Em março, a produção industrial avançou 0,3% m/m frente fevereiro (série com ajuste sazonal), resultado levemente melhor que a expectativa mediana do mercado, que esperava um avanço de 0,2% m/m (Broadcast). Houve crescimento de 0,9% da indústria extrativa, porém queda de 0,6% da indústria de transformação.
Na variação interanual, houve recuo de 2,1%, a oitava taxa negativa consecutiva. O setor industrial cresceu 0,3% no 1º trimestre de 2022, com avanço da indústria extrativa (1,0%) e estabilidade da indústria de transformação. Para o 2º trimestre do ano, o carrego estatístico é de 0,4%. O setor industrial vem se recuperando nos últimos meses (4 taxas positivas nos últimos 5 meses), mas ainda se encontra 2,1% abaixo do nível pré pandemia (fev/20). As dificuldades do setor industrial são disseminadas por diversas categorias, com somente 8 das 26 atividades tendo recuperado o nível pré pandemia.
O resultado no mês deriva do desempenho positivo em três das quatro grandes categorias econômicas e em 14 dos 26 ramos observados pela pesquisa. Em meio às altas, destaca-se o crescimento de 6,9% na produção de veículos automotores, outros produtos químicos (7,8%), bebidas (6,4%) e máquinas e equipamentos (4,9%). Por outro lado, entre os segmentos que contribuíram negativamente para a produção industrial em março, destaca-se a produção de alimentos (-1,7%), derivados de petróleo (-2,1%) e produtos farmacêuticos (-8,4%).
Entre as categorias econômicas, destaque para o avanço nos bens de capital (8,0%) e nos bens de consumo duráveis (2,5%). O setor de bens intermediários apresentou avanço de 0,6%, enquanto os bens de consumo semi e não duráveis apresentou queda de 3,3%.
Apesar dos avanços nos últimos dos meses, as dificuldades para o setor industrial ainda se mantém elevadas. A escassez global de insumos, a volatilidade do preço da energia, a interrupção das cadeiras de suprimentos, a inflação e taxas de juros elevadas compõem um cenário macroeconômico muito desafiador para o setor. A guerra na Ucrânia intensificou as dificuldades para o setor industrial, por meio do aumento da inflação (pressão sobre custos operacionais) e escassez de matéria prima essencial para produção de componentes eletrônicos. A Rússia e a Ucrânia são grandes produtores de paládio e gás neônio, que são insumos fundamentais para a produção de chips (amplamente utilizados na indústria). Antes da guerra no leste europeu, os produtores asiáticos não estavam conseguindo fornecer o suficiente para suprir a demanda por semicondutores globalmente, que agora com a guerra, enfrenta um gargalo na etapa anterior (fornecimento de insumos para os chips).
Para mitigar os efeitos do cenário macroeconômico adverso, aproveitando os recordes de arrecadação por parte do governo central e dos subnacionais, houve nova redução do IPI de 25% para 35% em maio. Mesmo que a redução não seja repassada para o consumidor final (ou pelo menos não integralmente), a medida ajuda o setor na recomposição de margens, que estão sendo muito pressionadas pela elevação de custos operacionais.