Em maio, o setor de serviços registrou alta de 0,1% m/m, vindo pior do que o esperado pelo mercado (0,2% m/m, Broadcast+). Com este resultado, o setor de serviços deu continuidade a sequência de 3 altas consecutivas registradas nos meses imediatamente anteriores, retornando para o nível mais elevado já registrado em sua série histórica e corrobora a percepção de resiliência do setor mesmo diante de um cenário macroeconômico adverso. Na comparação interanual, a alta no mês foi de 3,6% a/a, que diferentemente da comparação mensal, surpreendeu positivamente o mercado, cuja expectativa para o mês era de alta de 3,3% a/a (Broadcast+).
O desempenho no mês foi marcado pela alta de 3 das 5 grandes categorias pesquisadas, refletindo principalmente as expansões observadas nos Serviços profissionais, administrativos e complementares (0,9% m/m), com destaque para o subgrupo de Serviços técnico-profissionais, cuja alta de 2,2% m/m mais do que compensou o recuo observado em abril (-1,2% m/m); e Outros serviços (1,5% m/m), que recuperou parcialmente a queda acumulada de 2,1% registrada nos dois meses imediatamente anteriores. No campo negativo, o principal recuo ficou por conta do desempenho da categoria de Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-0,3% m/m), com destaque para a alta do transporte aéreo (4,5% m/m), beneficiando-se da queda no preço das passagens aéreas no período que acabou impulsionando a atividade. Por fim, destacamos o desempenho negativo dos Serviços prestados às famílias (-0,6% m/m), derivado da combinação entre o recuo de 1,1% m/m dos Serviços de alojamento e alimentação, que devolve parte da alta de 2,2% m/m registrada no mês de março, e da alta de 2,4% m/m de Outros serviços prestados às famílias. Dessa forma, avaliamos que o desempenho desagregado dos segmentos que compõem o setor de serviços corrobora a nossa perspectiva de gradual desaceleração da economia ao longo dos próximos trimestres, ao registrar uma performance mais moderada entre as suas categorias pesquisadas, sobretudo nos serviços prestados às famílias, sugerindo um arrefecimento do consumo doméstico. Entretanto, os números reforçam a percepção de resiliência, visto que mesmo diante de um cenário adverso o setor retorna para o nível mais elevado já registrado em sua série histórica e seus segmentos ainda se encontram em patamares historicamente elevados.
Com o resultado de maio e as revisões mistas nos meses anteriores, o setor de serviços se encontra 17,5% acima do nível pré-pandemia e opera no nível mais elevado já registrado em sua série histórica. Além disso, cabe destacar que, com o resultado de maio, o setor de serviços acumula alta de 1,1% no ano e deixa um carrego estatístico de 0,9% para o segundo trimestre e de 1,9% para o ano cheio de 2025.
Em nossa avaliação, os números de maio seguem apontando para o diagnóstico de que a economia brasileira passará por um processo de desaceleração bastante gradual ao longo dos próximos meses, mesmo diante de uma política monetária significativamente contracionista. A resiliência do setor é evidenciada pelo fato de que ele continua operando em níveis historicamente elevados, sustentado por um mercado de trabalho aquecido, medidas de estímulo à demanda aprovadas recentemente, valorização real do salário-mínimo e os efeitos positivos da supersafra de grãos, que beneficiam a atividade. Esses fatores contrabalançam, ao menos em parte, o aperto nas condições de crédito, a inflação ainda elevada e o aumento das incertezas econômicas e devem contribuir para que o setor siga resiliente nos próximos trimestres. Dessa forma, entendemos que o resultado de hoje segue corroborando a nossa expectativa de que a economia brasileira apresente um ritmo de expansão de 0,5% t/t no segundo trimestre do ano e de 2,4% para o ano cheio.
