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Publicado em 31 de Maio às 12:44:17

PNAD (abr/23): Taxa de participação apresenta sétima queda consecutiva

De acordo com o IBGE, no trimestre encerrado em abril de 2023, a taxa de desemprego ficou em 8,5% da força de trabalho, abaixo da mediana do mercado de 8,7% (Broadcast+). Esta foi a menor taxa para um trimestre encerrado em abril desde 2015 (8,1%). Esse resultado representa estabilidade (-0,1 p.p.) em relação ao trimestre móvel anterior, encerrado em janeiro, e -2,0 p.p. ante o mesmo período do ano anterior. Assim, após a forte trajetória de recuperação do mercado de trabalho ao longo do último ano, o mercado de trabalho vem apresentando uma trajetória de desaceleração mais lenta do que o esperado, entretanto, avaliamos que este processo deve ser intensificado nos próximos meses, diante da expectativa de desaceleração da atividade econômica, sobretudo no segundo semestre.

A população ocupada (98,0 milhões) registrou mais uma redução de 0,6% t/t frente ao trimestre anterior e alta de 1,6% a/a, enquanto a população desocupada (9,1 milhões) manteve-se estável em relação ao trimestre anterior (9,0 milhões) e recuou 19,9% a/a. Desse modo, a taxa de ocupação (percentual das pessoas ocupadas na população em idade para trabalhar), estimada em 56,2%, caiu 0,5 p.p. no trimestre e avançou 0,4 p.p. ante igual trimestre do ano anterior, quinta leitura consecutiva de queda após a máxima histórica (57,4%). Por fim, a população fora da força de trabalho (67,2 milhões) cresceu 1,3% t/t ante o trimestre anterior e 3,5% a/a.

Já em relação às ocupações, o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos) foi de 36,8 milhões de pessoas, estável em relação ao trimestre anterior e crescendo 4,4% a/a. O número de empregados sem carteira assinada no setor privado (12,7 milhões) caiu 2,9% t/t e ficou estável em relação ao ano anterior. Ademais, vale destacar que o número de trabalhadores por conta própria (25,2 milhões) ficou estável em ambas as comparações.

No trimestre móvel encerrado em abril de 2023, a força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas) foi estimada em 107,1 milhões de pessoas, redução de 0,5% t/t (menos 504 mil) frente ao trimestre terminado em janeiro de 2023 e queda de 0,7% (menos 734 mil) frente ao mesmo período do ano passado. Vale ressaltar que este é o sexto mês consecutivo de queda dessa métrica. Avaliamos que essa tendência contribuiu para a queda da taxa de desemprego no final ano passado, sinalizando que o bom desempenho do mercado de trabalho não derivou de um robusto processo de criação de empregos, mas sim do movimento de saída de pessoas da força de trabalho.

Na comparação com o trimestre móvel anterior, não houve aumento no contingente de ocupados de nenhum dos grupamentos de atividade.  Houve reduções em Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-2,4% t/t), Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (-1,4% t/t), Serviços Domésticos (-3,3% t/t). Na comparação anual nove dos dez grupamentos apresentaram expansão: Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (6,0% a/a), Indústria (5,1% a/a), Construção (6,4% a/a), Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (6,6% a/a), Alojamento e alimentação (11,6% a/a), Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (5,8% a/a), Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (6,8% a/a), Outros serviços (8,3% a/a) e Serviços domésticos (6,1% a/a). Assim, a única categoria que apresentou estabilidade foi Transporte, Armazenagem e Correio.

Por fim, o rendimento médio real habitual (R$ 2.891) apresentou estabilidade em todos os grupamentos de atividade em relação ao trimestre móvel anterior. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, ocorreu aumento em nove dos dez grupamentos, com destaque para Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (6,0%, ou mais R$ 104), Indústria (5,1%, ou mais R$ 134), Construção (6,4%, ou mais R$ 138), Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (6,6%, ou mais R$ 146), Alojamento e alimentação (11,6%, ou mais R$ 202), Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (5,8%, ou mais R$ 227), Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (6,8%, ou mais R$ 259), Outros serviços (8,3%, ou mais R$ 171) e Serviços domésticos (6,1%, ou mais R$ 64). Por fim, a única categoria que se manteve estável foi Transporte, Armazenagem e Correio.

Em suma, o mercado de trabalho tem se mostrado resiliente. No trimestre encerrado em abril de 2023, houve a quarta contração consecutiva do contingente de população ocupada na comparação trimestral, enquanto houve a terceira expansão de desocupados. Assim, na mesma direção, a taxa de participação apresentou sua sétima queda, o que mostra a perda de força do mercado de trabalho e, em nossa visão, reflete os efeitos da expansão das políticas de transferência de renda. Apesar da desaceleração que deve se intensificar nos próximos meses, o rendimento médio real deve permanecer pressionado devido ao aumento do salário-mínimo real. Esse movimento contrário pode representar uma pressão inflacionária extra vinda dos salários, intensificando o efeito inercial do nível de preços. Por fim, a revisão dos cadastros irregulares no programa Auxílio Brasil/Bolsa Família impõe um risco altista para o desemprego no ano. Nesse contexto, para 2023, esperamos uma taxa final de desemprego em 8,8% e de 9,1% na média do ano.

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