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Publicado em 30 de Novembro às 11:57:47

PNAD (Out/23): Taxa de desemprego fica em 7,6%, em linha com as expectativas

De acordo com o IBGE, no trimestre encerrado em outubro de 2023, a taxa de desemprego ficou em 7,6% da força de trabalho, vindo em linha com a mediana do mercado de 7,6% (Broadcast+). Esta foi a menor taxa desde o trimestre móvel terminado em fevereiro de 2015 (7,5%). O resultado representa um recuo -0,3 p.p. em relação ao trimestre móvel anterior, encerrado em julho, e -0,7 p.p. ante o mesmo período do ano anterior.

A população ocupada avançou 0,9% t/t frente ao trimestre móvel imediatamente anterior (mais 862,0 mil pessoas) e apresentou alta de 0,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, ultrapassando o patamar de 100 milhões de pessoas, o maior contingente registrado desde o início da série histórica em 2012. Por sua vez, a população desocupada recuou 3,1% t/t frente ao trimestre móvel encerrado em julho, com redução de 261,0 mil desocupados no período e recuo de 8,5% no ano, sendo este o menor contingente de desempregados desde o trimestre móvel encerrado em maio de 2015 (8,3 milhões).

No trimestre móvel encerrado em outubro de 2023, a força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas) foi estimada em 108,5 milhões de pessoas, crescendo 0,6% em relação ao trimestre de maio a julho de 2023 e ficando estável no ano. Por sua vez, a população fora da força de trabalho apresentou ligeira queda (-0,3% t/t) em relação ao trimestre móvel encerrado em julho, entretanto, apresentou alta de 2,7% a/a ante o mesmo trimestre do ano anterior, que, na nossa avaliação, reflete a elevação do salário de reserva da economia decorrente da expansão de políticas de transferência de renda, tendo como efeito a redução da oferta de mão de obra.

Os números divulgados no relatório da PNAD contínua referente ao trimestre móvel encerrado em outubro, apontam para um mercado de trabalho resiliente, visto que o recuo da taxa de desemprego foi acompanhado pelo aumento da taxa de participação no trimestre, decorrente do aumento da população ocupada no período. Este é um diagnóstico mais positivo para o mercado de trabalho, que nas últimas divulgações sinaliza uma reversão da tendência observada nos primeiros trimestres do ano, em que foi observada uma queda artificial da taxa de desemprego, refletindo o fluxo de saída das pessoas da força de trabalho, em linha com a expansão das políticas de transferência de renda.

Já em relação às ocupações, o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado foi de 37,6 milhões de pessoas, com alta de 1,7% no trimestre anterior (mais 620,0 mil trabalhadores) e crescendo 2,7% a/a (mais 992 mil pessoas) na comparação anual. Este foi o maior contingente desde o trimestre encerrado em junho de 2014. Por sua vez, o número de empregados sem carteira assinada no setor privado (13,3 milhões) ficou estável tanto no trimestre quanto no ano. A combinação destes resultados aponta para redução da informalidade no setor privado, que contribui para elevação do rendimento médio e da massa de rendimento real, visto que trabalhadores formais, têm, em média, rendimentos maiores. Ademais, vale destacar que o número de trabalhadores por conta própria (25,6 milhões) cresceu 1,3% frente ao trimestre anterior e ficou estável na comparação anual.  

Na comparação com o trimestre móvel anterior, houve um incremento de 862,0 mil pessoas na população ocupada ultrapassando pela primeira vez o patamar de 100,0 milhões de pessoas. Nesse sentido, houve avanço no grupamento de Transporte, armazenagem e correio (3,2%, ou mais 172 mil pessoas). Os demais grupamentos não apresentaram variação significativa. Frente ao mesmo período do ano anterior, houve alta em: Transporte, armazenagem e correio (5,4%, ou mais 283 mil pessoas), Alojamento e alimentação (7,0%, ou mais 365 mil pessoas), Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (4,2%, ou mais 508 mil pessoas) e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (2,5%, ou mais 439 mil pessoas). Por outro lado, houve redução no grupamento de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (4,0%, ou menos 351 mil pessoas). 

Por fim, o rendimento real habitual (R$ 2.999,0) apresentou alta de 1,7% em relação ao trimestre anterior e de 3,9% no ano. Por sua vez, a massa de rendimento real habitual avançou 2,6% frente ao trimestre anterior, atingindo o patamar mais elevado da série histórica (R$ 295,7 bilhões), refletindo os efeitos da expansão da população ocupada e o aumento da massa de rendimento real, em um contexto de maior formalização do mercado de trabalho, e aumento de 4,7% na comparação interanual.

Em suma, o mercado de trabalho segue mostrando resiliência mesmo em um ambiente adverso marcado por uma política monetária restritiva, com destaque para a continuidade do processo de queda da taxa de desemprego acompanhado por uma elevação na taxa de ocupação e redução da população desalentada para o menor nível desde o trimestre encerrado em set/16. Entretanto, devido aos sinais que já podem ser capturados nos indicadores setoriais mensais, que apontam para a perda de dinamismo da atividade econômica, e a maior defasagem da política monetária sobre o mercado de trabalho, acreditamos que os próximos trimestres devem ser marcados por um arrefecimento do mercado de trabalho, que já pode ser observada nos números dessazonalizados que apontam para uma alta de 7,8% para 7,9% na taxa de desemprego. Este movimento deve ser limitado pela queda da taxa de participação, que deve continuar aquém dos níveis observados antes do início do pagamento do Programa Bolsa Família. Diante disso, revisamos nossa projeção de taxa de desemprego média para o ano de 2023, saindo de uma projeção inicial de 8,2% para 8,1%.

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