De acordo com o IBGE, a taxa de desemprego registrada no trimestre móvel encerrado em abril de 2025 foi de 6,6% da força de trabalho, vindo abaixo do piso das estimativas de mercado (6,7%, Broadcast+) e também melhor do que a nossa projeção para o mês (6,8%). Com este resultado, a taxa de desemprego ficou praticamente estável em relação ao número registrado no trimestre móvel encerrado em janeiro, porém, na comparação interanual, registra uma queda de 1,0 p.p. para o menor nível já registrado na série histórica para um mês de abril, reforçando a percepção de resiliência do mercado de trabalho apesar da política monetária contracionista.
Avaliamos que os números de abril da PNAD Contínua reforçam a nossa perspectiva de que o mercado de trabalho deve permanecer aquecido ao longo do ano, apesar da política monetária mais contracionista, contribuindo para que o processo de arrefecimento da economia ocorra de maneira bem mais gradual do que a antecipada. Esse fato torna-se evidente quando analisamos os dados com ajuste sazonal, que indicam que a taxa de desemprego recuou de 6,5% para 6,3%, para o menor nível já registrado na série histórica, interrompendo uma sequência de 4 trimestres móveis de estabilidade, sugerindo um reaquecimento do mercado de trabalho no mês de abril. Além disso, tivemos expansão de 0,4% m/m na população ocupada e um recuo de 1,9% m/m na população desocupada, que ficaram em linha com as leituras mais recentes de indicadores antecedentes que corroboram a queda na taxa de desemprego dessazonalizada.
Dessa forma, avaliamos que os dados de março seguem corroborando a nossa expectativa de que o mercado de trabalho brasileiro permanecerá resiliente ao longo do ano, operando abaixo do nível neutro, beneficiando por um lado a atividade econômica e, por outro, constituindo um importante fator de risco inflacionário para o ano. Diante da surpresa com o número de abril e da nossa revisão para o crescimento da economia ao longo do ano, alteramos a nossa projeção para a taxa de desemprego média do ano de 2025 que saiu de 7,0% para 6,8% da força de trabalho, refletindo a expectativa de que a taxa de desemprego encerre o ano em 6,4% da força de trabalho. Para o próximo trimestre móvel, nossos modelos sugerem que a taxa de desemprego ficará estável em 6,6% da força de trabalho, de modo que, na série com ajuste sazonal a taxa de desemprego deve sofrer ligeira elevação para 6,4% da força de trabalho.
Na série sem ajuste sazonal, a população ocupada ficou estável em relação ao trimestre móvel encerrado em janeiro, porém registrou elevação de 2,4% (mais 2,4 milhões de pessoas) em relação ao mesmo período do ano passado, de modo que, atingiu o patamar de 103,3 mi de trabalhadores. No que diz respeito à população desocupada, também houve estabilidade em comparação ao trimestre móvel encerrado em janeiro, porém no confronto com igual trimestre do ano anterior, houve queda de 11,5% (menos 941 mil pessoas), de modo que, o número de desocupados ficou em 7,3 mi de pessoas.
A força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas) foi estimada em 110,5 milhões de pessoas, registrando um aumento de 357 mil pessoas em relação ao trimestre móvel encerrado em jan/25. Na série com ajuste sazonal, a força de trabalho seguiu registrando expansão na margem ao avançar 0,3% em relação ao trimestre móvel encerrado em mar/25 para o patamar mais elevado já registrado na série histórica (110,8 mi de pessoas). Já a população fora da força de trabalho (66,8 mi de pessoas) não teve variação significativa tanto na comparação trimestral quanto anual.
Por fim, o rendimento médio real habitual (R$ 3.426,0) avançou 0,4% em relação ao trimestre encerrado em janeiro e registrou expansão de 3,2% a/a em relação ao mesmo período do ano anterior, desacelerando em relação aos 4,0% a/a registrado no trimestre imediatamente anterior. Por sua vez, a massa de rendimento real habitual avançou 0,8% no trimestre e 5,9% a/a em relação ao mesmo período do ano anterior, alcançando o patamar mais elevado já registrado em sua série histórica.










