Em agosto, o setor de serviços avançou pelo quarto mês consecutivo, crescendo 0,7% m/m na comparação com julho, melhor que a expectativa mediana do mercado que aguardava um aumento de 0,2% (Broadcast), entretanto, em linha com a nossa projeção. Na comparação interanual, houve crescimento de 8,0% a/a.
Houve revisão positiva no crescimento do mês anterior de 1,1% m/m para 1,3% m/m e em junho que passou de 0,8% m/m para 0,9% m/m. Com o resultado do mês de agosto e a revisão na série, o setor de serviços se encontra 10,1% acima do nível pré pandemia, deixando carrego de 2,5% para o 3º trimestre e de 7,6% para o ano de 2022. Diante da forte recuperação dos serviços, o setor se encontra 0,9% abaixo do nível mais alto da série histórica (novembro/2014).
No mês de agosto, houve crescimento em três dos cinco grandes grupos, com destaque para os crescimentos dos setores Outros Serviços (6,7% m/m), que se recupera da queda observada no mês de julho (-5,0% m/m), sendo influenciado pelo avanço no subgrupo de Serviços Financeiros Auxiliares; e Serviço de Informação e Comunicação (0,6% m/m), que acumula ganho de 1,8% nos últimos dois meses e atingiu o ponto mais alto da série histórica. Vale destacar que este segmento vem se beneficiando desde o início da pandemia com a expansão do teletrabalho e da digitalização dos serviços. Por fim, destacamos o avanço de 1,0% m/m dos Serviços Prestados às Famílias, que acumula a sexta alta consecutiva. Entretanto, o setor segue 4,8% abaixo do nível pré-Covid, visto que foi o setor mais afetado pela crise sanitária chegando a ficar cerca de 67% abaixo do seu patamar recorde (maio de 2014) devido ao seu caráter presencial. Avaliamos que devido ao fim das restrições sanitárias e a melhora da conjuntura econômica corrente, este segmento deve continuar se beneficiando nos próximos meses retornando ao nível pré-pandemia.
Por outro lado, apenas o grupo de Transportes apresentou queda no mês (-0,2% m/m). Este resultado pode ser explicado pelos recuos observados tanto no Transporte de Passageiros (-0,5% m/m) quanto de Cargas (-0,3% m/m). Embora o primeiro tenha se contraído no mês, este era um ajuste esperado, haja vista à forte expansão observada em julho (4,1% m/m), devido à sazonalidade de férias escolares que foi impulsionada pelo fim das restrições sanitárias e melhora da conjuntura econômica. Apesar da leve contração no mês, que rompeu com a sequência de 3 altas consecutivas do grupo de Transportes, ressaltamos que o setor ainda se encontra 20% acima do nível pré-Covid e 0,2% abaixo do ponto mais elevado da série histórica, que foi justamente no mês anterior.
Os serviços apresentaram um resultado forte no mês de agosto, vindo significativamente melhor que o consenso de mercado, sinalizando a resiliência do setor mesmo diante de um cenário econômico marcado por uma política monetária bastante restritiva. Nossa avaliação sugere que a melhora do mercado de trabalho, observada tanto em termos de expansão da população ocupada quanto dos aumentos dos salários reais e da massa de rendimento; a aprovação de medidas de impulso à demanda (FGTS e Auxílio Brasil, por exemplo); e a forte queda da inflação, que vem sendo beneficiada pelos cortes tributários, devem continuar beneficiando o setor em um contexto de normalização do perfil de consumo do brasileiro que tendo a beneficiar o consumo de serviços. Nesse sentido, mantemos nosso viés positivo para o setor ao longo do ano, que deve ser o principal driver de crescimento da economia brasileira pelo lado da oferta. Com este resultado, mantemos a nossa projeção de crescimento do PIB brasileiro em 3,0% para o ano de 2022.