Em janeiro, o setor de serviços recuou 0,1% na comparação com dezembro, pior que a expectativa mediana do mercado que aguardava um avanço de 0,2% (Broadcast). Na comparação interanual, houve crescimento de 9,5% a/a (resultado influenciado pela base de comparação baixa).
Apesar do crescimento abaixo da expectativa, tivemos revisão significativa do crescimento do setor de serviços no último trimestre elevando a base de comparação. O crescimento de novembro passou de 2,7% m/m para 2,9% m/m; e em dezembro de 1,4% para 1,7%, elevando o resultado do setor de serviços no 4º trimestre de 2021 de 0,4% para 0,7%. Essa elevação na base de comparação influencia a perda de fôlego do setor de serviços em janeiro.
Houve avanço em duas das cinco atividades, com destaque para a expansão dos transportes e armazenagem (1,4% m/m), principalmente o transporte terrestre (2,1% m/m) e armazenagem (3,4% m/m). Esse setor foi extremamente beneficiado com o aumento do comércio eletrônico na pandemia e pela mudança do padrão de consumo ocorrido. Além disso, tivemos avanço nos serviços profissionais e administrativos em 0,6% m/m. Por outro lado, tivemos retração nos serviços prestados às famílias (-1,4% m/m), informação e comunicação (-4,7% m/m) e outros serviços (-1,1% m/m).
O principal impacto negativo no mês advém do setor de informação e comunicação. Esse segmento vinha apresentando boa recuperação desde 2018, sendo momentaneamente interrompida pela pandemia, que logo em seguida proporcionou forte impulso para o setor, encontrando-se, atualmente, 7,3% acima do nível pré pandemia. Analisando a composição do grupo, podemos identificar que esse segmento vem sendo puxado pelos serviços de tecnologia da informação, enquanto a atividade de telecomunicações se encontra no menor patamar da série histórica e 5,6% abaixo do nível pré pandemia.
Os serviços prestados às famílias recuaram 1,4% m/m em janeiro, a primeira queda nos últimos dez meses. O último recuo ocorreu em março de 2021, com o recrudescimento da pandemia. Dessa vez, houve impacto mais modesto da variante Ômicron da economia, com a manutenção de estabelecimentos abertos. Foram relatados durante o mês, o afastamento de funcionários de suas atividades pela contaminação por Covid-19, porém o resultado veio melhor que o esperado. Nos transportes aéreos, por exemplo, houve avanço de 0,7% m/m, mesmo com a proliferação da nova variante, provocando cancelamento de voos por falta de tripulação. Com o resultado, os serviços prestados as famílias estão 13,2% abaixo do nível pré pandemia, ainda possuindo um espaço considerável para recuperar.
Com o resultado de janeiro e as revisões na série, o setor de serviços está 7% acima do nível pré pandemia e apresenta forte carrego estatístico para o 1º trimestre de 2022, em 2%. Apesar da política monetária contracionista, em 2022, projetamos crescimento de 0,6%, porém com forte viés de elevação em um cenário de normalização de segmentos do setor de serviços, elevação dos preços das commodities e estímulo fiscal por meio dos entes subnacionais (elevado caixa) e por parte do governo federal com redução de impostos e liberação de pacotes de estímulo como o FGTS. A injeção de R$30 bilhões na economia via saque do FGTS pode elevar o PIB em 0,3 p.p.