Em agosto, o setor de serviços registrou alta de 0,1% m/m, vindo ligeiramente melhor do que o esperado pelo mercado (0,0% m/m, Broadcast+) e do que a nossa projeção para o mês de ligeira contração de -0,2% m/m. Com este resultado, o setor de serviço dá continuidade à sequência de seis altas consecutivas registradas nos meses imediatamente anteriores, renovando o nível mais elevado já observado em sua série histórica, corroborando a nossa expectativa de que o processo de arrefecimento da economia brasileira será gradual. Na comparação interanual, os serviços registraram alta de 2,5% a/a, também vindo melhor do que o esperado tanto pelo mercado (2,3% a/a, Broadcast+) quanto por nós (2,0% a/a).
O desempenho no mês foi marcado pela alta de quatro das cinco grandes categorias pesquisadas. O principal destaque positivo ficou por conta da alta observada nos serviços prestados às famílias (1,0% m/m), dando continuidade à alta de 0,3% m/m observada em julho e refletiu a combinação entre a alta de 1,7% m/m nos serviços de alojamento e alimentação que foram parcialmente compensados pelo recuo de 3,1% m/m nos outros serviços prestados às famílias. Além disso, destacamos também o avanço, pelo quarto mês consecutivo, dos serviços profissionais, administrativos e complementares (0,4% m/m), derivado das altas de 0,3% m/m dos serviços técnico-profissionais e de 0,7% m/m dos serviços administrativos e complementares. As demais altas ficaram por conta dos serviços de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (0,2% m/m) e outros serviços (0,6% m/m). Na ponta negativa, o único recuo ficou por conta dos serviços de informação e comunicação (-0,5% m/m), revertendo a expansão de mesma magnitude registrada no mês imediatamente anterior, refletindo principalmente o forte recuo (-5,5% m/m) de serviços audiovisuais, de edição e agência de notícias.
Com os resultados mais recentes, a média móvel trimestral do volume de serviços manteve alta de 0,3%, repetindo o desempenho observado nos meses anteriores e reforçando a percepção de que o setor segue operando em terreno positivo, ainda que com crescimento mais moderado. O dado corrobora nossa avaliação de que, mesmo diante de um ambiente macroeconômico desafiador — com inflação elevada, política monetária restritiva e elevado grau de incerteza —, o setor de serviços permanece resiliente e deve sustentar um processo gradual de arrefecimento da economia brasileira. Os impactos negativos desse cenário seguem sendo compensados por uma política fiscal expansionista e por um mercado de trabalho ainda aquecido, enquanto os principais segmentos do setor seguem oscilando próximos à estabilidade, afastando, por ora, a hipótese de que a política monetária esteja provocando um recuo mais expressivo da atividade.
Com o resultado de agosto e as revisões nos meses anteriores, o setor de serviços se encontra 18,7% acima do nível pré-pandemia e opera no nível mais elevado já registrado em sua série histórica. Além disso, cabe destacar que, com o resultado de agosto, o setor de serviços acumula alta de 2,2% no ano e deixa um carrego estatístico de 0,7% para o terceiro trimestre e de 2,6% para o ano cheio de 2025.
Em nossa avaliação, o resultado de agosto reforça a visão de que o processo de desaceleração da economia brasileira deve se dar de forma gradual ao longo dos próximos meses. Mesmo diante de um ambiente macroeconômico adverso, a atividade segue sustentada por um mercado de trabalho aquecido e pelas recentes medidas de estímulo à demanda. Nesse contexto, o dado de hoje está em linha com a nossa projeção de crescimento do PIB no terceiro trimestre, de 0,3% na comparação com o trimestre anterior.





