De acordo com o IBGE, a taxa de desemprego registrada no trimestre móvel encerrado em junho de 2025 foi de 5,8% da força de trabalho, vindo no piso das estimativas de mercado (5,8%, Broadcast+) e melhor do que a nossa projeção para o mês de 6,0%. Com este resultado, a taxa de desemprego registrou um recuo de 0,4 p.p. em relação à leitura imediatamente anterior, acumulando uma queda de 0,8 p.p. em relação ao trimestre móvel encerrado em janeiro e de 1,1 p.p. em relação ao mesmo período do ano anterior. Com este resultado, a taxa de desemprego renova o nível mais baixo já registrado em sua série histórica, rompendo a marca de 6,0% pela primeira vez, corroborando a nossa perspectiva de que o mercado de trabalho seguirá resiliente em 2025 mesmo diante de uma política monetária significativamente contracionista.
Vale ressaltar que os números de junho já contemplam a reponderação da PNAD contínua a partir dos números demográficos do Censo de 2022. Entretanto, ressaltamos que as mudanças feitas, sobretudo na revisão baixista para os números da população total e PIA, não influenciaram de maneira significativa tanto a taxa de participação quanto de desemprego, de modo que, o diagnóstico de um mercado de trabalho significativamente robusto não é alterado. Avaliamos que a surpresa com os números de junho da PNAD reforça nossa perspectiva de que o mercado de trabalho seguirá aquecido ao longo do ano, apesar da política monetária significativamente contracionista e dos sinais incipientes de arrefecimento observados nos dados de atividade setoriais. Esse fato é corroborado também pela análise de dados com ajuste sazonam que indicam que a taxa de desemprego dessazonalizada saiu de 6,1% para 5,8% na passagem de maio para junho, o menor nível já registrado em sua série histórica. Além disso, a população ocupada registrou alta de 0,16% m/m e a população desocupada um recuo de 3,7% m/m, ficando em linha com o nosso diagnóstico de robustez do mercado de trabalho.
Dessa forma, avaliamos que os dados de junho seguem corroborando a nossa expectativa de que o mercado de trabalho brasileiro permanecerá resiliente ao longo do ano, operando abaixo do nível neutro, beneficiando por um lado a atividade econômica e, por outro, constituindo um importante fator de risco inflacionário para o ano. Diante da surpresa com o número de junho, alteramos a nossa projeção para a taxa de desemprego média do ano de 6,8% para 6,7% da força de trabalho, refletindo a expectativa de que a taxa de desemprego encerre o ano de 6,0% da força de trabalho. Para o próximo trimestre móvel, preliminarmente, nossos modelos sugerem que a taxa de desemprego recuará para 5,6% da força de trabalho, de modo que, na série com ajuste sazonal, a taxa de desemprego deve sofrer ligeiro recuo (-0,1 p.p.) para 5,7% da força de trabalho.
Na série sem ajuste sazonal, a população ocupada registrou expansão de 1,8% em relação ao trimestre móvel encerrado em março (mais 1,8 milhão de trabalhadores) e de 2,4% no ano (mais 2,4 mi de pessoas), de modo que, atingiu o patamar de 102,3 mi de trabalhadores, o patamar mais elevado já registrado em sua série histórica. No que diz respeito à população desocupada, houve recuo de 17,4% no trimestre (menos 1,3 mi de pessoas) e recuo de 15,4% no ano (menos 1,1 mi de pessoas), de modo que, o contingente de desocupados recuou para 6,3 mi de pessoas, sendo este o menor nível desde o trimestre móvel de dez/13 (6,1 mi).
A força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas) foi estimada em 108,6 milhões de pessoas, registrando um aumento de 492 mil pessoas em relação ao trimestre móvel encerrado em mar/25., alcançando o nível mais elevado da sua série histórica. Entretanto, na série com ajuste sazonal, a força de trabalho registrou contração de 0,1% m/m, interrompendo uma sequência de 4 altas consecutivas, próximo do patamar mais elevado já registrado na série histórica (mai/25). Já a população fora da força de trabalho (65,5 mi de pessoas) não teve variação significativa tanto na comparação trimestral quanto anual.
Por fim, o rendimento médio real habitual (R$ 3.477,0) avançou 1,1% em relação ao trimestre encerrado em março e registrou expansão de 3,3% a/a em relação ao mesmo período do ano anterior, acelerando em relação aos 3,0% registrados no trimestre móvel imediatamente anterior (mai/25). Por sua vez, a massa de rendimento real habitual avançou 2,9% no trimestre e 5,9% a/a em relação ao mesmo período do ano anterior, acelerando em relação ao ritmo observado no mês imediatamente anterior (5,7% a/a), corroborando a percepção de resiliência do mercado de trabalho.










