Em abril, o setor de serviços cresceu 0,2% na comparação com março, pior que a expectativa mediana do mercado que aguardava um avanço de 0,4% (Broadcast). Na comparação interanual, houve crescimento de 9,4% a/a. Além disso, houve revisão negativa nos dois últimos meses, com avanço de 1,4% em março (inicialmente reportado 1,7%) e em fevereiro -0,1% (ante 0,4%).
O resultado de abril foi concentrado em duas das cinco atividades: serviços prestados às famílias (1,9%) e serviços de informação e comunicação (0,7%). Em relação ao primeiro, o setor vem sendo beneficiado pela reabertura econômica com a normalização dos serviços presenciais. Em especial nesse mês, os serviços de hotelaria e alimentação foram impulsionados pelo carnaval fora de época. Já os serviços de informação e comunicação continuam sendo puxados pelas atividades de tecnologia da informação, com significativa demanda desde o início da pandemia por serviços de desenvolvimento de software, aplicativos de videoconferência e marketing digital por parte das empresas.
Por outro lado, houve queda nos outros três grupos, com destaque negativo para o setor de transportes (-1,7%), pressionado pela gestão de portos e terminais; transportes aéreos de passageiros; atividades de correio; e atividades de operação de aeroportos. Além disso, houve queda nos outros serviços (-1,6%) e em serviços profissionais e administrativos (-0,6%). No primeiro, o maior impacto negativo decorreu dos serviços financeiros auxiliares, enquanto no segundo grupo o destaque negativo ficou com vigilância e segurança privada.
Em relação ao nível pré pandemia (fev/20), o setor de serviços já está 7,2% acima, porém com dinâmicas distintas entre as atividades. Os serviços prestados às famílias, que foram os mais impactados pelas medidas de isolamento, ainda não conseguiram se recuperar, estando 9,6% abaixo, ao lado dos Outros serviços (0,7% abaixo). Por outro lado, alguns setores foram impulsionados logo após o início da crise sanitária com a mudança dos padrões de consumo e novas demandas por parte das empresas. O setor de transporte, apesar da contração no mês, se encontra 16,3% acima (puxado pelo setor agropecuário e pelo comercio eletrônico); os serviços de informação e comunicação estão 11,4% acima e serviços profissionais estão 5,0% acima.
O resultado do mês veio mais fraco que a expectativa e com uma concentração em poucas atividades, com surpresa na contração dos serviços de transportes. Importante avaliamos como o carnaval fora de época impacta o resultado do mês e se a desaceleração do setor seguirá como tendência. Porém, por ora, avaliamos que a recuperação do setor continuará em curso, com a normalização das demais atividades do setor de serviços. Como mostram os dados para o mercado de trabalho (Caged e Pnad), o setor de serviços vem se descolando dos demais setores e sendo o grande driver da geração de empregos nos últimos meses.
