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Publicado em 29 de Setembro às 11:58:12

PNAD (ago/23): Taxa de desemprego fica em 7,8%, em linha com as expectativas

De acordo com o IBGE, no trimestre encerrado em agosto de 2023, a taxa de desemprego ficou em 7,8% da força de trabalho, vindo em linha com a mediana do mercado de 7,8% (Broadcast+). Esta foi a menor taxa desde o trimestre móvel terminado em fevereiro de 2015. O resultado representa um recuo (-0,5 p.p.) em relação ao trimestre móvel anterior, encerrado em maio, e -1,1 p.p. ante o mesmo período do ano anterior. Assim, é notória a resiliência do mercado de trabalho, beneficiado pela manutenção da atividade econômica, ainda que em um cenário marcado por uma taxa de juros significativamente restritiva. Entretanto, avaliamos que o mercado de trabalho deve entrar em trajetória de arrefecimento nos próximos meses, diante da perspectiva de desaceleração da economia frente ao impacto da política monetária contracionista sobre a economia.

A população ocupada avançou 1,3% t/t frente ao trimestre móvel imediatamente anterior (mais 1,3 milhão de pessoas) e alta de 0,6% no ano, alcançando o patamar de 99,7 milhões de pessoas. Por sua vez, a população desocupada recuou 5,9% t/t frente ao trimestre móvel encerrado em maio, com redução de 528 mil desocupados no período e recuo de 13,2% no ano. Vale destacar que, para o trimestre móvel encerrado em agosto, o recuo da taxa de desemprego foi acompanhado pelo aumento da taxa de participação, sinalizando um diagnóstico mais positivo para o mercado de trabalho no mês, assim como observado em julho. Esse resultado diverge das leituras dos meses anteriores em que os dados mostram que a sustentação da taxa de desemprego em um patamar mais baixo refletiu um movimento de saída de pessoas da força de trabalho.

Já em relação às ocupações, o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado foi de 37,248 milhões de pessoas, com alta de 1,1% no trimestre anterior e crescendo 3,5% a/a (mais 1,3 milhão de pessoas) na comparação anual. Por sua vez, o número de empregados sem carteira assinada no setor privado (13,2 milhões) cresceu 2,1% em relação ao trimestre anterior e se manteve estável no ano. Ademais, vale destacar que o número de trabalhadores por conta própria (25,4 milhões) ficou estável frente ao trimestre anterior e teve de 2% no ano (menos 509 mil pessoas).

No trimestre móvel encerrado em agosto de 2023, a força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas) foi estimada em 108,1 milhões de pessoas, crescendo 0,7% em relação ao trimestre de março a maio de 2022 e reduzindo 0,6% no ano. Esse movimento contribuiu para a trajetória de queda da taxa de desemprego iniciado ao final de 2022, sugerindo que parte do bom desempenho do mercado de trabalho não derivou de um robusto processo de criação de empregos, mas sim da elevação do salário de reserva com a expansão de políticas de transferência de renda, sobretudo do Bolsa Família.

Na comparação com o trimestre móvel anterior, houve um incremento de 1,3 milhão na população ocupada atingindo o patamar de 99,7 milhões de pessoas. Nesse sentido, houve avanço nos grupamentos: Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (2,3%, ou mais 275 mil pessoas), Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (2,4%, ou mais 422 mil pessoas) e Serviços domésticos (2,9%, ou mais 164 mil pessoas). De maneira geral, além do bom desempenho desses três grupos, o resultado positivo também está relacionado com o fato de nenhum grupo ter registrado perda estatística de trabalhadores. Em relação ao trimestre encerrado em julho 2022, houve alta em: Transporte, armazenagem e correio (4,4%, ou mais 230 mil pessoas), Alojamento e alimentação (4,0%, ou mais 213 mil pessoas), Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (5,1%, ou mais 596 mil pessoas) e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (4,0%, ou mais 699 mil pessoas). Por outro lado, houve redução em: Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-5,1%, ou menos 446 mil pessoas) e Construção (-3,5%, ou menos 265 mil pessoas). 

Por fim, o rendimento real habitual (R$ 2.947) apresentou estabilidade em relação ao trimestre móvel anterior. Na comparação anual, ocorreram aumentos em: Indústria (3,8%, ou mais R$ 105), Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (4,7%, ou mais R$ 109), Alojamento e alimentação (14,2%, ou mais R$ 247), Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (4,5%, ou mais R$ 176) e Serviços domésticos (5,3%, ou mais R$ 58). Os demais grupamentos não apresentaram variação significativa. Por sua vez, a massa de rendimento real habitual avançou 2,4% frente ao trimestre anterior, atingindo o patamar mais elevado da série histórica (R$ 288,9 bilhões) e aumento de 5,5% na comparação interanual.

Em suma, o mercado de trabalho segue mostrando resiliência mesmo em um ambiente adverso marcado por uma política monetária restritiva, com destaque para a continuidade do processo de queda da taxa de desemprego acompanhado por uma elevação na taxa de ocupação. Entretanto, devido ao efeito ainda mais defasado da política monetária sobre o mercado de trabalho, enxergamos que o segundo semestre do ano deve ser marcado por um arrefecimento dos indicadores do mercado de trabalho, em linha com o nosso cenário de perda de dinamismo da atividade econômica. Este movimento deve ser limitado pela baixa taxa de participação, que na nossa avaliação reflete em boa parte o aumento do salário de reserva da economia com a expansão do Bolsa Família. Dessa forma, projetamos que a taxa de desemprego média fique em 8,3% para o ano de 2023.

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