Pelo quarto mês consecutivo houve crescimento no volume de vendas no setor varejista, situação que não ocorria desde 2020. Em abril, as vendas aumentaram em 0,9% m/m frente março, resultado melhor que a projeção mediana do mercado (0,3% m/m, Broadcast). Além disso, houve revisão positiva no mês anterior de 1,0% para 1,4% (com forte revisão dos combustíveis de 0,4% para 5,5%). Na comparação com o mesmo mês do ano anterior o volume de vendas apresentou variação positiva de 4,5% a/a.
O setor varejista vem apresentando recuperação nos primeiros meses do ano, com crescimento acumulado de 2,3% no período, com destaque para o avanço do setor de tecidos e artigos farmacêuticos. O setor já recuperou o nível pré pandemia, estando 4,0% acima, porém a recuperação não vem ocorrendo de forma homogênea entre os setores analisados. Por um lado, há atividades que se recuperaram de forma consistente como: artigos farmacêuticos (17,7%), material de construção (9,1%) e artigos de uso pessoal (7,3%), enquanto atividades como Equipamentos de escritório (-11,7%), Moveis & eletrodomésticos (-10,7%) e Tecidos & vestuários (-8,6%) não apresentaram desempenho suficiente para recuperar o nível pré surto.
Em abril, apesar da queda nos grupos de supermercados & hipermercados (-1,1%) e de combustíveis & lubrificantes (-0,1%), o varejo avançou compensado pelo avanço de categorias com peso relevante como: Tecidos & vestuário (1,7%) e Móveis & eletrodomésticos (2,3%). Além disso, houve avanço nos artigos farmacêuticos (0,4%) e artigos de uso pessoal (0,1%).
O volume de vendas no varejo ampliado (inclui as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção) avançou 0,7% m/m. Houve recuo na atividade de Veículos (-0,2% m/m) e em Material de Construção (-2,0% m/m).
No mês, os setores varejistas mais sensíveis ao crédito apresentaram desempenho positivo, enquanto os mais sensíveis à renda arrefeceram. Esse cenário contrasta com a recuperação da massa salarial e com as políticas de estímulo a demanda (liberação do FGTS e antecipação do 13º salário), indicando o forte efeito inflacionário sobre a renda das famílias. Nos próximos trimestres, avaliamos que setores mais sensíveis aos créditos devem desacelerar (a partir do 2º semestre), sentindo o impacto da política monetária contracionista sobre a atividade econômica, enquanto os setores mais sensíveis à renda podem apresentar desempenho mais positivo com o crescimento da massa salarial (tanto no que se refere a recuperação do emprego quanto arrefecimento da inflação).