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Publicado em 02 de Dezembro às 12:59:56

PIM (Out/25): Indústria desaponta no início do último trimestre de 2025

Em outubro, a produção industrial registrou avanço de 0,1% m/m, vindo pior do que o esperado tanto pelo mercado (0,3% m/m, Broadcast+), quanto por nós (0,5% m/m). A alta mais modesta no mês foi reflexo da contração da indústria de transformação, refletindo o cenário macroeconômico mais adverso, marcado por uma taxa de juro significativamente contracionista que pesa sobre o setor. Com este resultado, a indústria reverte parcialmente o recuo de 0,4% m/m registrados no mês imediatamente anterior, de modo que, a sua média móvel trimestral segue operando próximo da estabilidade pelo quarto mês consecutivo, sugerindo um desempenho lateralizado, ainda que heterogêneo, nesta passagem do terceiro para o quarto trimestre de 2025. Na comparação interanual, houve recuo de 0,5% a/a, vindo pior do que o esperado pelo mercado (0,2% a/a, Broadcast+) e também ficando abaixo da nossa expectativa para o mês de alta de 0,1% a/a.

Na nossa avaliação, o desempenho de outubro segue corroborando a nossa expectativa de que o processo de arrefecimento da economia brasileira deve ocorrer de maneira gradual, ainda de que forma heterogênea entre os setores, com os segmentos mais dependentes do crédito apresentando uma desaceleração maior. O resultado no mês foi derivado da combinação entre o avanço de 3,6% m/m da indústria extrativa mineral, interrompendo uma sequência de dois recuos consecutivos observados nos meses imediatamente anteriores, que foi compensado pelo recuo de 0,6% m/m da indústria de transformação, após ter registrado estabilidade em setembro. Em médias móveis trimestrais, a indústria extrativa registrou alta de 0,6%, ante recuo de -0,1% no trimestre móvel anterior. Já a indústria de transformação registrou arrefecimento de 0,1% para 0,0% no mesmo período.

O desempenho ligeiramente positivo no mês foi derivado das altas em 3 das 4 grandes categorias e em 12 dos 25 ramos pesquisados. O principal destaque positivo ficou por conta da alta de 2,7% m/m na produção de bens duráveis, voltando para o campo positivo após recuar 1,3% m/m no mês imediatamente anterior, refletindo, em grande parte, o avanço de 8,1% m/m na produção de equipamentos de transporte não industrial. As demais altas ficaram por conta da produção de bens de capital (1,0% m/m) e de bens de consumo semiduráveis e não duráveis (1,0% m/m). Na ponta negativa, tivemos a produção de bens intermediários (-0,8% m/m), dando continuidade ao recuo de 0,4% m/m observado no mês imediatamente anterior, com destaque para as quedas na produção de combustíveis e lubrificantes elaborados (-10,9% m/m) e na produção de alimentos e bebidas básicos e elaborados destinados à indústria que recuaram 4,8% m/m e 3,3% m/m, respectivamente. Apesar do resultado positivo na margem, o predomínio de taxas negativas entre os ramos pesquisados. O resultado no mês marcado por taxas predominantemente negativas e uma alta próxima a estabilidade sugere que o ciclo de aperto monetário em curso, somado ao aumento das incertezas, continua pesando sobre o setor que é mais afetado pelo crédito e pela intenção de investimento por parte dos empresários.

Com estes resultados, a indústria se encontra 2,4% acima do nível pré-pandemia (fev/20) e 14,8% abaixo do nível mais elevado já registrado em sua série histórica (mai/11), com as indústrias de transformação e extrativa 0,4% e 15,1% acima do nível observado antes da pandemia, respectivamente. Dessa forma, a atividade industrial deixa um carrego estatístico de 0,1% para o crescimento no 4º trimestre e de 1,1% para o ano de 2025.

De maneira geral, os dados de outubro seguem corroborando as nossas expectativas de arrefecimento da atividade industrial ao longo dos próximos meses, refletindo um cenário macroeconômico que tende a se manter mais adverso. Apesar do mercado de trabalho resiliente e as medidas de estímulo à demanda seguirem exercendo um importante papel de impulso ao crescimento no ano, a política monetária contracionista e a elevação das incertezas devem pesar de maneira mais significativa sob a indústria, através do aumento do custo de financiamento e a queda na intenção de investir por parte dos empresários. Nesse cenário, seguimos projetando um desempenho heterogêneo entre os ramos industriais. Enquanto a indústria de transformação deve seguir pressionada pelo ambiente econômico adverso, a indústria extrativa tende a apresentar performance mais favorável, sustentada por seu caráter menos cíclico e por condições climáticas mais benignas.

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