Pelo quinto mês consecutivo houve crescimento no volume de vendas no setor varejista, porém com taxas decrescentes, sinalizando arrefecimento do setor. Em maio, as vendas aumentaram em 0,1% m/m frente abril, resultado pior que a projeção mediana do mercado (0,9% m/m, Broadcast). Na comparação com o mesmo mês do ano anterior o volume de vendas apresentou recuo de -0,2% a/a.
No mês, o resultado mais fraco que o projetado pelo mercado decorre da queda no grupo de Móveis & Eletrodomésticos (-3,0% m/m), com recuo de -6,2% em eletrodomésticos e de -4,0% em Móveis. Esse segmento após uma queda abrupta no início da pandemia, apresentou um forte crescimento, diante do aumento do consumo de bens (comércio eletrônico). Entretanto, com a aceleração inflacionária, ruptura das cadeias globais de produção e elevação dos juros, o cenário para o segmento se deteriorou, sendo o grupo varejista mais distante do nível pré pandemia (13,9% abaixo). Esse é um setor mais sensível ao crédito, em que perde ritmo num contexto de elevação das taxas de juros. Além disso, cabe destacar o desempenho negativo dos outros artigos de uso pessoal, que recuaram 2,2% m/m.
Entre os destaques positivos para maio, cabe destacar o desempenho dos Artigos farmacêuticos & Perfumaria (3,6%) e Tecidos (3,5%). No âmbito dos artigos farmacêuticos, o crescimento do volume decorreu mais na indústria farmacêutica e menos na perfumaria. Já o segmento de tecidos, o destaque vai para o setor de calçados e tênis esportivos. Além disso, houve avanço de 2,1% em Combustíveis & Lubrificantes e 1,0% em Hipermercados & Supermercados.
O volume de vendas no varejo ampliado (inclui as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção) avançou 0,2% m/m. Houve recuo na atividade de Veículos (-0,2% m/m) e em Material de Construção (-1,1% m/m).
No ano, o setor varejista apresenta crescimento de 1,8% (restrito) e de 1,0% (no ampliado), porém com desempenho heterogêneo entre as categorias. O desempenho vem sendo impulsionado pelo avanço da Tecidos e dos artigos farmacêuticos, enquanto vemos desempenho negativo dos Móveis & eletrodomésticos e Material de construção (na ótica ampliada). Com o resultado de maio, o setor varejista está 3,9% acima do nível pré pandemia.
As políticas de estímulo do governo com aumento da renda disponível das famílias devem atenuar desaceleração do setor varejista no 2º semestre. O aumento de renda das famílias com a combinação da redução do ICMS em itens essenciais e elevação das transferências de renda (PEC dos benefícios), deve ser convertido não só na quitação de dívidas com também direcionada ao consumo.
Entretanto, diante dos dados fracos do varejo e fortes dos serviços, a leitura pode ser oposta da ocorrida no início da pandemia (menor consumo de serviços e maior de bens). Agora, com a aceleração dos serviços e o varejo arrefecendo, com queda em componentes como móveis & eletrodomésticos (queda de 8,6% em 2022), a migração da demanda de bens para serviços parece estar ficando cada vez mais evidente.