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Publicado em 29 de Dezembro às 13:20:58

PNAD (nov/23):Taxa de desemprego fica em 7,5%, em linha com as expectativas

De acordo com o IBGE, no trimestre encerrado em novembro de 2023, a taxa de desemprego ficou em 7,5% da força de trabalho, vindo em linha com a mediana do mercado (Broadcast+). Esta foi a menor taxa desde o trimestre móvel terminado em fevereiro de 2015 (7,5%). O resultado representa um recuo -0,2 p.p. em relação ao trimestre móvel anterior, encerrado em agosto, e -0,5 p.p. ante o mesmo período do ano anterior.

A população ocupada avançou 0,9% t/t frente ao trimestre móvel imediatamente anterior (mais 853,0 mil pessoas) e apresentou alta de 0,8% no ano, atingindo 100,5 milhões, o maior contingente registrado desde o início da série histórica em 2012. Por sua vez, a população desocupada apresentou estabilidade no trimestre e recuou 6,2% no ano, com redução de 539 mil desocupados, o menor contingente desde o trimestre encerrado em abril de 2015 (8,15 milhões).

No trimestre móvel encerrado em novembro de 2023, a força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas) foi estimada em 108,7 milhões de pessoas, crescendo 0,6% em relação ao trimestre de junho a agosto de 2023 e ficando estável no ano. Por sua vez, a população fora da força de trabalho apresentou estabilidade ante o trimestre encerrado em agosto, entretanto, apresentou alta de 1,9% ante o mesmo trimestre do ano anterior, que, na nossa avaliação, reflete a elevação do salário de reserva da economia decorrente da expansão de políticas de transferência de renda, tendo como efeito a redução da oferta de mão de obra.

Os números divulgados no relatório da PNAD contínua referente ao trimestre móvel encerrado em novembro, apontam para um mercado de trabalho resiliente, visto que o recuo da taxa de desemprego foi acompanhado pelo aumento da taxa de participação no trimestre, decorrente do aumento da população ocupada no período. Este é um diagnóstico mais positivo para o mercado de trabalho que sinaliza uma reversão da tendência observada nos primeiros trimestres do ano, quando foi observada uma queda artificial da taxa de desemprego que refletia o fluxo de saída das pessoas da força de trabalho, em linha com a expansão das políticas de transferência de renda.

Já em relação às ocupações, o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado foi de 37,7 milhões de pessoas, com alta de 1,4% no trimestre anterior (mais 515,0 mil trabalhadores) e crescendo 2,5% a/a (mais 935,0 mil pessoas) na comparação anual. Este foi o maior contingente desde o trimestre encerrado em junho de 2014. Por sua vez, o número de empregados sem carteira assinada no setor privado (13,4 milhões) ficou estável no trimestre e no ano. A combinação destes resultados aponta para redução da informalidade no setor privado, que contribui para elevação do rendimento médio e da massa de rendimento real, visto que trabalhadores formais, têm, em média, rendimentos maiores. Ademais, vale destacar que o número de trabalhadores por conta própria (25,6 milhões) também apresentou estabilidade tanto no trimestre quanto no ano.   

Na comparação com o trimestre móvel anterior, houve um incremento de 853,0 mil pessoas na população ocupada atingindo pela primeira vez o patamar de 100,5 milhões de pessoas. Nesse sentido, houve avanço nos grupamentos de Industria geral (2,9%, ou mais 207 mil pessoas) e de Construção (2,8%, ou mais 199 mil pessoas). Os demais grupamentos não apresentaram variação significativa. Frente ao mesmo período do ano anterior, houve alta em:  Transporte, armazenagem e correio (4,3%, ou mais 228 mil pessoas), Alojamento e alimentação (4,0%, ou mais 207 mil pessoas), Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (4,0%, ou mais 486 mil pessoas) e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (2,3%, ou mais 403 mil pessoas). Por outro lado, houve redução no grupamento de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-4,3%, ou menos 365 mil pessoas).

Por fim, o rendimento real habitual (R$ 3.034,0) apresentou alta de 2,3% em relação ao trimestre anterior e de 3,8% no ano. Por sua vez, a massa de rendimento real habitual avançou 3,2% frente ao trimestre anterior, atingindo o patamar mais elevado da série histórica (R$ 300,2 bilhões), refletindo os efeitos da expansão da população ocupada e o aumento da massa de rendimento real, em um contexto de maior formalização do mercado de trabalho, e aumento de 4,8% na comparação interanual.

Em suma, o mercado de trabalho segue mostrando resiliência mesmo em um ambiente adverso marcado por uma política monetária restritiva, com destaque para a continuidade do processo de queda da taxa de desemprego acompanhado por uma elevação na taxa de ocupação e redução da população desalentada para o menor nível desde o trimestre encerrado em set/16. Entretanto, devido aos sinais que já podem ser capturados nos indicadores setoriais mensais, que apontam para a perda de dinamismo da atividade econômica, e a maior defasagem da política monetária sobre o mercado de trabalho, acreditamos que os próximos trimestres devem ser marcados por um arrefecimento do mercado de trabalho. Este movimento deve ser limitado pela queda da taxa de participação, que deve continuar aquém dos níveis observados antes do início do pagamento do Programa Bolsa Família. Diante disso, nossa projeção de taxa de desemprego média para o ano de 2023 é de 8,1% e de 7,4% para o trimestre móvel encerrado em dezembro.

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