Em fevereiro, o setor de serviços registrou alta de 0,8% m/m, vindo significativamente melhor do que o esperado pelo mercado ao superar o teto das estimativas de 0,4% m/m (Broadcast+). Com este resultado, o setor de serviços reverte a queda observada em janeiro (-0,6% m/m) e sugere que o processo de arrefecimento da economia ocorre de maneira gradual ao longo do primeiro trimestre de 2025. Na comparação interanual, os serviços registraram alta de 4,2% a/a frente ao mesmo período do ano anterior, superando também o consenso de mercado que tinha como projeção uma alta de 3,3% a/a (Broadcast+).
O desempenho no mês foi marcado pela expansão de 4 das 5 grandes categorias pesquisadas, ante recuo de 3 das 5 atividades no mês imediatamente anterior na métrica mensal, corroborando o cenário de melhor da atividade no setor ao longo de fevereiro, que deve ter se beneficiado de uma maior disponibilidade de dias úteis ao longo mês dado que o recesso do Carnaval ficou integralmente concentrado no mês de março. O principal destaque ficou por conta do desempenho da atividade de informação e comunicação (1,8% m/m), dando sequência as três altas consecutivas observadas nos meses imediatamente anteriores, período no qual acumula alta de 4,0%. As demais altas ficaram por conta dos serviços profissionais, administrativos e complementares (1,1% m/m), outros serviços (2,2% m/m) e serviços prestados às famílias (0,5% m/m). Na ponta negativa, tivemos o recuo dos serviços de transportes (-0,1% m/m), cuja queda foi derivada do desempenho negativo dos serviços de armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio (-2,7% m/m).
Com o resultado de fevereiro e as revisões mistas nos meses anteriores, o setor de serviços se encontra 16,2% acima do nível pré-pandemia (fev/20), refletindo os significativos avanços no setor de informação e comunicação (31,5%), com destaque para a alta de 95,7% dos serviços de tecnologia da informação e serviços profissionais e administrativos (19,0%); e transportes (17,0%). Além disso, o setor se encontra 1,0% abaixo do ponto mais alto já registrado em sua série histórica (out/24) e deixa um carrego estatístico de -0,4% e de 1,1% para o ano de 2025.
Na nossa avaliação, o resultado de fevereiro corrobora o nosso cenário de gradual desaceleração da economia brasileira ao longo do ano, refletindo a deterioração do cenário macroeconômico (deterioração das condições de crédito, elevada inflação de alimentos e aumento das incertezas externas) que devem fazer com que o consumo apresente uma moderação nos próximos trimestres. Entretanto, cabe destacar que o setor de serviços segue muito próximo do ponto mais elevado já registrado em sua série histórica, sinalizando uma resiliência do setor mesmo diante da piora do cenário, que deve continuar sendo impulsionado no curto prazo por conta das políticas de impulso à demanda anunciadas pelo governo (reajuste do salário-mínimo em termos reais, liberação do saldo bloqueado no FGTS e consignado privado), do mercado de trabalho ainda bastante aquecido e dos efeitos de transbordamento da supersafra de grãos sobre os demais setores da economia, que devem beneficiar a atividade no setor de serviços nos próximos meses. Dessa forma, avaliamos que o dado de hoje segue corroborando a nossa projeção para crescimento do PIB no primeiro trimestre de 1,5% t/t e de 2,0% para o ano cheio.






