Home > Macroeconomia Brasil > PMC (Fev/25): Varejo reage após 4º trimestre fraco, mas tendência de desaceleração permanece

Publicado em 09 de Abril às 16:27:30

PMC (Fev/25): Varejo reage após 4º trimestre fraco, mas tendência de desaceleração permanece

Em fevereiro, o volume de vendas no setor varejista restrito registrou expansão de 0,5% m/m, vindo pior do que o esperado pelo consenso de mercado (0,8% m/m, Broadcast+) e do que a nossa projeção (0,8% m/m). O número de fevereiro esboça um ensejo de recuperação do comércio após uma sequência de resultados mais fracos três meses anteriores, período no qual acumulou uma queda de 0,1%. Já na métrica em 12 meses, houve desaceleração da alta na passagem de janeiro para fevereiro, saindo de 3,1% a/a para 1,5% a/a, que acabou sendo mais intensa do que a prevista por nós (de 3,1% a/a para 1,9% a/a).

Em contrapartida, o varejo ampliado (que inclui Veículos, Motos, Partes e Peças; Material de Construção; e Atacado de Produtos Alimentícios) registrou contração de 0,4% m/m, vindo pior do que o consenso de mercado (0,0% m/m, Broadcast+) e do que a nossa projeção de alta de 0,2% m/m, voltando a recuar após a alta de 2,7% m/m registrada em janeiro. No acumulado em 12 meses, a alta de 2,2% a/a de janeiro deu lugar a uma de 2,4% a/a em fevereiro, acelerando menos do que estimávamos (2,9% a/a).

Dentre as 8 atividades, os principais destaques de alta ficaram por conta dos supermercados (1,1% m/m), móveis e eletrodomésticos (0,9% m/m), artigos farmacêuticos (0,3% m/m) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,1% m/m), enquanto os destaques de baixa ficaram circunscritos aos 4 restantes: livros e papelaria (-7,8% m/m), informática e comunicação (-4,2% m/m), vestuário (-0,1% m/m) e combustíveis e lubrificantes (-0,1% m/m).

Vale destacar que a PMC de fevereiro foi divulgada com base em novos modelos e fatores de ajuste sazonal atualizados. Com isso, houve revisão nos números dos meses anteriores, com o resultado de janeiro saindo de -0,1% m/m para 0,2% m/m. O grande destaque foi a revisão de produtos farmacêuticos (de 14,2% para 7,4% em 2024), que retroagiu até fevereiro do ano passado e que puxou todo o resultado do varejo para baixo no período, com o varejo restrito saindo de 4,7% para 4,1% e com o varejo ampliado saindo de 4,1% para 3,7%.

Em vista da divergência apresentada entre a PMC restrita e a ampliada, achamos que a segunda exibe melhor o atual momento em que se encontra a economia brasileira: de uma recuperação nesse primeiro trimestre do ano em relação ao último trimestre do ano passado, mas exibindo uma tendência mais ampla de desaceleração quando levamos em conta uma janela de tempo maior. A despeito disso, julgamos que esses dados estão alinhados ao nosso cenário de uma desaceleração suave da economia brasileira, que deve ter no componente de consumo das famílias um dos seus itens de menor arrefecimento por conta de todos os estímulos fiscais direcionados às pessoas físicas (proposta de isenção do IR até R$ 5 mil, empréstimo consignado para trabalhados celetistas e saque do saldo restante do FGTS para trabalhadores que optaram pela modalidade saque-aniversário). Apesar de serem medidas de caráter pró-cíclico por estarem sendo anunciadas em um momento no qual a economia brasileira ainda está bastante aquecida, esses impulsos pelo lado da demanda já podem ser enxergados como medidas anticíclicas no caso de uma eventual desaceleração mais pronunciada da economia por conta da imposição de tarifas de importação por parte dos Estados Unidos.

Com o resultado de fevereiro, o setor varejista voltou a registrar um novo recorde, se situando agora 0,3% acima do patamar mais elevado já registrado na sua série histórica (out/24) e 9,1% acima do nível observado antes da eclosão da pandemia de covid-19 (fev/20). Nesse segmento restrito, o carrego estatístico para o 1º trimestre é de 0,3%, ao passo que o do ano é de 1,3%. Já o varejo ampliado ainda está 1,3% aquém do patamar recorde de outubro de 2024, e 5,5% acima do período pré-pandemia, de modo que o carrego estatístico deixado é de 0,7% tanto para o 1º trimestre como para o ano de 2025.

Acesse o disclaimer.

Leitura Dinâmica

Recomendações

    Vale a pena conferir