%). As medidas de estímulo a demanda (saque FGTS e antecipação do 13º) e a recuperação do mercado de trabalho influenciaram positivamente o aumento da demanda com avanço dos bens de consumo, enquanto os bens de capital foram beneficiados pelo crescimento de das máquinas para indústria e caminhões. Já a queda nos bens intermediários parece pontual com contração da indústria extrativa e outros químicos.
O resultado de maio apresentou boa abertura, apesar do resultado mais fraco que o esperado. Entretanto, o cenário adverso para indústria ainda permanece, com juros e inflação elevados e os gargalos na cadeia de suprimentos. Muitas plantas industriais prosseguem fazendo paralisações, reduções de jornadas e concedendo férias coletivas, com o setor automotivo exemplificando esse cenário. Os lockdowns da China, diante da política de Covid Zero, afetam a cadeia global de suprimentos. Por outro lado, a recuperação do mercado de trabalho e o crescimento da massa de rendimentos deve proporcionar sustentação a demanda nas próximas leituras.