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Publicado em 30 de Junho às 14:28:53

PNAD (mai/23): Desemprego de 8,3% supera estimativas do mercado de 8,2%

De acordo com o IBGE, no trimestre encerrado em maio de 2023, a taxa de desemprego ficou em 8,3% da força de trabalho, vindo pior que a mediana de mercado de 8,2% (Broadcast+). Esta foi a menor taxa para um trimestre encerrado em maio desde 2015 (8,3%). O resultado representa um recuo (-0,3 p.p.) em relação ao trimestre móvel anterior, encerrado em fevereiro, e -1,5 p.p. ante o mesmo período do ano anterior. Assim, é notório que o mercado de trabalho vem apresentando um desempenho mais forte do que o antecipado pelo mercado no início do ano, sendo beneficiado pela resiliência da atividade econômica neste início de ano, ainda que em um cenário marcado por uma taxa de juros significativamente restritiva. Entretanto, avaliamos que o processo de arrefecimento do mercado de trabalho deve ser intensificado nos próximos meses, diante da perspectiva de desaceleração da atividade econômica devido ao impacto do efeito total da política monetária sobre a economia.

A população ocupada avançou 0,3% t/t frente ao trimestre móvel imediatamente anterior e alta de 0,9% a/a quando comparado ao mesmo trimestre do ano anterior, alcançando o patamar de 98,4 milhões de pessoas. Por sua vez, a população desocupada recuou 3,0% t/t frente ao trimestre móvel encerrado em fevereiro, com redução de 279 mil desocupados no período. Na comparação interanual, a queda na taxa de desemprego se mostra mais significativa com queda de 15,9% a/a da população desocupada. Embora o mercado de trabalho ainda apresente uma expressiva recuperação em relação aos números de 2022, vale ressaltar que esse processo vem perdendo dinamismo desde o trimestre móvel encerrado em out/22, em linha com o processo de desaceleração da economia brasileira, exceto o setor agro. Dessa forma, para o trimestre móvel encerrado em maio, diferentemente dos trimestres móveis anteriores, o recuo da taxa de desemprego foi devido ao aumento da população ocupada ao passo em que a taxa de participação parou de cair, sinalizando um diagnóstico mais positivo para o mercado de trabalho no mês.

Já em relação às ocupações, o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado foi de 36,8 milhões de pessoas, ficando estável em relação ao trimestre anterior e crescendo 3,5% a/a (mais 1,83 milhão de pessoas) na comparação interanual. Por sua vez, o número de empregados sem carteira assinada no setor privado (12,9 milhões) ficou estável tanto em relação ao trimestre anterior quanto ao ano anterior. Ademais, vale destacar que o número de trabalhadores por conta própria (36,8 milhões) ficou estável no trimestre e aumentou 3,5% no ano.

No trimestre móvel encerrado em maio de 2023, a força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas) foi estimada em 107,3 milhões de pessoas, ficando estável em relação ao trimestre móvel anterior e redução de 0,46% em relação ao mesmo período em 2022. Esse movimento contribuiu para a trajetória de queda da taxa de desemprego iniciado ao final de 2022, sugerindo que parte do bom desempenho do mercado de trabalho não derivou de um robusto processo de criação de empregos, mas sim da elevação do salário de reserva com a expansão de políticas de transferência de renda, sobretudo do Bolsa Família.

Na comparação com o trimestre móvel anterior, houve um incremento de 278 mil na população ocupada atingindo o patamar de 98,4 milhões de pessoas. Nesse sentido, o avanço no período foi liderado pelo setor de serviços e a indústria, com destaque para a Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais que avançou 2,5% t/t (mais 429 mil pessoas); e Serviços prestados às empresas que expandiu 1,4% t/t (mais 164 mil pessoas). Na ponta negativa, temos o desempenho da Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura apresentou queda de 1,9% (menos 158 mil pessoas). Na comparação interanual, os destaques foram os grupos de Transporte, armazenagem e correio (4,2%, ou mais 216 mil pessoas); Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (3,8%, ou mais 440 mil pessoas); e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (4,5%, ou mais 764 mil pessoas). Na ponta negativa, tivemos reduções nos grupamentos de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-6,2%, ou menos 542 mil pessoas); e Construção (-3,7%, ou menos 274 mil pessoas).

Por fim, o rendimento real habitual (R$ 2.901) apresentou estabilidade em relação ao trimestre anterior e crescimento de 6,6% no ano. Na comparação anual, ocorreram aumentos em Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (6,8% a/a); Indústria (5,5% a/a); Construção (8,6% a/a); Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (6,6% a/a); Alojamento e alimentação (10,7% a/a); Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (6,3% a/a);  Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (4,8% a/a); e Serviços domésticos (6,1% a/a). Por sua vez, a massa de rendimento real habitual (R$ 280,9 bilhões) também ficou estável frente ao trimestre anterior, entretanto, avançou 7,9% a/a na comparação com o mesmo trimestre de 2022.

Em suma, o mercado de trabalho segue mostrando resiliência mesmo em um ambiente adverso marcado por uma política monetária restritiva, com destaque para a volta da queda da taxa de desemprego sendo acompanhada pela alta na ocupação. Entretanto, enxergamos que o segundo semestre deve ser marcado por um arrefecimento mais significativo do mercado de trabalho, em linha com o nosso cenário de perda de dinamismo da economia que deve ser marcado pela manutenção da trajetória de queda do consumo das famílias. Este movimento deve ser limitado pela baixa taxa de participação, que na nossa avaliação reflete em boa parte o aumento do salário de reserva da economia com a expansão do Bolsa Família. Nossa projeção preliminar é que a taxa de desemprego do trimestre móvel encerrado em junho fique em 8,2% da força de trabalho e esperamos uma taxa de desemprego média de 8,5% para o ano de 2023.

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